Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Mensagem de Natal do AEA: a ESPERANÇA, para além da paisagem...

Para além da paisagem , fazem-se coisas bonitas,
Para além da paisagem, fazem-se coisas de muita qualidade.
Para além da paisagem , há um mundo de pessoas de coração bom e empenhadas em fazer a diferença e um mundo melhor.
 Agrupamento de Escolas de Alcanena, obrigada por esta mensagem,: ESPERANÇA!


domingo, 13 de dezembro de 2015

Registe este número: 1460


Podia ser outro número qualquer mas não. Hoje vamos centrar-nos neste número:1460. Porquê?
Na sequência deste post, sobre slow parenting ou parentalidade serena, e sobre as páginas que também lá referi sobre o assunto, deparei-me com um artigo cujo título era 1460.
Não é a lotaria, nem o número de vezes que a Miley Cirus já escandalizou o mundo com atitudes diferentes, vamos dizer assim.
1460 são o número de dias que vão desde o nascimento de um bébé até que faz 4 anos. Segundo estudos especializados ( não aqueles que saem nas revistas de sala de espera do consultório) é durante este período que se molda, para a vida, toda a personalidade, toda a forma de ser daquelas criaturas pequenas que gerámos com tanto amor. É, por isso, de extrema importância. A individualidade, os pontos fortes e fracos, a forma como comem e dormem, as capacidades linguistas, as relações, a relação com o corpo, a vontade de aprender, a auto estima. Tudo se define nestes 1460 dias... pouco tempo, considerando que, numa esperança de vida média de 75 anos, ainda ficarão por viver 25.915. Mas tudo o que é realmente importante, desenvolve-se ali.

A nossa influência durante este período da infância, como pais, é, por isso, decisiva. Pelo exemplo que damos, ou não, pelo tempo (de qualidade) que dispendemos com eles, ou não. Pela forma como tomamos ou não consciência desse poder enorme que está nas nossas mãos, que nos foi dado por Deus como uma benção e que devemos nutrir com todo o cuidado e atenção... em todos os momentos, em cada inspiração...sempre.

Também não é preciso assustar... porque todos fazemos o nosso melhor. Mas 4 anos passam a correr. 4 anos são um abrir e fechar de olhos e, depois, já passou.

Há um tempo de consciência. De reflexão. E de acreditar que, como pais, como seres humanos, somos capazes.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Slow parenting: já ouviu falar?



Já tenho falado desta coisa terrível que se chama rotina. Especialmente a que nos faz caminhar desenfreadamente de um lado para o outro sem tempo para respirar ou para analisar sequer se faz sentido.
Recentemente, e como já várias vezes me aconteceu ao longo da vida, a vida vem e dá um estalo daqueles que nos atira ao chão e nos faz relativizar tudo.
E, como também já se percebeu, a razão maior da minha vida e onde me sinto perfeitamente realizada é a de ser mãe com todas as angústias do estarei a fazer bem, serei demasiado galinha ou estou a dar demasiada liberdade pelo meio.
Reconheço ainda que este último filho, aos 36 anos, me rejuvenesceu na forma de os olhar e de os aproveitar. Porque os amo incondicionalmente, claro está. E porque percebi que são aqueles momentos pequenos, de olhares cúmplices e de riso puro do coração que nos dão real felicidade. E que passam a correr.
Nesse sentido, tenho reflectido bastante  sobre a melhor forma de nos fazermos felizes nesta família que críamos.
Foi quando me cruzei com textos  sobre slow parenting.
O conceito já vem a ser desenvolvido há uns anos e parece ter cada vez mais adeptos. Na minha opinião, porque cada vez há mais pessoas que param e pensam: "Para quê esta correria?"

E o slow parenting (vamos lá tentar uma tradução livre: parentalidade serena...?), incentiva a que paremos. Simplesmente paremos e observemos os nossos filhos. Sem criar expectativas e ouvindo realmente o que dizem... porque eles até são muito bons nisso!
"Ah, mas o meu filho tem 21 meses e não mete nada à boca! Ah, mas o meu já tirou as fraldas há muito tempo... Ah, mas o meu é top na escola e ainda faz natação, e andebol e toca 5 instrumentos!..."

