Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Agenda: esta relação amor-ódio...

(Alerta: este post não tem nada de profundo nem inventa a roda...foi só porque me apeteceu)

Tenho uma relação de amor-ódio pelas agendas que vou escolhendo para me acompanhar durante os anos. Como faço gestão de eventos, a agenda é crucial para a minha profissão. Claro que acompanho com a agenda digital, mas escrever é outra coisa. É, para mim, outro nível.

E assim, todos os anos, por altura das compras de material escolar para o início do ano escolar, já ando avidamente à procura daquela que será A agenda para o próximo ano. Não é uma escolha nada fácil. 

Tem de ter um planeador anual, 
mais um mensal,
tem de mostrar a semana toda
e ter espaço para as minhas anotações, 
tem de ser atractiva visualmente, 
pouco aborrecida. 
colorida, 
com cor de papel bonito... 
até a textura me é importante.

Dito isto, já não é a primeira vez que, até achar A agenda, compro uma ou duas que não me satisfazem.
É um desperdício, eu sei... de recursos e dinheirinho.
Mas, se vou ter de olhar para aquela agenda tantas e tantas vezes, folhear para trás e para a frente, planear meses e até anos à frente, sem me enganar (o meu maior pesadelo), desesperar com datas preenchidas e datas por preencher...- daqui vem o meu ódio...
... então tem se ser uma coisa linda, em que adore escrevinhar, fazer caretas, desenhos e planear sonhos, projectos, viagens. - daqui vem o meu amor...

Este ano, despeço-me da Agenda da Loba, que me "obrigou" a reflectir sobre mim, enquanto mulher, sobre o que se passou em cada mês, me ligou mais à natureza. Abraço com expectativa a Agenda da Super Ana: foi personalizada por mim, sem modéstia, porque sei que os desafios que me esperam em 2019 exigem de mim o melhor e mais além. Longe vai quem acredita.

Acho que nos vamos amar, nas expectativas de muitas coisas boas... e nos vamos odiar em dias difíceis.
Let's do this!







segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Em modo Grinch






Hoje estou em modo Grinch.
É uma cena que me dá antes do Natal.
É uma coisa que me assiste todos os anos, umas vezes mais cedo, outras em cima do Natal.
E neste dia, em que me permito sentir assim...
Destilo todo o veneno e amargura que a hipocrisia desta quadra traz. 
Maldigo tudo e todos que aparentemente abraçam limpos de teias no sotão o espírito natalício e dizem-se merecedores de prendas porque se portaram bem o ano inteiro.
Maldigo todos os que de quem esperava um presente amigo e que não chegou porque não se lhes chega a bondade que têm para pensarem um pouco nos outros.
Irrito-me comigo e com os migos de mim mesma por me importar tanto com isso, por me magoar com tanto desprezo quando já sei exactamente com o que (não) posso contar.
Grito por dentro com todos os de quem esperava um pouco mais e que a época derretesse a rocha impenetrável que reina em tantos corações.
Brigo mentalmente com a mesquinhez de tantos que se pensam mais do que os outros quando todos somos iguais.
Discuto em silêncio com aqueles que saem em defesa do indefensável, em nome de valores que nem sabem quais são.
E choro copiosamente esta tristeza que tudo isso e traz.

Amanhã já é Natal.
A alegria regressa ao coração e vou embevecer-me e emocionar-me (coisa que adoro!) com a essência do Natal, que vejo na alegria dos meus filhos, a fazer bengalas de biscoito.
E a vida segue saborosa. 
Porque é assim que a quero sentir. 
Porque só assim vale a pena. 
Só assim é Natal, cá dentro. E de dentro, se estende aos que nos rodeiam.
É tudo uma questão de energia.
Positiva, sempre.
Mesmo que haja um dia Grinch.






segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O meu filho não estudou... e ainda bem!


