E se de repente soubesses que a tua vida termina dentro de um ano? Ou dois? Ou cinco, vá?
Mudavas alguma coisa? Paravas para pensar no que andas a fazer, se o que fazes te deixa feliz?
Não, não estou doente.
Simplesmente parei para pensar e analisar.
Porque, por estupidez pura, deixamos arrastar os dias, sem que façamos a diferença. Sem que o dia conte. Sem que algo de novo seja feito ou experimentado. E quem diz algo novo diz algo de rotineiro que seja verdadeiramente apreciado.
É certo que não conseguimos ser produtivos neste tipo de acções verdadeiramente significativas todos os dias. Os níveis de motivação alteram com o tempo, o frio, o calor, o comentário jocoso de um colega, a TPM, o raspanete do patrão, a não resposta do marido...ou o resultado do futebol.
Estamos demasiado receptivos a energias negativas que nos chegam de todo o lado e deixamo-nos influenciar por elas, muito mais do que pelas positivas.
Então, e se soubesses que a tua vida tem um fim próximo, demasiado próximo para poderes desperdiçar os dias com discussões inúteis, com sentimentos rancorosos ou com actividades despidas de qualquer proveito para a humanidade... mas para a humanidade que és tu, em primeiro lugar. TU!
Sei:
...tens que ganhar a vida a passar códigos de barra na fila de caixa,
...tens de mandar calar os alunos cada vez mais malcriados nas aulas desde as 8 e meia da manhã até te deixarem vir para casa,
...tens de te levantar cedo, cedo demais quando todos os outros estão a dormir, para pegar um volante.
Tens de pôr o pão na mesa.
E isso agarra-nos a profissões que não gostamos mas que nos encontraram ao virar da esquina e que, por um ou outro motivo, nos foram entrando na pele. E por mais que penses que podes esfregar esse dia-a-.dia ranhoso, que te corrói aos bocadinhos, ele agarrasse a ti para um sempre. Recalca-te o coração, aperta-o, mas fazes de conta que não sentes.
Um sempre, que não sabemos se é um dia ou uma eternidade. Um ano, dois, cinco?...
E coragem? Onde é que ela morreu nos anos loucos de irreverência, em que podias abraçar o mundo de tanto entusiasmo? Onde nada te detinha e os sonhos te faziam sorrir nos olhos, no coração, na alma?
Como te deixaste pisar pela segurança de um dia igual ao de ontem e ao de amanhã, sem conseguires levantar-te para fazeres a diferença. A diferença para ti, o respeito por ti, por aquilo que disseste a ti próprio que serias e que não conseguiste ser...
Porra, será isto a crise dos 40?!
Estou tramada... se calhar vou ter mesmo de me levantar da cadeira... e fazer qualquer coisa.
MESMO.
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