E esquecemos que cada um tem o seu ritmo... e esquecemos que cada um é único e descobre o seu caminho... quando tem de descobrir. Rótulos e mais rótulos de bom, mau, péssimo. Isto cria medo e até pânico de não corresponder às expectativas. Medo de falhar...constante.
Criou-se também a noção de que os miúdos não podem estar sem nada para fazer. E então temos que lhe dar televisão (demais), um dvd (visto pela enésima vez), um tablet com jogos ( alguns até não adequados à idade), uma actividade extra curricular (uma??!!! dez, no mínimo). Tudo para os manter ocupados...
Digam lá, como filhos dos anos 80, não construíram carrinhos de rolamentos, ou um walky talky com duas latas nas pontas e um fio entre elas e não pregaram partidas aos pais com fio de coco espalhado pelo corredor, a ver quem dava o tralho maior... - é melhor ficar por aqui, se não ainda dizem que estou a apelar à violência. Mas todas estas brincadeiras vieram do não fazer nada, ou do não ter nada para fazer... e, sabem que mais? Fomos  criativos...e tão felizes!!
Hoje parece que, se não tivermos actividades planeadas para todas as horas do dia, somos negligentes, não prestamos a atenção devida aos pirralhos e há até um sentimento de culpa associado.
O movimento de slow parenting encoraja as famílias a fazerem as coisas não devagar mas ao ritmo certo. E que os momentos sejam realmente apreciados, mesmo se for um momento de silêncio ou de partilha. Vamos parar, observar, realmente ouvir.
A infância não é uma corrida. O mundo escolar já está tão repleto de avaliações e escalas e regras e modelos e expectativas...
Já sabemos que as famílias sem apoio familiar próximo vêem-se na contigência de recorrer à ocupação do tempo dos filhos em actividades em non-stop porque os seus horários de trabalho são incompatíveis com este tempo de folga que deixou pura e simplesmente de existir para os miúdos.
Também há quem mude radicalmente modos de vida para não perder estes tempos de que vamos ter tantas saudades.
São muitos os sites que nos apontam caminhos para quem quiser reflectir um pouco sobre isto. Num deles (http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2014/10/conheca-o-slow-parenting-que-defende-criacao-dos-filhos-com-menos-pressao-4625912.html), aparecem resumidos os seguintes mandamentos do slow parenting:
Ouvidos atentos: escutar é fundamental para uma relação de confiança.
Miniexecutivo: as crianças não precisam de cumprir diversas actividades e sentir o peso de agendas sobrecarregadas.
Menos, menos: deixe tempo para a criança brincar. A falta deste espaço, somado à alta carga de cobrança, gera ansiedade e sintomas físicos.
Tédio faz bem: são nestes momentos que a mente se expande a livres pensamentos, desenvolvendo a criatividade e diminuindo a ansiedade.
Ócio familiar: a família toda precisa entrar no clima slow. Deixar a agenda livre faz bem a todos. As crianças até cinco anos devem aprender de forma livre, sem agendas estruturadas.
Novos amigos: é importante deixar a criança se relacionar com outras crianças. O círculo social dos filhos precisa ser maior do que apenas o círculo familiar.

Por isso, pessoal, toca a abrandar! Não queiram ser super pais com  super miúdos! Há muito que se lhe diga em relação a esse super. De uma qualidade, passa a ser um carrasco que só nos traz infelicidade.
Palavra de mãe acelerada (mas trabalhando para abrandar)!

Outros sites que podem visitar:
https://slowparentingmovement.wordpress.com
https://www.bostonglobe.com/lifestyle/2015/05/10/the-benefits-slow-parenting/2LImOAIyqElORCStgOADSI/story.html
http://parenting.blogs.nytimes.com/2009/04/08/what-is-slow-parenting/?_r=0



domingo, 29 de novembro de 2015

A Árvore do Amor: Christmas Is ON!


Pronto, já fizemos a árvore de Natal.
Aqui em casa, a dimensão do Natal transformou-se com a chegada dos filhos.
O mais pequeno ontem gritava: " O Natal chegou! O Natal chegou!"
Dos chocolates que não vão durar uma semana pendurados, aos presentes (Pai Natal, portei-me bem!!!!!),  o brilho nos olhos, as brincadeiras, a dança em torno da árvore ao som do pinheirinho, o colocar da estrela, sempre com o pai a levantar um deles lá no alto... vale mais do que tudo. A inocência, a alegria... a magia.
Por isso, voltamos a acreditar no Natal, a celebrar o que nos faz felizes como família, como uma construção diária de afetos e beijos (muitos) e abraços ( apertados) envolto numa magia diferente do resto do ano. 
Este ano, mais uma vez quebrámos a tradição por falta do feriado a 1 de Dezembro (talvez para o ano, Costa?...)...e falta o mais importante, o presépio, que fica apenas adiado por uns dias, por falta de musgo. Lá chegaremos!
Mas este ano, sob nome de código "Projecto Parede", do qual apenas eu e a mais velha tínhamos conhecimento ( a decisão era: need to know basis), fizemos outra árvore a que chamámos a árvore do amor.
A ideia apareceu numa imagem do Pinterest e depressa decidimos que iríamos pegar em imagens já arrumadas numa pasta lá no computador, que provavelmente já não iríamos apreciar e fazer uma colagem de momentos, sem overthinking, mas que nos trouxessem aquele sorriso que vem do coração como uma memória feliz.
Esta é uma árvore construída do carinho e representa o que nos fez sorrir nos últimos tempos.
Pronto, já fizemos as nossas árvores de Natal.
Christmas is ON!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Porra, será isto a crise dos 40?!