Esta segunda feira o meu filho teve teste de matemática. 
No fim de semana, ele não estudou. 
Nada. 
Saiu de casa no sábado, por volta das 9 da manhã para ir ao treino de futebol. Só voltou no domingo ao final da tarde. Pelo meio treinou, almoçou em casa dos avós, onde também dormiu na noite de sábado. E pelo meio?
BRINCOU
Com a cegueira dos primos de longe que estiveram por perto, largou tudo e... brincou. Subiu muros e saltou, jogou à bola e atirou pedras. Esfolou os joelhos e levantou-se logo a seguir. Comeu pão com manteiga num momento de intervalo, com um sumo sorvido com a avidez de quem não tem tempo a perder.
BRINCOU
Também jogou PS4, com um exército de miúdos que lutou democraticamente por um lugar nos comandos. Correu, deu voltas ao bairro, fez corridas em 10 metros de quintal.
BRINCOU
E fez qualquer coisa de proibido mas que vai ficar em segredo, porque aos pais não é permitido saber certas coisas, ora essa.
BRINCOU
... até que o revi no domingo, na festa do pai dos primos, e me olhou por um segundo. Ainda consegui arrancar-lhe um fixe e um beijo rápido por entre as malhas do portão de ferro. Que ninguém viu. E que nos separava de um mundo preocupado com os resultados da escola e o ar puro das brincadeiras de miúdos.

Arautos da disciplina, acalmai-vos! Eu, e também o pai, conscientes de que neste momento não demonstra dificuldades de aprendizagem, considerámos que o fim de semana foi, de mais formas do que as que conseguimos descrever, mais benéfico para ele do que dois dias fechado em casa em frente ao quadro de giz que usamos para estudar.
Quando lhe perguntava como era em relação ao estudo, respondia-me que sabia bem o que era para fazer.  E tenho a certeza de que vai tirar boa nota.
Em casa, depois de um banho reconfortante, fizemos uma breve revisão, ainda o fiz escrever os números ordinais até ao vigésimo.... não vá o miúdo ter um exercício errado a matemática por causa dos erros de português!!!
E entre bocejos, desejei-lhe boa sorte e pedi-lhe que lê-se bem o enunciado para saber o que era pedido.

Claro que me custará se a nota baixar. Este é o caso do meu filho, neste circunstância particular não pretende ser o exemplo, nem será regra cá em casa. Só pretendo partilhar que, às vezes, no meio da rotina e da disciplina, é preciso olhar o quadro à distância, look at the big picture. E, neste contexto, o que ele viveu e bebeu de vida deste fim de semana foi um conjunto de reunião que torna esta caminhada muito mais rica e feliz. 

BRINCOU e...
FOI FELIZ

Espero tranquila o resultado do teste. 
Mais me preocupa o resultado do de português. Aquele para o qual passámos horas a estudar. Porque era necessário. E ele sabia disso. 
(Será que escreveu sexto com x????)





sábado, 8 de dezembro de 2018

Feira de Pernes.... qual feira???

Tlim, tlim, tlim.... Era com o som dos martelos a bater nos ferros para montar as tendas que acordava, em casa dos meus pais, todos os dias 8 de Dezembro. Era o dia tão esperado: o dia da Feira de Pernes. Quanto mais perto ouvia o martelar, mais feirantes visitavam a vila nesse dia, Quando chegavam a montar a banca ao pé da porta de casa, era então um sucesso garantido.

Era assim... Até que a época moderna apanhou a feira nas curvas e tudo o que se lá possa comprar, se tem à mão de semear no dia a dia ... ou até no mercado de sexta, do dia anterior. 
Até que, não sei bem porquê (ou sei!), a feira mudou de sítio e foi lá para baixo, onde o coração da terra bate mais longe e onde a tradição já não é o que era.

Meias, cuecas, facas e um cordão de pinhão - assim mandava a minha tradição. Ia à feira de manhã, quando o sol espreitava e o nevoeiro levantava. Ah... e tirava uma sina na banca da Bruxa. Mas isso então já foi noutra vida... tempos muito recuados! Com sorte, saía outra folha e já ia viver até aos 110 anos!

Hoje foi com o coração a sangrar que saí do recinto da feira. Fui com a minha filha, num passeio dos tristes, que fizemos em pouco mais de 10 minutos. Louvo os feirantes que ainda se atreveram a montar os seus pertences, numa réstia de esperança que valha uns euros o sacrifício. Com o olhar aflito, dizem que pode ser que, à tarde, apareçam mais colegas, depois de fazerem os outros mercados... e clientes, claro.
 

