Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Conversa em frente ao espelho

Hora: manhã tardia, porque RS não se levanta de manhã cedo, já não precisa...
Ambiente: mármore raiado a diversas cores e colónias espalhadas por várias prateleiras. Toca música clássica em som de fundo...
Local: wc
Acção: 
'- Quem é que a MM pensa que é? Ah e tal porque é irreverente e se veste à balda, pelo menos nos pés (que mau gosto!)... Eu, que mandei nisto tudo... que olhei para todos de cima da minha sabedoria imensa, e agora, lá porque estudou os dossiers, pensa que pode ser uma estrela...'
As mãos tremem ao fazer a barba, com a raiva da impotência e do descrédito a pairarem sobre a mente e a enrolarem-se na espuma branca que envolve o rosto.
Colónia, no final, para disfarçar a azia...Arde...
Siga para brunch. 
Os dias parecem mais vazios mas a mente não pára...

A acompanhar os próximos episódios...




terça-feira, 24 de março de 2015

Balu e The Good Wife

O que têm Balu, do Livro da Selva e The Good Wife em comum?
Alguma coisa, pelos vistos...
Como mãe de um pequeno de 3 anos, e embora já tivesse esquecido as Doras e as Pistas da Blue de há 7 anos atrás (no tempo da mais velha, agora com 11), voltei a ver o canal dos 'bonecos' (como ele diz) por sistema. Boa desculpa para não seguir nenhuma novela e agarrar-me por breves momentos às páginas dos meus livros, que vou abraçando como viagens da mente, instigadoras da imaginação, adormecida muitas vezes pelo rotinar dos dias.
A Princesa Sofia, Henry, o monstro feliz, Selva sobre rodas e O Livro da Selva, versão moderna (o livro  é do autor inglês Rudyard Kipling.e o filme original foi produzido pela Walt Disney Pictures em 1967) são os meus preferidos. Adoro ver os Contos do Bosque dos 100 acres, sob pretexto para o pôr na cama (é o Vitinho destes tempos).Conheço as personagens e os episódios repetidos até à exaustão...Sendo que nestes, as páginas dos livros avançam mais rapidamente...
E onde é que entra The Good Wife (uma das séries que sigo com frequência... ou seja, vejo todos os episódios) nesta história?
Episódio recente, Eli Gold (interpretado por Alan Cumming) um frenético director de campanha desconfia da presença de um angariador de assinaturas junto a um possível opositor de Alicia na corrida à Procuradoria. Quando lhe pergunta o que está ali a fazer, o angariador responde que está à espera de Mr. Balu.
Claro que seria de esperar que o mais do que perspicaz Eli soubesse que Balu é o simpático urso professor do Livro da Selva.
O melhor dos meus dois mundos...
Go Eli!!!


quinta-feira, 19 de março de 2015

Pai: ora aí está um belo motivo para festejar...

Não é preciso desencantar nenhuma fórmula mágica nem nenhuma tirada bestial. O que se celebra hoje é o agradecimento de filhos, companheiras(os), familiares, pelo papel que um homem assumiu no dia em que um filho nasceu, ou se juntou à família. Aprendizagem e partilha até ao fim dos nossos dias. Motivo mais do suficiente para celebrar.
A todas as pessoas que se sentem agradecidas pelos 'pais, da sua vida, digam-no, manifestem-no. Não há nada melhor que um elogio.
Eu sinto-me muito agradecida pelos 'pais' da minha vida. Especialmente a estes três: 
-Ao meu, por tudo, 
-Ao pai do meu marido, por tudo.
-Ao pai que é o meu marido, por tudo.
Um obrigada em todas as batidas do coração.
365 grateful... 

terça-feira, 17 de março de 2015

"De um bom elogio posso viver dois meses...."(Mark Twain)



Toda a gente gosta do elogio...
Sabe bem , fica bem, dá festinhas ao ego e à alma...
Conforta a auto estima e coloca-nos um sorriso na cara.
Porque é tão difícil elogiar? E tão fácil dizer mal?
Vejam só o que fizeram a este concorrente do X Factor da Nova Zelândia. O achincalhar é grosseiro, em prime time, e, pelos vistos, só porque sim...
Não consegui ver a actuação em si, mas parece-me que há formas e formas de criticar. Ainda há dias um plagiador assumido foi premiado, e agora, porque o homem tem um fato e o cabelo igual ao do marido, é preciso ofender desta maneira. O rapaz até parece bem...
Já a maquilhagem da senhora me parece exagerada...tipo bruxa, sei lá! :)