E se de repente soubesses que a tua vida termina dentro de um ano? Ou dois? Ou cinco, vá?
Mudavas alguma coisa? Paravas para pensar no que andas a fazer, se o que fazes te deixa feliz?
Não, não estou doente.
Simplesmente parei para pensar e analisar.
Porque, por estupidez pura, deixamos arrastar os dias, sem que façamos a diferença. Sem que o dia conte. Sem que algo de novo seja feito ou experimentado. E quem diz algo novo diz algo de rotineiro que seja verdadeiramente apreciado.
É certo que não conseguimos ser produtivos neste tipo de acções verdadeiramente significativas todos os dias. Os níveis de motivação alteram com o tempo, o frio, o calor, o comentário jocoso de um colega, a TPM, o raspanete do patrão, a não resposta do marido...ou o resultado do futebol.
Estamos demasiado receptivos a energias negativas que nos chegam de todo o lado e deixamo-nos influenciar por elas, muito mais do que pelas positivas.
Então, e se soubesses que a tua vida tem um fim próximo, demasiado próximo para poderes desperdiçar os dias com discussões inúteis, com sentimentos rancorosos ou com actividades despidas de qualquer proveito para a humanidade... mas para a humanidade que és tu, em primeiro lugar. TU!
Sei:
...tens que ganhar a vida a passar códigos de barra na fila de caixa, 
...tens de mandar calar os alunos cada vez mais malcriados nas aulas desde as 8 e meia da manhã até te deixarem vir para casa, 
...tens de te levantar cedo, cedo demais quando todos os outros estão a dormir, para pegar um volante. 
Tens de pôr o pão na mesa. 
E isso agarra-nos a profissões que não gostamos mas que nos encontraram ao virar da esquina e que, por um ou outro motivo, nos foram entrando na pele. E por mais que penses que podes esfregar esse dia-a-.dia ranhoso, que te corrói aos bocadinhos, ele agarrasse a ti para um sempre. Recalca-te o coração, aperta-o, mas fazes de conta que não sentes.
Um sempre, que não sabemos se é um dia ou uma eternidade. Um ano, dois, cinco?...
E coragem? Onde é que ela morreu nos anos loucos de irreverência, em que podias abraçar o mundo de tanto entusiasmo? Onde nada te detinha e os sonhos te faziam sorrir nos olhos, no coração, na alma?
Como te deixaste pisar pela segurança de um dia igual ao de ontem e ao de amanhã, sem conseguires levantar-te para fazeres a diferença. A diferença para ti, o respeito por ti, por aquilo que disseste a ti próprio que serias e que não conseguiste ser...

Porra, será isto a crise dos 40?!

Estou tramada... se calhar vou ter mesmo de me levantar da cadeira... e fazer qualquer coisa.
MESMO.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Os cartões de crédito e as letras pequeninas



Já receberam em casa o vosso cartão Universo? Pois eu já... e não pedi nenhum. E já repararam na conta que vem associada? É a vossa? Pois a minha não.
Mas deixem-me começar um pouco atrás.
Recentemente, um cartão de crédito cá de casa foi pirateado. Não somos por hábito utilizadores muito frequentes desse tipo de pagamento mas faço algumas compras on line com os ditos cartões. Há um dia em que recebo o extracto e verifico um saldo a negativo do cartão de cerca de  1500 euros. Impossível, sabia que não tinha gasto nada dentro destes valores naquele mês. Abri o netbanco e verifico 3 movimentos, no mesmo dia, entre os 300 e os 499 euros. Os locais remetiam para França e Luxemburgo. Dirigi-me de imediato à agência, com o cartão e expliquei a situação, que não tinha estado naqueles países e que não tinha feito aquelas despesas.A denúncia foi feita também na GNR.
Ainda pensei que, por ter visitado França em Maio, o tivessem clonado na altura e agora o estivessem a utilizar. As compras foram de produtos fotográficos e de imagem e o banco pergunta se tenho a certeza de que não adquiri nenhum daqueles produtos porque as compras tinham sido feitas on line. Voltei a dizer que não.
Passados uns dias, sou novamente chamada à agência onde me dizem que afinal não foi o meu cartão que foi pirateado mas sim o do meu marido. Mais espanto, mais medo. Esse cartão nunca foi usado e estava esquecido numa gaveta lá em casa. Nem sei se alguma vez chegou a ser activado. E por estes motivos não  me passou pela cabeça que pudesse ser esse, e demorou uma semana para que o banco nos desse conhecimento do real cartão pirateado.
Portanto, a fraude foi feita num cartão sem qualquer utilização desde a sua emissão. Pergunto-me onde foram buscar dados para que tal fosse possível?
Entretanto, o banco reconheceu a fraude e repôs os valores.(Vamos lá começar a usar o PayPal ou MBNet, parece que é mais seguro)
Agora voltando ao cartão que me chegou sexta feira passada no correio. Com certeza não li algumas letras pequeninas quando fiz o meu cartão Worten, e que permitiu a esta entidade gestora destes cartões emitir um com o meu nome sem eu ter sequer pedido. E vendo a conta bancária associada, reconheço que não é minha. Da linha de apoio, remetem para uma comunicação sobre a política da empresa, supostamente aceite por mim, que lhes permite esta emissão mas que só ficará activa se eu activar o cartão. Pelos vistos também me criaram uma conta bancária!! E agora se eu não activar nada disto, que eu não pedi, e daqui por uns meses me piratearem este cartão? 
Voltamos ao mesmo: se há fraudes nos cartões que não são utilizados, nem activados, como nos protegemos? Guardamos o dinheirito debaixo do colchão e vivemos à margem destes consumismos e apelo a gastos maiores do que a perna?


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O meu orgulho


Propósito de vida,
Benção sem medida,
Orgulho,
Gratidão, sempre.
12 anos de pura felicidade.
Obrigada por fazeres parte da minha vida,
Amo-te, Íris. 
Parabéns!


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A Fúria


"Não absorve tanto, não, se não você incha e depois rebenta"- Maria Lúcia Lepecki, 1991


Vem como que uma enchente, rápida, que torna um rastilho numa explosão enorme de pensamentos, que surgem do soco que levas no estômago. E debitas toda essa dor ininterruptamente, como se não conseguisses parar de vomitar. Como se a barragem criada para conter as águas rachasse de repente e inundasse a vila mais próxima. Dizes o que queres e o que guardaste tanto tempo, dizes o não queres mas que lá, no fundo, sempre quisestes dizer, como se um copo a mais de vinho te toldasse o discernimento.
O soco, ou é inesperado, ou estava em maturação, para ser dado no momento em que as defesas estão em baixo. Porque os dias não têm sido fáceis, ou porque até pensastes que podias baixar a guarda. Santa ignorância. Santa ingenuidade.
E tudo aquilo rebenta, espalhando salpicos em tudo o que está à volta. E toda a gente apanha por tabela.
Fúria: grande exaltação, ímpeto de coragem - Ok, menos mal, menos culpa, especialmente se sentes a razão.
Dias calmos no coração virão... acredito.