Há ainda uns corajosos que nos apresentam coisas lindas como esta:





Triste dia este da Feira de Pernes. Cada ano tem vindo a piorar. Enquanto noutros locais se valoriza a diferença, a tradição... Se embelezam caminhos, expositores... Aqui espera-se pelas bancas de cãezinhos de peluche a chiar enquanto percorrem uns metros de cartão, e por uns quantos cachecóis e pantufas. Com respeito por todos, mas isto tem de ser muito mais... ou vai morrer só e abandonada,num descampado vazio de significado.

Feira é tronco de madeira a arder, febra acabada de grelhar no pão, cachola, artesanato da terra e arredores, que são bem vindos. E coisas diferentes, diferenciadoras. Que fazem um passeio valer a pena, aos de cá e aos que nos visitam.



Olhem que exemplo tão bonito temos no centro da vila, onde à volta deveria estar/regressar a Feira de Pernes, com os presépios realizados por associações e escolas, numa iniciativa da Santa Casa de Misericórdia de Pernes. Bonito, de valor, com empenho, gosto e que valoriza a nossa terra. 
Parabéns a todos! Já tenho o meu preferido, penso que ninguém lhe tira o primeiro prémio, seguramente. E lá está: valoriza o que é nosso, faz uma homenagem à nossa história!



Resta sonhar que no futuro, no dia 8 de Dezembro, se possa regressar, saudavelmente e de forma rejuvenescida, ao passado da Feira de Pernes.











domingo, 2 de dezembro de 2018

Isto é que é Natal




A rotina tem-se vindo a repetir. Assim , torna-se tradição.

Dia 1 de Dezembro (e ainda bem que voltou a ser feriado, embora este ano não fizesse muita diferença) é dia de montar a árvore de Natal. Banda sonora natalícia a acompanhar, caixas e caixas resgatadas do sótão depois de 11 meses de reclusão.

Et voilá! A árvore toma vida, a sala despe-se dos quadros habituais para dar lugar a adventos e ideias de um conforto que nos chega ao coração de forma diferente.

O pequeno, cada vez menos pequeno, diz que, em cima do banco já chega ao topo da árvore. Mas ainda assim, a tradição manda que é às cavalitas do pai que se põe a estrela lá no cimo. O momento mágico tem direito a registo fotográfico para a posteridade, mesmo que as fotos fiquem esquecidas, porque algo embaraçosas, entre pijamas e olheiras e cabelo despenteado, num disco externo nas cópias de segurança. Razão tem a mais velha, que já fica atrás da lente no momento do flash.

Para além desta árvore tradicional, temos levado a cabo sempre uma árvore alternativa. Haja Pinterest para nos dar ideias. Mas é sempre muito nossa, 
...ou porque são as nossas fotos mais significativas, 
...ou porque feitas com ramos de árvores que colhemos no jardim, 
...ou porque nas caixinhas que escolhemos e pintámos este ano, ficam objectos aos quais concedemos significado especial.

Esta, deste ano, tem a luz de algo nosso, apontamentos que tiramos da árvore de sempre, uma bola de neve que faz as delícias dos olhos do Vasquinho, a árvore de rolhas de cortiça que colámos o ano passado, recordações de prendas do jardim de infância e trabalhos manuais que nos chegaram da escola. 
É irrepetível.
É nossa, tão nossa. E linda de morrer. Por isso aqui a mostro. 
Por isso é Natal, cá em casa.
Desejamos que em todas também. Com este espírito. 
Porque entre discussões (que também as houve, ah simmmmm!) sobre se a árvore está direita ou não, sobre se os enfeites já são de mais e sobre quem varre o chão no fim da montagem... adoramos isto. E amamo-nos muito.

E isto é que é Natal.


terça-feira, 13 de novembro de 2018

15 anos, sem fotos





Percebes que tens a adolescência instalada cá em casa, quando procuras uma foto da teen, para lhe dar os parabéns e simplesmente não tens!

