"Não absorve tanto, não, se não você incha e depois rebenta"- Maria Lúcia Lepecki, 1991
Vem como que uma enchente, rápida, que torna um rastilho numa explosão enorme de pensamentos, que surgem do soco que levas no estômago. E debitas toda essa dor ininterruptamente, como se não conseguisses parar de vomitar. Como se a barragem criada para conter as águas rachasse de repente e inundasse a vila mais próxima. Dizes o que queres e o que guardaste tanto tempo, dizes o não queres mas que lá, no fundo, sempre quisestes dizer, como se um copo a mais de vinho te toldasse o discernimento.
O soco, ou é inesperado, ou estava em maturação, para ser dado no momento em que as defesas estão em baixo. Porque os dias não têm sido fáceis, ou porque até pensastes que podias baixar a guarda. Santa ignorância. Santa ingenuidade.
E tudo aquilo rebenta, espalhando salpicos em tudo o que está à volta. E toda a gente apanha por tabela.
Fúria: grande exaltação, ímpeto de coragem - Ok, menos mal, menos culpa, especialmente se sentes a razão.
Dias calmos no coração virão... acredito.
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