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A Guerra dos Tronos: desliguem lá a ficha!



Já por várias vezes em posts anteriores sobre viagens referi que este não era um blog de viagens. Pois bem, nem é tão pouco um blog sobre política, embora os últimos desabafos tenho rondado sempre este tema.
Mas estas coisas mexem-me com os nervos...
Meus senhores, isto não é um jogo da play-station, que podem colocar em pause e ir comer uma sandocha, para depois regressar à frente do ecrã, comandando as personagens por caminhos estratégicos. Nem tão pouco virá a mãezinha desligar a ficha da corrente, porque já são horas a mais e isto de querer agarrar o trono já é um vício a combater.
Parem lá com as birras de não-me-deste-o-papel ou eu-quero-à-força-toda-governar... Isto vai-nos sair muito caro!!
Se queriam com este cenário todo recuperar, de alguma forma, a credibilidade política e mostrarem-se como salvadores da pátria, falharam redondamente. Todos, sem excepção.
Respeitem as urnas (todos nós que lá fomos!) e deixem-se de extremismos, de planos secretos e de ecos do Orgulhosamente sós!
Não estamos sós e não somos sós.
Respeitem o esforço que fizemos e continuamos a fazer e entendam-se... porque a mãezinha lá de Bruxelas já pediu aos meninos o papel (uma coisa que nos rege, chamada orçamento e que um governo de gestão até Junho vai destruir em pedacinhos de burocracia)
Desliguem lá a ficha e ponham-se mas é a trabalhar!

Créditos imagem: https://aprendercrescerconcretizar.wordpress.com/2010/11/05

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Por favor, Prof. Marcelo: não!

Este mundo paralelo em que vivemos, e onde uns quantos de nós se dignaram a ir depositar o voto, não deixa de me surpreender. Porque de tão paralelo, até parece que o que fomos fazer importa alguma coisa, já que, quais marionetas, estaremos ainda sujeitos a imposições externas de quem nos empresta o dinheiro e a quem nos retirou, nestes anos, autonomia e nos criou um défice de soberania nacional, como já referi aqui.
De tão surreal a situação, que logo após resultados mais claros em noite de eleições, nova sondagem sobre presidenciais agita a noite. Para vir o próprio candidato-ainda-não-candidato-mas-que-toda-a-gente-sabe-que-o-é-mas-que-ainda-não-assume-porque-ainda-comenta-semanalmente-no-canal-de-televisão-toda-esta-embrulhada-política comentar a sua vantagem brutal na corrida a Belém. E diz a notícia de última hora, nas redes sociais, que Marcelo é candidato. Mas ele não disse, porque disse que ali não era o lugar.
Por favor, Professor: não!
Porque fruto do que passámos estes últimos anos, a utilidade de um Presidente ficou completamente esquecida. Porque de tão pouco, não se notou a falta e só se notaram os gastos desnecessários. Porque, Professor, detestava vê-lo desperdiçado nesse lugar, quando nos é muito mais útil, ainda que tendencioso muitas vezes ( embora lhe reconheça a coragem e o sapo enorme que engoliu, reconhecendo a derrota de Passos no debate do ano), no esclarecimento do emaranhado político que envolve este país.
Muito mais útil, Professor, muito mais útil!



segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O voto em branco e os indecisos



Em tempos recuados (sim, já sou cota o suficiente para utilizar esta expressão!), sempre que era noite de eleições, e perante os resultados anunciados, conversávamos. Presencialmente, nos anos em que me acolheu, quando estudava na Universidade em Lisboa, ou pelo telefone, quando já lá não estava. Gostávamos de comentar e fazer a nossa análise particular. Era a minha madrinha e, como leitora mais assídua da família (o Expresso ficava amarrotado logo no sábado de manhã, o Público era presença frequente lá em casa e a rádio estava sempre sintonizada na TSF), era a que me falava das diferentes perspectivas dos comentadores. Claro que me falava mais dos seus preferidos, os de esquerda, não vivesse ela tão perto do Rato.Este ambiente e esta constância na análise influenciou-me muito na perspectiva de encarar o voto como um dever e como uma expressão das minhas ideias, numa cruz, que devia seleccionar por convicção.
Neste ponto da campanha, desta campanha do ainda mas já pós-crise, as análises já atingiram um ponto de exaustão em que já quase tudo se disse. E, dessa forma, alguém vai acertar no prognóstico...
De qualquer forma, há expressões que retive e sobre as quais reflicto. 
Dizia um versado em análise estatística que tão cedo (e estamos a falar de um prazo de 20 anos, pelo menos) não haverá maiorias absolutas. O que, digo eu, que não percebo nada disto, nos pode remeter para períodos de instabilidade governativa. Porém, também acredito que vivemos nos últimos anos um défice de soberania nacional, quais fantoches manipulados por UE, Troika, FMI, etc. Considero ainda, nessa perspectiva, um erro de estratégia política do PS o seu isolamento, sem coligações à esquerda. ( Bem sei que Marcelo ontem referiu que o que está em causa são os 400 mil votos de centro, indecisos... e que têm medo de radicalismos à esquerda, mas... ).
Mas segundo o mesmo comentador, os indecisos não existem. É um grupo criado pelas sondagens e que tem expressão porque alguém responde que ainda não sabe. Mas as pessoas já decidiram: ou não votam e são abstenção, ou já decidiram  mas não querem dizer, o que resultará nas margens de erro das sondagens. Diziam também os comentadores que o voto em branco deve ser correctamente analisado, visto que tinham até muitos exemplos de amigos esclarecidos politicamente e que optavam por votar em branco.
Concordo. Na medida em que pode não existir, no boletim, uma força política na qual acreditemos e que nos transmita a confiança necessária para que nela depositemos a nossa esperança.
Mas este voto em branco é em tudo distinto de não votar, de ficar em casa ou ir à bola.
Esse é um desprezo pela vida social, pelo dever cívico que todos temos e pela nossa liberdade de expressão, de exigência aos representantes eleitos e de crítica  (coisa que, nós, portugueses fazemos tão bem)!
Vamos lá então, no domingo!