Bem... não é bem assim. Há por aqui umas quantas. Mas mãe que é mãe de teenager sabe que há fotos que não se podem usar... e que, a bem da verdade, são quase todas. Desde aquelas em que estás a dormir até às que tens apenas um fio de cabelo fora do sítio mas que estragou o look. Também tenho muitos screeshots de peças de roupa que me queres convencer a ir comprar.

Parabéns, minha filha, pelos teus 15 anos. Agora já não faz muito sentido acordar-te com a música do Batatinha mas serás sempre a minha pequenina, de olho muito aberto e que se tornou numa menina quase mulher linda, responsável, simpática e muito amiga.

O mundo para ti, no seu melhor. E a Lua também. E o Sol. E os anéis de Saturno. E macarons de todas as cores e sabores.E tudo o que desejares e te fizer feliz.

Amo-te muito!

(Olha... descobri esta!!!!

Eh eh eh )




terça-feira, 23 de outubro de 2018

O meu filho dá montes de erros!!! E agora???


"As crianças não nos ouvem, IMITAM-NOS!"

Tenho uma aversão visceral a erros ortográficos.
O meu puto de 7 anos, agora no 2º ano, começa a escrever os seus textos e a fazer as suas fichas de português mais elaboradas... e dá montes...carradas... paletes de erros!
Ainda me dá uma coisinha má. Juro.

Com formação em línguas, isto para mim é de cair para o lado cada vez que o vejo a escrever com calinadas.

Sei bem que ele tem as suas preferências muito definidas: uma bola nos pés, uma ferramenta nas mãos, mexer na terra, correr ao ar livre... e, cá dentro, um belo joguinho na PS4. E uma vida a borbulhar nas veias que o impede de sossegar um minuto que seja.

Mas também sei que os miúdos, como sempre assim foi (que esta coisa de gerações diferentes aqui, neste caso, não se aplica) fazem pelo exemplo.
Sei que tenho lido muito pouco ultimamente. E que o gosto pela leitura, que é a melhor ferramenta para deixar de dar erros ortográficos, se incute desde pequenino e nisso tenho falhado.

Não pretendo arranjar desculpas. Falhei está falhado, não se falha mais nisso. Repito: não se falha mais nisso. Não vou falhar mais nisso. 
Já está instituído lá em casa: 
-Todos os dias vamos ler um bocadinho. 
-Todos os dias vamos fazer três linhas de cópia (o professor que tem não manda muitos trabalhos, por isso vamos insistir)
E depois o resto.

E vamos deliciar-nos com histórias maravilhosas.... tantas que estão por ler.
(Agora estamos agarrados ao Livro com Cheiro a Caramelo, da Alice Vieira, com histórias de uma página... não maçam, permitem o foco para esta criança que tem dificuldade em manter-se atenta, e são encantadoras)



OK. The plan is in motion...

Isso não impede, obviamente, que cada erro que tenha dado no teste de português que fez ontem, o vá corrigir 10 vezes em casa... Fora a correcção do professor! 
Que isto de ter filhos a dar erros é que não... Se não, caio para o lado. Juro mesmo.
Já me basta ter de os ver a escrever com o Acordo!

Chiça, que uma mãe não suporta tudo!!!






segunda-feira, 17 de setembro de 2018

1ºDia de Aulas - Here we go again...





Here we go again…
A vontade não foi muita, mas lá foram eles novamente para a escola.

Ah… o que eu adorava a escola, estes inícios eram sempre bem-vindos e entusiasmantes. Cada começo era uma magia e sinto ainda hoje que, se tivesse seguido uma carreira dentro da escola, teria sido e seria muito feliz. Entusiasma-me verdadeiramente. Coisa que os meus filhos, pelos vistos, não herdaram de mim.
Uma no 10º outro no 2º, serão novos desafios. Uma inicia a escolha num caminho académico, ainda sem luz ao fundo do túnel porque nada ainda surge como extremamente apelativo. Outro aventura-se num ano onde terá provas de aferição (outra vez, isto???!!!)
Num agrupamento quase hiperactivo, com distinções a diversos níveis e o reconhecimento de toda a comunidade, esperam-se novos projectos, que devem aproveitar. Não serão muitas as escolas com um dinamismo deste nível, o que me deixa bastante satisfeita. Não há mundos perfeitos, mas ter esta opção para os meus filhos, é muito gratificante. E os pais devem ter isto em atenção e conhecer o que o Agrupamento de Escolas de Alcanena oferece e a sua qualidade. Vejam só este vídeo, que já aqui partilhei, e que o Agrupamento voltou a utilizar este ano no lançamento do ano lectivo. O vídeo está excepcional, deste a música à edição, duma criatividade spot on e que fizeram muito bem em continuar a divulgar.