quarta-feira, 11 de março de 2015

Acordo Ortográfico ou a Terra de Ninguém

Já andava para escrever sobre isto há uns tempos.
Esta coisa do Acordo Ortográfico mexe-me com os nervos.
Sou formada em Línguas. Estive para seguir a carreira docente mas não segui.
Mas tenho um enorme respeito pela Língua Portuguesa, que me vem dos 7 (sim, sete!) puxões de orelha que a minha professora primária, na segunda classe, me deu, por dar sete erros numa cópia do quadro de ardósia, sobre as vindimas. 
Um erro ortográfico para mim fere-me a vista, dá-me volta às entranhas...
E depois veio esta coisa do Acordo... Quando foi introduzido, a minha filha estava a começar a aprender a ler e escrever. Para ela, recepção sem p e factura sem c é normal. E março com minúscula também.
E eu tenho de engolir... porque é o que lhes é ensinado e avaliado e penalizado, como se pode ler nas notícias de hoje aqui.
Recordo figuras notáveis, como Vasco Graça Moura que, quando assumiu a direcção do CCB, decidiu não utilizar, nos serviços internos, o referido acordo (para ler aqui), decisão contestada no Parlamento, na altura. 
Ou recentemente, Marcelo Rebelo Sousa, em horário nobre a recusá-lo liminarmente. Aceito a opinião de Edite Estrela (aqui), mas custa-me aceitar o que cedemos em prol dos milhões do outro lado do Atlântico, que muito respeito.

A situação em que estamos, porém, é a Terra de Ninguém: uns escrevem como sempre, outros como agora 'nos mandam'. Outros já metem a linguagem SMS pelo meio, cheia de símbolos e abreviaturas, como se estivéssemos a tirar notas numa aula, em que o professor fala muito rápido. Acaba por haver uma permissividade em relação aos erros (que, sob um ponto de vista, o são, de facto, e, sob outro, são a forma correcta), porque agora cada um decide como escreve e toma posições de fundo sobre o assunto.

Será que, quando nós, dinossauros do tempo da outra senhora, desaparecermos, assim desaparecerão de vez as consoantes mudas?? Ou a Terra de Ninguém permanecerá nesta ocidental praia lusitana?

Para já, como não vejo razões que me convençam e não pretendo negar a minha história e a minha língua, agradeço a recente reflexão acutilante de Helena Sacadura Cabral, em fio de prumo, sobre o assunto e, fazendo minhas as suas palavras:
'A partir de agora está esclarecido: no Para além da paisagem não se segue o AO!'

É bonito: negócios ao serviço da Humanidade






Pronto, a campanha é publicitária. A motivação última: ganhar clientes, ganhar dinheiro.
Mas a vida deste rapaz foi tocada.
E a minha também, quando vi o vídeo.
Adoro notícias boas... especialmente em manhãs de nevoeiro.




segunda-feira, 9 de março de 2015

O olhar de Nelson Évora

Foi o momento do dia para mim...
Vi o olhar de Nelson Évora a ouvir A Portuguesa, quando recebia a medalha de ouro.
Digiro mal as derrotas... Mas aquele olhar descansado momentos antes desta foto disse:
'Estou aqui, fiz tudo o que estava ao meu alcance para isto e mereço!'
 Foi um olhar de descanso do guerreiro.
A sensação de conforto total na situação porque, perante o esforço, o resultado é mais do que merecido.
Quando às feridas das derrotas, lambê-las e seguir em frente... 
Já.

Foto: facebook Nelson Évora

domingo, 8 de março de 2015

Mulher, graças a Deus


Nunca gostei de celebrar o Dia da Mulher.
Pensava que, numa sociedade que defende a igualdade, não fazia sentido ter um dia para celebrar o dia da mulher, quando não há um dia para celebrar o homem.
Por motivos profissionais, comecei a realizar eventos de celebração do dia 8 de Março e tive de, em coerência, encontrar motivos que me deixassem de consciência tranquila quanto ao que apregoava, e continuo a apregoar, como um dia em que há que celebrar.

Apesar de sentir diariamente a discriminação de géneros, convenhamos que  a coragem, a capacidade de organização e multitasking, a sensibilidade e o bom senso são nossas. Por mais que queiram dar a volta à questão, o não reconhecimento desta condição que nos torna mulheres, mães, filhas, esposas, amigas, companheiras, como algo de extraordinário é meter a cabeça debaixo da areia.
Por isso, celebremos!
E porque, apesar da nossa força, ainda há momentos que, pelas mais variadas razões, que não cabe a ninguém julgar, ainda há quem sofra desmedidamente, ouçam este hino este hino da APAV que celebra os seus 25 anos, que não deixa ninguém indiferente.
Para que não existam mais mulheres cansadas...
Bom dia da mulher!

segunda-feira, 2 de março de 2015

Obras, osgas e béu-béus

A minha terra está em obras. Pelo menos duas obras grandes estão a começar a decorrer. Diriam que é normal... mas a terra é pequena, e mesmo em locais de maior dimensão e, com a crise que se instalou na construção, não é assim tão comum. Pelo menos neste Portugal profundo, para além da paisagem.
E porque é que isso é importante?
Porque, apesar de as louvar, porque progresso é preciso, são imagens de fachadas que fazem parte da minha infância. Sobretudo, aquela que fazia a esquina que percorríamos todos os dias para chegar até à escola primária. Quando passei lá, pela primeira vez depois da demolição inicial, tive um aperto no coração. Aquela casa nunca foi nada, quando nós a contornávamos há 30 e tal anos. Era simplesmente uma casa abandonada, onde víamos as osgas a apanhar sol e os béu-béus a crescer na parede. E ríamos e corríamos e saltávamos e esfolávamos os joelhos e...
Que saudades...