PS: Madrinha, fazes-me falta!


domingo, 20 de setembro de 2015

Obrigada AEA!




Todos gostamos de ter filhos bem educados, que se portem bem, sem nos dar muitos cabelos brancos, sem nos envergonharem perante estranhos ou conhecidos e que tirem boas notas.
A escola, como parceiro na educação dos nossos filhos, não substitui a educação, dever dos pais - quantas vezes já ouvimos isto?
Porém, as escolhas que fazemos sobre onde os colocar a estudar são ou uma escolha sem escolha (porque não temos outra opção) ou são uma escolha consciente e possível ( financeira, geograficamente exequível, ou logisticamente e afectivamente preferíveis)
Com o início deste ano escolar, fiquei emocionada com um vídeo com que o Agrupamento nos brindou, na recepção aos Encarregados de Educação.
É um vídeo que toca bastante e me deixou muito feliz por ter os meus filhos neste Agrupamento, onde também já fui aluna, e onde tive a minha primeira experiência jornalística, como  editora dos primeiros números do jornal Soma e Segue ( Hiii.... já lá vão tantos anos, que nem vale a pena dizer....)
Todos reconhecemos a dificuldade em organizar tudo o que está relacionado com a Escola e como é de uma enorme responsabilidade porque são as vidas dos nossos filhos que estão em jogo. Não há Agrupamentos perfeitos, mas fiquei esperançosa que, daqui, os meus filhos saiam preparados para esse mundo lá fora, com ferramentas e experiências valiosas.
E este empenho demonstrado desperta também (deve despertar... e em mim despertou) a necessidade de participar e de ser voz activa, participando com a comunidade escolar...
Pais, colaborem, participem, não sejam apenas um dedo apontado a defeitos mas ajudem a construir este dia-a-dia de extrema importância na criação do futuro deste seres pequenos (ou já não tão pequenos), que gerámos e a quem desejamos o melhor do mundo.
Ora espreitem o vídeo:

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Azeitonas: só o caroço?





Ontem assisti novamente a um concerto dos Azeitonas, inserido neste fórum da Juventude em Alcanena.
Ao princípio, fraquinho em público mas depois plateia muito concertada. Todos com esperança de um bom espectáculo.
As expectativas eram altas a julgar pelo ambiente pré- espectáculo, oferecido pela Câmara Municipal de Alcanena.
Porém, e muito respeitosamente, assim que começa o show, o vocalista-mor Marlon avisa: Miguel Araújo não veio!! Ohhhhh... Será que já não vamos ouvir os aviões????

Mas a coisa ia acontecer, sem ele, doente...e revisitando este post, onde os elogiei no espectáculo que deram, em Junho, na Feira da Agricultura, achei que a força musical que lhes reconheci ia impor-se. No referido post, escrevi:
"Depois vi Os Azeitonas, também na Feira da Agricultura. Não por ser um desígnio maior, mas porque calhou. E não é que fiquei surpreendida!! Com as músicas que afinal conhecia, com o estilo vintage que envergavam sem pudor, com a irreverência de artistas aliada a um profundo conhecimento musical e qualidade que todos os membros tinham."
 Na altura, não achei sequer Miguel Araújo armado em vedeta, embora estivesse na boa, na sua descontracção sob o lado direito do palco, onde o seu estatuto de artista lhe permitia a sua bebida e o cigarro sempre à mão.

Ontem, Marlon parecia Passos Coelho e as referências a Sócrates no debate televisivo do ano... Tanto falou do Miguel, que desvalorizou o concerto. Todos esperávamos a sua presença ( aliás, espero que o Executivo tenha pedido um desconto...:) ) mas, caramba, vocês valem por si.... E teriam valido, se tivessem acreditado mais e dado mais a este público que, apesar de, para além da paisagem, vos recebeu na esperança de um concerto inédito mas com garra.
O vosso começo treme um pouco porque são muitas músicas seguidas menos conhecidas, para ganharem públicos mais difíceis, mas depois a vossa garra acabaria por colmatar qualquer falta de um colega vosso. 

Então e a história do autocarro, então e a interacção com o público? 
MÍ - U - DA
Que é que estiveram a fazer, pá?????

PS: Não desisti de vós, mas, nos grandes como nos pequenos, há que dançar (trabalhar) como se ninguém estivesse a olhar, ou seja, com todo o empenho... e a saber a letra, mesmo se não for a nossa canção!