Só me irrita esta contínua experimentação em que os miúdos são as cobaias. Já expressei várias vezes esta opinião de que há que existir uma profunda reflexão sobre a educação a nível nacional, onde se chegue a um pacto de regime, permitindo uma estratégia concertada para a educação para futuras gerações. Isto de “agora vamos experimentar isto, para o ano tentamos aquilo” já chega.

As rotinas alteram-se, os horários rijos implementam-se e começamos a funcionar em modo autómato.

E aprendemos e crescemos! Eles e nós, que os acompanhamos. Porque o caminho é partilhado e todos temos o nosso papel.



Here we go again…
The only way is up!



segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Fomos à Tomatada

Na minha Bucket List mental, tinha um item: ir uma vez à Tomatina, em Espanha.

Pois bem, a Associação 20Km de Almeirim organizou, no dia 1 de Setembro, o Todos à Tomatada, um evento que acaba por fazer lembrar o espanhol, mas bem aqui pertinho.



Com a curiosidade de uma primeira experiência lá fui, com a minha cara metade. Programa a dois curioso, mas muito divertido e que permitiu momentos ricos de alma, de vida. Que exagero, dirão alguns, mas assim foi. Que isto de andar à tomatada tem um je ne sais quoi de libertador...Ah, pois é!


O evento estava muito bem organizado e foi bem acolhido pelas pessoas. Muitas críticas se ouviram sobre a utilização dos tomates, mas tudo foi justificado pela organização, com a utilização de produto já impróprio para consumo humano e que ainda assim, no final da noite foi recolhido e distribuído a animais. 

Não tenho muita paciência para fundamentalismos, as identidades do povo também se veêm nestas manifestações, que servem tanto de aproximação cultural (dentro da povoação e por esse país todo, tantas as localidades representadas) como de divulgação de regiões, destacando um dos seus produtos mais significativos. Por isso, almas incomodadas, não se matou nenhum animal, e deixem lá o povo divertir-se, em vez de se armarem em Velhos do Restelo rezingões, que tiram a graça a tudo... Relaxem um bocadinho!

Quanto ao evento em si, a coisa requer alguma preparação: calçado que proteja os pés, óculos, telemóvel com capa de isolamento... Assim, torna-se mais agradável. Recebemos também indicações para esmagar primeiro os tomates antes de os arremessar. E pronto, a seguir é libertar a criança cá de dentro do peito e rir... rir muito!



Como sugestões, dado o calor que se faz sentir, talvez pudessem fazer  o evento um pouco mais tarde, o que permitiria também viver a Tomatada de dia, ao pôr do sol e de noite. Com iluminação, as fotos também devem ficar bonitas! Mais chuveiros. Mais divulgação dentro da cidade ( por exemplo, no hotel onde ficámos, ninguém sabia da iniciativa e onde ia decorrer). E que dentro dos tractores, apenas fique pessoal da organização, que isto há sempre quem se estique e mande os ditos inteiros, causando algumas nódoas negras.

De resto, parabéns e até para o ano!







PS: Alguém sabe como se tiram nódoas de tomate da roupa?! ...Muito agradecida...


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

O quase paraíso



Quase, quase... o paraíso.
Tenho um colega de trabalho, de uma vida inteira, que sempre disse que queria era ir para a ilha. Penso que ele nunca pensou bem qual... desde que lhe desse descanso e uma vida desafogada. O paraíso, portanto.

