Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Do vinho e da corrupção

Mais uma vez o país agita-se, o estado agita-se, o governo agita-se, a oposição agita-se...
Digamos que, nos dias que correm, não é difícil aos chefes de redacção escolher primeiras páginas e decidir ângulos de reportagem.
No meio de todo este ruído, e tirando (mas registando) as ilações políticas que os acontecimentos dos últimos meses nos sugerem, retenho uma frase de Ricardo Costa, na SIC Notícias, a propósito dos vistos Gold. Comentava ele o facto de, eventualmente, o Director do SEF ter sido corrompido por duas garrafas de vinho, considerando que, a ser verdade o caso de corrupção, que  ao menos, fosse por algo de especialmente grave e não apenas duas garrafas de vinho. Ressalvou também que não desejava a culpa a ninguém.
No conteúdo, percebo. Na essência, tenho as minhas dúvidas.
Onde é que fica a linha do que é verdadeiramente corrupção e apenas um agradecimento? E esse agradecimento significa que houve favorecimento, logo corrupção? E se for vinho corrente? É diferente se a garrafa for Pera Manca?
Toda a gente fica indignada perante tantos casos de corrupção. Mas ninguém a sentia? Ninguém sentia o seu bafo de vinho-barato por vezes, e requintado noutras-, ao entrar numa sala? 
Não podemos deixar de criar um elo de ligação entre estes escândalos nacionais. Será que a queda de uma banco tem relação com os casos revelados que se lhe seguiram? 
Confesso que (e bem a despropósito) adoro o filme Teoria da conspiração, com Mel Gibson e Julia Roberts. E perante tantos meandros que nos começam a ser revelados, a imaginação dispara. Tudo parece entrelaçado, fruto de uma conspiração maquiavélica, onde senhores de barba rija, sentados em cadeirões luxuosos se riem perante as marionetas do sistema e outros se preocupam com o destino das mesmas, ou se o fio que as segura será, por ventura, puxado e os fará cair nas mãos de polícias descontentes com tantos cortes salariais.
Muita ou pouca conspiração, também sinto que os cordéis se mexem por cima das nossas cabeças, sem sabermos muito bem quem os comanda e questiono-me se, à semelhança de casos anteriores as marionetas seguirão incólumes para casa, ao fim de uns anos largos de julgamento, ou se desta vez, veremos responsáveis ( e não a raia miúda) serem efectivamente trazidos à justiça com casos sólidos. De vinho barato ou não...
Vai uma garrafinha de aposta?...

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

E depois chegam eles...

...e o mundo pára, e avança logo, logo em alta velocidade... para nunca mais ser o mesmo.
Há 11 anos, a minha vida mudou para sempre com a chegada da minha filha. Olhos esbugalhados de um negro intenso que me apaixonaram para esta e a outra vida.
Sei que, neste tempo, já recebi muito mais do que dei. Acima de tudo aprendi a medida desmedida do Amor. Aprendi a ter sempre presente a palavra GRATIDÃO no meu dia-a-dia, pelas bênçãos que são os meus filhos. Aprendi a perceber que, aconteça o que acontecer, nunca podemos descurar o papel de mãe, não tem interrupções ou folgas. Está sempre lá, só podemos estar sempre lá. E sabe tão bem.
Íris, ensinaste-me a pureza do Amor, mostras-me a sua essência todos os dias, só por estares ali ao pé de mim. Ensinaste-me como te devo preparar para a dureza da vida fora do nosso casulo, do nosso local seguro. Como te devo ensinar a força que deves ter para, de cada vez que caíres, te levantares com mais determinação na persecução dos teus sonhos.
Para ti, neste dia, o meu Obrigada!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A Legionella e outras bactérias da sociedade