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O mundo como o conhecemos acabou



Sim, o mundo tal como o conhecemos está a acabar...
(Não se assustem... esperem um pouco!)
A vida simples e sem horários (tão) rígidos chega ao fim. Mais um ciclo que termina, mais um Verão que deixamos para trás com um suspiro de quem abraçou os dias maiores com toda a energia.
As noites sem hora para deitar, as manhãs de preguiça na cama, a surpresa de actividades diferentes e inesperadas... tudo já lá vai.
Cá em casa, a ansiedade do início do novo ano escolar passa mais pelos graúdos do que pelos miúdos. Eles vão pelo arrasto de expressões repetidas (quase) até à exaustão: " Isto a vida boa está a acabar!", "Para a semana já não podes deitar tão tarde, agora vamos ter de nos (voltar) a organizar de outra maneira!" - Tudo em nome da expectativa de que a adaptação se volte a fazer, sem problemas, apesar das mudanças de escola e apesar do histórico...
Here we go again!
É um voltar aos horários, às rotinas que, cada vez mais me irritam e me sufocam. Já todos passamos por isso, mas este corre para aqui, corre para ali perpassa no olhar dos pequenos, como uma aflição. Sentimo-nos inquietos em todo o lugar, porque já deveríamos estar no lugar seguinte...
Here we go again!
... A trabalhar numa forma de abrandar, para que tudo corra smoothly ( gosto muito da doçura desta palavra...) e que nos liberte de stress a que nos sujeitamos, por vontade própria, para além das imposições da sociedade.
Here we go again...
Let´s do this!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O que temos a mais e o que falta


Faltam palavras para expressar o que significa aquela imagem.
Demasiadas palavras já foram ditas.
Tudo o que as nossas vidas têm a mais, caem num imenso caldeirão de vergonha. A esse caldeirão chamamos rotina, que embelezamos com tarefas cheirosas de vida dita normal, como se um outro mundo não existisse. Como se a imagem daquele menino fosse ficção, como se, ao fim do dia em que dela tivemos conhecimento, o mais importante fosse discutir a importância dos 30 anos do Multibanco, com painel de convidados, e com directos à meia noite de um local onde existem inúmeras máquinas de debitar notas e que, possivelmente, podem ir a vomitar moedas.
Como esquecer aquela imagem, como virar a cara e continuar com velas perfumadas, cadernos a cheirar a novos, jantaradas de desperdício e roupa de última tendência??!!
Sinto-me impotente mas consciente da nossa culpa. Da culpa da nossa inércia.
Esta memória, a desta criança, doí na alma.
Sem palavras.
Sem remédio?...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O Riscas morreu...



Os meus pequenos têm um aquário lá em casa, fruto dos mimos que a tia extremosa lhes dá em forma constante.
Com cores diferentes, os três peixinhos foram nomeados de Sardinha, Faísca Macqueen Shampoo e Riscas. Porque lá em casa ninguém é anónimo, peixes ou bonecos todos têm um nome.
Ontem, o Vasco apercebeu-se de que o Riscas morreu. Estava ali prostrado, a boiar. Choro e mais choro:
" Mas eu gosto muito dele, eu quero o meu peixinho..."
Com a confusão própria da sua idade, o Vasco ainda não percebe muito bem a morte e as suas implicações. Ainda no outro dia, ficou aborrecido porque não o levei a um funeral. Penso que achava que era mais uma festa destas, muitas, de Verão e não queria ficar excluído. E os porquês foram imensos, tentando explicar o que íamos fazer.
Ontem, ainda me sugeriu: " E se nós abríssemos a boca dele e puséssemos comida?"
Foram lágrimas genuínas.... mas que também desapareceram ao ver mais um episódio do Zou...
Difícil explicar a morte, a ausência a mentes tão jovens, tão despidas de dor.
Difícil explicar a morte, a ausência a mentes tão impreparadas para a enfrentar: as nossas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A superação


Há marcos na vida que nos motivam e nos empurram para a frente.
Há marcos que, depois de tanta luta e de tanta lágrima vertida, conseguimos vencer.
Há marcos que nos vão deixar marcas para a vida e decisões que nos vão traçar o rumo, mesmo que não fosse o rumo que inicialmente idealizámos.
Há que olhar para esses marcos e respirar longamente, aceitar e seguir que a estrada é movimentada e há mais gente a passar.
Depois há que saber que não estamos sozinhos. Que quem ama e gosta nos observa, nos acompanha, nos dá a mão, nos levanta do chão quando precisamos e nos leva ao colo também.

Nota: este é para ti, Margarida!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Das férias e dos vizinhos das férias...





Depois do post anterior, deixem-me que vos fale de um fenómeno extremamente interessante relacionado com as  férias.
Carro atolado de roupa que nem sequer vamos usar, brincadeiras de areia e tudo o mais que não lembra a ninguém, aí seguimos nós para férias, fazendo da casa de destino a nossa casa, o nosso lar pelos próximos dias, semana ou quinzena.
Toca a desarrumar tudo e tornar aquelas divisões nossas, nem que seja pela desarrumação, que é tão nossa.
Tudo pronto para desfrutar de uns dias descansados e bem dispostos.
Eis se não quando, no regresso de um dia de praia, o vizinho do andar de baixo, pequeno em todos os sentidos, faz-nos uma espera ao parapeito da janela e com dedo acusador nos diz que fazemos muito barulho, que não podemos arrastar cadeiras e a conversa descamba por aí abaixo.
Nem vou entrar em mais pormenores porque são, em todos os sentidos, pequenos… pequeninos, mesquinhos.
Acontece que este senhor esperava consideração, depois de implicâncias de vários anos, sobre o facto de trabalhar por turnos. Aliás, vou sugerir-lhe que afixe o seu horário à entrada do prédio para que todos saibamos quando podemos fazer barulho (entenda-se por barulho a vivência normal de uma casa… ainda tenho discernimento suficiente para perceber se estou a fazer algum disparate!)
Acontece que este senhor vive 11 meses num ano, sem um único barulho do andar de cima, porque desabitado.
Acontece que nem o condomínio soube esclarecer quanto à lei do ruído. Acontece que, no decorrer do episódio os meus filhos ficaram transtornados e ainda tínhamos uma semana de férias e de arrastar de cadeiras e pulos em cima de sofás e camas, conversas altas e gargalhadas… enfim, um vandalismo que não se aguenta!