Estive na ilha de Cuba. Paraíso? Quase.

Trago um misto de emoções em relação a esta ilha e aos cubanos.  Gostei muito de conhecer, a história de Cuba é realmente muito interessante e foi muito bem explicada pelo nosso guia de visita a Havana e é riquíssima.

Não deixa de ser curioso ouvi-los e perceber que têm um orgulho imenso no seu país e que aceitam a sua realidade,  floreada para turista ouvir. A realidade cubana é difícil, com ordenados de 10 euros por mês, apesar do guia dizer que agora chega aos 100. Com horários das 8 às 5, sem pausas ou autorização para comer. Sem folgas. Mas é assim. E se é assim, não se discute.

Há regras ou formas de fazer as coisas que não se contestam.
Se há um furacão e estragos, tanto privados como estado têm 15 dias para recuperar as coisas. É regra. Mas depois, há imensas casas degradadas e obras de remodelação em todo o lado. Devido ao clima, dizem.

A educação é grátis, até à universidade. Antes de entrar, fazem um teste de todas as áreas do saber. Escolhem-se 5 áreas de que se gosta. Os resultados serão mais favoráveis em pelo menos uma delas e, assim, estudarão algo que lhes agrada. Desde cedo, é introduzida a prática nos estudos e não só a teórica. Assim, quando saem da universidade já sabem praticar efectivamente uma profissão.

A saúde é grátis. Toda a gente tem acesso. Excelentes médicos. No entanto, sem condições no hospital, como relatarei aqui.

Tudo parece bem na ilha de Cuba. Até os americanos, em Guantanamo, estão controlados por uma enorme barragem, que, em caso de conflito, será aberta e os inundará sem problemas. Sem armas.

A taxa de criminalidade é muito baixa. E, diz-nos o guia, em Espanha, numa feira de turismo recente, Cuba foi considerada o país mais seguro do mundo. Pode passear-se pelas ruas, fora dos resorts, sem problemas, a qualquer hora do dia. Então porque têm as janelas das casas grades?- alguém pergunta.
E justifica-se com os materiais disponíveis para construção nos vários períodos: ferro fundido no século XVIII: grades, período da crise depois do colapso do principal parceiro comercial (União Soviética) e com o embargo dos americanos, instabilidade, ferro forjado: grades. Agora, não há necessidade de grades. Mas existem.Mas é assim. E se é assim, não se discute.



Os mares são lindos e quentes, a qualquer hora do dia. Neste período, de chuvas, quase todos os dias é dia de trovoada. E bem forte. Mas segue-se a vida, como se nada fosse. Nada se interrompe. Nem o banho da praia ou da piscina. Daqui a nada passa.

São bem dispostos, sim. Mas não o povo mais simpático do mundo. Só se previrem que darás gorjeta generosa, ou se nessa noite serão avaliados.  Aí só sorrisos.

Aí falham as companhias e cadeias de resorts mundiais, que, para além de explorarem os trabalhadores, não transmitem padrões de qualidade a que estamos habituados noutros lados com o mesmo tipo de hóteis. Dizem estes que têm uma política de qualidade com normas da família da ISO 9000.... Digamos que é uma família bem afastada, que permite a degradação dos quartos em hotéis de 5 estrelas, e falta de limpeza. Só temos 28 anos de turismo, dizem. É assim, não se discute.



Gostei? SIm, bastante. Trazemos, das viagens, muito mais do que aquilo que levamos. Adorei poder proporcionar este conhecimento do mundo aos meus filhos. Voltaria? Provavelmente, não. Muito mais para conhecer. E outros locais de recordação mais agradável do que a ilha para pensar em revisitar.

Paraíso? Quase... Um quase assim de braços bem esticados. 


sexta-feira, 6 de julho de 2018

Cuidem de vós!



No início deste ano, fui submetida uma intervenção cirúrgica, onde fiz a correcção nos dois pés  do Hallux Valgus, vulgo deformação da base do 1º dedo do pé que provoca uma saliência óssea – exostose, vulgo joanete.