Assusta quando não sabemos o que é e como nos poderá atingir directamente e, no decorrer do fim de semana, a ansiedade junto ao televisor aumentava, na procura do esclarecimento que nos acalmasse.
Foi assim que me sentei em frente à televisão, a ouvir o Director Geral de Saúde esclarecer os portugueses sobre o surto 'preocupante' de Legionella. 
Fui ouvindo e ficando com dúvidas, e pensando que não deveria ser a única. Apesar do discurso encadeado, não achei claro para o comum dos portugueses. Regras básicas: o quê, como, quando e agora o que fazer... Certo que as respostas ainda tardam e a forma da conferência de imprensa demonstra o quanto à nora estavam ( e continuam a estar) os responsáveis. E é precisamente quanto à forma da conferência de imprensa que a minha indignação é maior. Aquele aglomerado de jornalistas em redor do senhor, que tanto fez para nos esclarecer, foi então o pior de tudo.
Essas bactérias, que procuram ambientes propícios para a propagação da tragédia, pura e simplesmente destruíram qualquer hipótese de esclarecimento cabal em relação a este problema. No momento das recomendações, do e agora o que fazer?, a grande preocupação dos jornalistas, com cara de estagiários, era saber de que freguesia eram os restantes doentes.
Porquê, senhores? Porque insistem no esmiuçar de informação que apenas serve os propósitos do alarmismo? Foi isso que os vossos chefes e directores de informação vos pediram para irem à procura?
Mas a minha indignação estende-se a domingo... Então, senhor Ministro da Saúde, não aprendeu nada com os erros da conferência de imprensa do dia anterior?Repetem o mesmo modelo? Deixam os jornalistas, à procura de um lugar na redacção, tomar conta de uma comunicação tão importante? Entram no jogo das ratoeiras, para ver se alguém se descai em relação a alguma informação, que os faça correr para a  porta de um outro hospital?
Lixívia, senhores, na cabeça dos chuveiros, na esperança de vos lave o cérebro, a todos os que nos deram aquele triste espectáculo em horário nobre, sem nos acalmarem o coração de mães preocupadas com as aulas de educação física dos miúdos...


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Porque insistimos em ser bons...

Já levei umas pancadas valentes da vida, que fique desde já registado. Mas não quero aqui carpir tristezas e mágoas. All´s in the past and I'll let it stay there.
Mas a verdade é que, apesar de já tantas vezes me terem aberto os olhos, muitas vezes à força, em relação à maldade que existe no mundo e em muitas (tantas, meu Deus!) pessoas, insisto em não pagar da mesma moeda. Não estou a armar-me em santa, nem a entrar em demagogias baratas. É que isto de ser bom, até pode ser considerado um defeito... 
Ora, se não ganho nada com isso, se só me traz problemas, se prossigo alegremente de estalada em estalada, e se fico tantas vezes sem chão debaixo dos pés, por que insisto nesta coisa de ser boa?
Ok, vamos mudar então: vou ser boa para mim mesma. E então? Tenho de magoar os outros para isso? E os remorsos que me corroem a almofada? 
No can do... Tenho pena, mas não é defeito, é feitio. Claro que nem tudo é preto e branco, há muitos tons de cinzento. Mas gosto de acreditar que o bom é melhor, infinitamente melhor. De que as pessoas são, na sua essência, boas. De que podem sempre escolher ser melhores. De que devem lutar diariamente para que isso aconteça.
E paga-se o preço por isso: fica-se sem chão, apanha-se uns bons tabefes, mas, pelo menos... pelo menos, dorme-se melhor.
Verdade de La palisse

sábado, 1 de novembro de 2014

Gosto dos sábados

Gosto dos sábados, sempre gostei.
Apesar de muitos deles trabalhar, especialmente de manhã.
Gosto de poder não ter despertador e não forçar os miúdos a acordar para irem para a escola.
Gosto de planear as refeições do fim de semana com carinho especial (que um pouco mais de tempo nos permite planear) e ir à vila com calma, comprar o pão, a fruta e os legumes. Planear um bolo ou umas broas (hoje vão ser bolos podres, os preferidos do marido).
Gosto desta calma, que nos quebra a rotina e nos permite ser um pouco mais mãe, um pouco mais mulher e respirar fundo.
Gosto de não usar saltos e vestir uns leggins e calçar umas sapatilhas.
Gosto de pensar que vou ter tempo para ler um pouco e para ir ao cinema.
Gosto de pensar que a segunda-feira está longe e que podemos simplesmente estar. Ser, sem pressas ou compromissos demasiado rígidos.
Receber amigos ou beber um copo de vinho só porque sim.

Namorar e olhar nos olhos de quem amo.


Adoro os sábados, amo os sábados...