Acontece que o senhor está mal habituado. Ou então, somos mesmo os vândalos do1ºfrente e tenho de rever todo o nosso comportamento como pessoas civilizadas…

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Das férias




Este tempo de Verão chama as férias, os dias longos e cheios de tempo bom: de convívio, de descanso, de alegrias disparatadas, próprias da silly season. Todos precisamos de férias.
Conto muitas vezes esta conversa que tive há alguns anos. Simplesmente porque resume aquilo que foi um momento aha, como diria a Oprah, no que toca à necessidade e à obrigatoriedade a que me sujeitei no que toca a ‘tirar férias’. Comentava eu com o meu interlocutor que não iria tirar férias, por motivos de trabalho. E ele respondia: ‘ Cada um tem o que merece…’ Continuando a conversa e a minha lamentação, ele voltava à carga: ‘ Cada um tem o que merece…’Confesso que nunca mais me esqueci daquelas palavras. E o que é certo é que, utilizando outra máxima muito próxima ( ‘Só faz falta quem está!), a vida teria continuado se eu tivesse tirado férias e tudo se tinha passado. 
Por isso, a partir desse ano (e já passaram talvez 20…), nunca mais deixei de tirar férias. Porque as mereço e porque elas são um momento essencial para recuperação de forças, para manutenção de um cérebro desperto e recuperado de um ano inteiro de stress acumulado, de tensão no trabalho. Também para uma atenção centrada nos miúdos, em que não há desculpas para não jogarmos à bola, ou à apanhada, para fazer castelos de areia e apanhar conchas à beira mar. Para nos permitirmos dormir um pouco mais sem culpas, preguiçar numa toalha com a brisa a lavar a alma.
Por isso, toca a aproveitar: preguiçar até mais não, jogar às raquetes e dizer disparates, beber (com moderação, claro… ou não fosse este um blog moderado :) ) uma sangria fresquinha…

Adoro estes dias imensos, de horas sem relógio e de tempo sem pressas.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Artista que é artista...





Tenho na minha que artista que é artista tem uma pancada a menos… ou a mais, conforme queiramos avaliar. Há que dar asas à imaginação, à criatividade, à forma diferente de ver o mundo e de comunicar com ele. E, nesse sentido, perdoam-se certas excentricidades. (Não que eles se importem com o nosso perdão, de simples mortais. Na verdade, estão-se marimbando para isso.)
Falo disto por várias razões. Tenho assistido a alguns concertos sobre os quais fiz algumas comparações. Não foram grandes concertos, de festivais ou grandes salas da capital. Foram concertos de província, de salas de teatro adaptadas e de feiras ou festas de cidade (pequena, de… para além da paisagem)
O primeiro de que vos quero falar foi o de Pedro Abrunhosa. E o primeiro que vi dele foi há mais de vinte anos, por altura do grande êxito do Não posso Mais e quando a nação se ofendia com a irreverência do Talvez F…. Detestei. Foi um concerto de vedeta armado em bom, como se já tivesse provado a sua competência artística e toda a gente lhe devesse vassalagem. A arrogância de se achar grande demais para actuar em palcos tão pequenos como um campo de futebol de um clube distrital. Durante muitos anos, foi esta a opinião que tive dele. E não lhe achava grandes dotes musicais, como continuo a não achar, já que as músicas eram/são basicamente murmuradas e sempre do mesmo estilo.
Porém, no ano passado, e levando a mais pequena a ouvi-lo, mesmo com as reticências que expus acima, assistimos a um concerto dele e da banda Comité Caviar no Teatro Virgínia em Torres Novas. E tudo mudou… Levava também comigo a consciência do percurso profissional do Pedro, da sua faceta intervencionista, da sua cultura democrática. O que assisti foi um abraço ao público, foi sentir um respeito enorme de quem estava em cima do palco por todas as pessoas que estavam à sua frente. Mesmo quando, cantando, nos deu um raspanete (não fosse ele professor de música!) por cantarmos tão mal. Fiquei espantada com a evolução vocal dele, com a qualidade da banda que o acompanhou, com a proximidade com que nos brindou e que teve o seu momento mais especial numa subida ao palco para quem se aventurar-se (estivemos lá: eu e a garota!) e depois nos bastidores, onde lhe pedi para continuar a ser a nossa voz! Fez solos naquele piano Roland… Meu Deus! E até ao piano ele agradeceu. Muito bom!
Mais recentemente, vi outros três concertos de que vos falo brevemente. Primeiro The Gift, na Feira da Agricultura de Santarém. Para além do timbre vocal diferente da Sónia, pouco mais a acrescentar. Compreendo que existam artistas que não se queiram comprometer em palco quanto aos que são os seus princípios musicais ou menos trendy, menos main stream. Mas há que chegar às pessoas. Também é esse o vosso objectivo. Achei tudo sem sal.
Depois vi Os Azeitonas, também na Feira da Agricultura. Não por ser um desígnio maior, mas porque calhou. E não é que fiquei surpreendida!! Com as músicas que afinal conhecia, com o estilo vintage que envergavam sem pudor, com a irreverência de artistas aliada a um profundo conhecimento musical e qualidade que todos os membros tinham.
Nos últimos dias, fomos brindados com um espectáculo do Carlão, em Torres Novas. Bem, o que dizer? Conheço-lhe algumas crónicas, do Correio da Manhã, onde ainda se chamava Pac Man. Acredito que queira ser mais do que um rapper. Quer ser um rapper de esquerda, como ele próprio assumiu ser em palco, que manda bocas sobre o estado da nação, com referências ao banco privado, bpn e bes, esperando uma reacção emotiva, reacionária do público. Diz umas asneiras pelo meio, compreende-se que queira comemorar os seus 40 anos (junta-te ao grupo, meu!) mas tirando a música que passa 5 vezes por hora na rádio, e que pode agradecer à sua filha a inspiração (ai há bébé)… zero. Muito fraquinho. Mais um que diz que tem se se assumir como é. Até a voz que o acompanha é melhor. Depois desta moda, será que sobrevive na selva? Faz lembrar Anselmo Ralph... um hit e o resto enche a hora e meia à rasquinha.
Por fim, falo-vos do mestre. Do verdadeiro artista. Aquele que soube, com a sua inteligência, regressar às origens em momentos de crise e de cansaço comediacal – sim, inventei agora esta palavra… ( fruto da muita concorrência, especialmente dos Gato Fedorento, que lhe beberam a sabedoria e adaptaram ao mundo mais recente, e às fracas audiências que os seus programas começavam a ter na RTP). Falo de Herman José, claro. Que com um espectáculo de homem único, consegue chegar a todos, fazer rir, cantar com qualidade. Pronto, diz umas asneiras a mais. Mas a artista que é artista, que sabe reconhecer o seu público e, mesmo por isso, não deixar de o parodiar, desculpa-se alguns impropérios. O mestre Herman regressou à TV num registo mais soft mas onde sabe que o seu público das festas e romarias desse país profundo o vão reconhecer. Onde dispara a sua imensa cultura geral e musical, sem chegar ao mais simples provinciano e o valorizar, porque ele vai ver os seus espectáculos, em cima de um palco improvisado no reboque de um tractor.  Viva o Herman!