Ao contrário do que se possa pensar ou vulgarmente se pensa, não foi uma intervenção estética. Os joanetes provocam muitas dores, é difícil conseguir calçado confortável. Diz-me o meu operador que 90% das pessoas que têm joanetes são mulheres, causados pelo uso de sapatos apertados na parte dos pés e pelo salto alto. 

No meu caso, tinha joanetes desde os 10 anos, altura em que não usava nem sonhava andar de saltos altos e bico fino. Deve-se a uma propensão genética. A minha avó e mãe tinham também e muito pronunciados.

Ao fim de 42 anos decidi-me a fazer a cirurgia, aos dois pés em simultâneo. Mais uma vez, nas palavras do meu operador, quando me observou os pés pela primeira vez: "Não sofra mais, minha senhora!"

Esta não é uma operação fácil. Dir-me-ão que nenhuma é, mas queria deixar-vos aqui o meu testemunho que pode ajudar alguém, quem sabe. Digo que não é fácil porque envolve muita dor, controlada com uma anestesia aos pés que dura praticamente 24 horas e por medicamentos para as dores de 4 em 4 horas, com um mais forte em caso de SOS.

Os primeiros 10/12 dias foram, de facto, muito dolorosos mas optei por fazer a cirurgia aos dois por sugestão do médico ( a tecnologia e os avanços médicos assim o permitem) e para evitar passar pelo processo duas vezes, anulando mais dois ou três meses de inactividade.

Não é fácil também para a nossa família, que de repente, porque nós decidimos e não eles, se vêem com uma quase acamada, muito dependente para tudo o que éramos nós a fazer e agora não conseguimos (Atenção que, nestas cirurgias, a alta é no próprio dia e somos encorajados a começar logo a andar pequenos percursos, com calçado específico, para evitar retenção de líquidos). E a eles agradeço a ajuda e louvo a aprendizagem que também lhes impus ;)

Parte do meu trabalho é à secretária, parte é feito andando e desandando, pelo que a falta de mobilidade é angustiante. Daí ter preparado a cirurgia também para um período de menos trabalho. Mas a quem tenha este problema e possa, aconselho a fazer. Fi-lo para ganhar qualidade de vida... e lá chegarei.

Passados quase 6 meses da operação, onde por vezes não olhei por mim e abusei, não descansei porque tinha de andar e desandar, porque já estava há muito tempo parada e muitas pessoas não entendem porquê, porque o trabalho nunca pode esperar, porque tudo o que se faça é sempre pouco, tenho uma dor alucinante no pé esquerdo, que quase me impossibilita de andar novamente. Felizmente, porque parei de andar, não cheguei à fractura por stress que afecta a área do pé e para a qual me faltam termos técnicos para melhor a definir.

Conclusão da história: o corpo dá-nos sinais, devemos ouvi-los... mais do que ouvimos aquelas vozinhas em cima de nós a dizer: "Vai, trabalha, que isso passa, que isso não é nada..."

Somos nós que temos a saúde nas nossas mãos e, se a descuramos, vamos sofrer as consequências com danos colaterais e recuperações mais demoradas.

Por isso cuidem de vós! Não deixem para amanhã. 
Pode não ser tarde demais, mas pode dar-vos mais dores de cabeça do que inicialmente previram.
E depois têm de vender os bilhetes dos Scorpions porque não podem estar de pé...


sábado, 30 de junho de 2018

Abecedário de amigos(as)



Guilty as charged:
Sou a coisa mais lamechas que há, emociono-me por tudo e por nada, seja um gesto que observo na rua, num jogo de futebol, num concerto, num casamento (todos!) numa série de televisão, cujo episódio já vi centenas de vezes. Ainda assim, aperta-me o coração e fico com pele de galinha e nó na garganta, quando não desato a chorar que nem uma desalmada.

Acontece que, isto da idade (os 40 estão a dar-me que fazer...), não atenuou esta coisa esquisita que se apodera de mim. Mesmo depois de tantos trambolhões que dei e outros ainda que me empurraram, com força, ou com uma casca de banana subtil. 

Gosto das pessoas e de lhes dizer que gosto delas. Gosto de dar abraços apertados que curam milhões de angústias, nem que seja por breves momentos.

