Demasiadas palavras já foram ditas.
Tudo o que as nossas vidas têm a mais, caem num imenso caldeirão de vergonha. A esse caldeirão chamamos rotina, que embelezamos com tarefas cheirosas de vida dita normal, como se um outro mundo não existisse. Como se a imagem daquele menino fosse ficção, como se, ao fim do dia em que dela tivemos conhecimento, o mais importante fosse discutir a importância dos 30 anos do Multibanco, com painel de convidados, e com directos à meia noite de um local onde existem inúmeras máquinas de debitar notas e que, possivelmente, podem ir a vomitar moedas.
Como esquecer aquela imagem, como virar a cara e continuar com velas perfumadas, cadernos a cheirar a novos, jantaradas de desperdício e roupa de última tendência??!!
Sinto-me impotente mas consciente da nossa culpa. Da culpa da nossa inércia.
Esta memória, a desta criança, doí na alma.
Sem palavras.
Sem remédio?...
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