Siga para bingo.

sábado, 4 de julho de 2015

No meio do caminho




Irina ficava ali várias vezes por semana, à porta do shopping, no chão, com um copinho à frente. Era de plástico, daqueles onde se servem os gelados. Mas não era para comer gelados que ela precisava do copo.
Em reunião do grupo (eram mais que muitos, mais do que necessários), o companheiro havia reclamado o spot como dele, e ai de quem se atrevesse a retirar-lhe aquele lugar privilegiado para recolher algumas esmolas.
E, à vez, com Jorge a revezá-la, ficava ali, cabeça baixa, da vergonha, do embaraço e do cansaço... a ver se caia alguma moeda. Talvez desse para a carcaça, talvez desse para a bebida.
Os transeuntes, alguns de mãos vazias, outros carregados de sacos, passavam, desviavam o caminho e o olhar e seguiam. Entravam e saíam, iam e vinham...
Irina esperava... às vezes, pedia a ajuda. Outras olhava os carros  a passar na rotunda sem destino no olhar.
Como que do nada, ouviu uma voz, tão próxima que lhe pareceu irreal:
"- Então e é aqui que se põe isto? No meio do caminho? Sujeita uma pessoa a cair!"- Irina não respondeu, ainda processava o que ouvia. A velhota, já com alguma dificuldade em andar, de saia azul escura e camisa às flores pequenas em azul e branco, pérolas nas orelhas caídas pela força da gravidade, continuava:
" Vá, chegue lá isso mais para dentro, para ver se não tropeço!"
E com lado de fora do pé, arrastou o copinho para mais próximo de Irina.
Pronto. Assim já não incomodava ninguém.

PS: Qualquer semelhança com a realidade, NÃO é pura ficção. Verdade de quem assistiu a esta cena, há dias à porta do shopping de Santarém (demais pormenores como nomes, etc. ficcionados, obviamente) 
Verdade: há pessoas assim. 



sexta-feira, 3 de julho de 2015

A benção, o toque, a vida...

Hoje, estou assim...
Profundamente tocada por este vídeo.
Impossível não partilhar.
Impossível ficar indiferente.
Para ver até ao fim... por favor.
Meninos, esperem por logo a ver se não vos aperto até mais não!!!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O orgulho de quem ensina


Ontem recebi as notas da mais velha.
Mãe babada com as maiores das razões de notas monótonas, na brincadeira da directora de turma. Decidi partilhá-las porque  esse é o espírito que quero na minha vida e no que torno público: coisas boas e positivas. Essas são as que merecem ser partilhadas para criar boas energias. As outras, menos boas, toda a gente as tem e, de vez em quando, ninguém escapa ao desabafo. Mas gosto definitivamente mais da positive note.
Por isso, quero também partilhar convosco o orgulho que senti nos olhos daquela professora que, olhando as notas da minha filha, se sentiu realizada, satisfeita, como fez, também, questão de realçar.
Há professores que se importam, há professores que se alegram genuinamente com os resultados dos seus alunos, não apenas para efeitos estatísticos. Penso ser o caso, desculpando a inconfidência e a ousadia.
Quis um dia eu ser professora, a vida e as minhas escolhas levaram-me para outros caminhos. Mas ainda hoje sinto orgulho e prazer quando ensino algo a alguém. Quanto vejo a satisfação que a aprendizagem traz a alguém.
Obrigada, professora.