Acontece que,  isto da idade, faz-me apreciar esses momentos que me enchem o coração.

E o Abecedário dos nossos amigos escreve-se com esses momentos:

...com um olá só porque não falamos há cabanices,
... um email com uma anedota para nos fazer rir e esquecer os problemas que nos assolam
...uma mensagem a perguntar como nos correu aquele momento que nos afligia
... um post na net onde  a amizade de anos explode com gestos simples que a distância não abalou
... um sms  onde nos mostram que aquele gesto tão simples que tivemos, mas que fizemos tanto gosto em ter, também significou muito para o outro, também o emocionou e também cimentou a amizade.

E eu recebi isso tudo... em poucos dias. Happy, Happy, Happy!

Acontece que isto da idade, faz-nos olhar a vida com outra perspectiva e olhar ao que é realmente importante.

O meu abecedário de amigos(as) escreve-se com poucas letras. Tenho pena de não serem mais. Mas estas letras do meu ABC são tão verdadeiras e fortes, que valem por mil e um alfabetos. Poucos mas bons, como se diz...

...e como se quer.

Acontece que vocês sabem quem são.
Acontece que agradecer-vos é pouco.







sexta-feira, 29 de junho de 2018

Fraude por Pay Pal



Há gente engenhosa... Mas quando a esmola é muito o pobre desconfia.
Já em em tempos escrevi aqui sobre o problema das fraudes com cartões de crédito, mesmo os que nunca foram activados, o que para mim, no meio da história toda, foi o mais grave.

Recentemente, pus um bem à venda no OLX. Pertence a uma firma e o valor é ainda considerável, dado tratar-se de uma máquina industrial. Passado um tempo recebi um contacto, de alguém interessado, que queria comprar a máquina mas era emigrante nos EUA, e que faria o pagamento via Pay-Pal. Com receio da minha ignorância o Sr. Paulo Almeida, enviou-me e-mails com links de vídeos a explicar como criar a conta e como fazer os pagamentos e transferências para a conta bancária. 

Ia sempre referindo que eu não devia ter medo de nada, que uma empresa de transportes iria entrar em contacto e tudo mais.

Para fazer a transacção, pedi dados de facturação para emitir a respectiva factura. Umas vezes era um contribuinte nacional, o que implicava a cobrança de IVA, outras dava-me uma morada dos EUA, o que faria com que a transacção fosse internacional, logo sem cobrança de tal imposto.

Mas insistia que não haveria problema nenhum, a única coisa que disse do produto foi que parecia em bom estado. Nunca discutiu preço.

Foi quando virei o tabuleiro e lhe disse que as condições eram aquelas e que a máquina sairia da empresa apenas e só quando o valor estivesse efectivamente na conta bancária da empresa.

Mais de 30 mensagens trocadas. Informações erradas sobre IMT´s que não se aplicam e sei lá mais o quê. E sempre a ressalva de que a transacção era segura.

 Já com a pulga atrás da orelha, foi quando ele revelou o esquema. Sob o pretexto de não ter tempo para tratar destas questões, queria que eu pagasse, por PayPal, 950 euros à empresa de transportes para depois dar andamento ao processo. Que transferia o valor total para a conta PayPAl e eu pagava os 950 euros à tal empresa. 

(entretanto, ele retirava o restante valor do PayPal e eu ficava a arder com os 950 euros...)

Respondi-lhe que, se fazia a transferência para uma conta podia fazer para a de transportes... Muita tanga, a conversa morreu quando lhe pedi para não me fazer perder tempo.

Dizem-me que o PayPal é seguro, e uso recorrentemente. Nunca tive problemas mas o esquema de pôr e tirar antes de concluir operação...e adiantar dinheiro quando nós é que temos de receber... 

Cheira a esturro... 
Só um alerta.

domingo, 6 de maio de 2018

Mãe em pleno



Sejam mães em pleno. é essa a única forma de o ser. 
Não pode ser só um bocadinho, só pela metade, só quando dá jeito ou não nos incomoda.
Quem é mãe (em pleno) conhece o amor a si própria e o amor ao outro sem fronteiras, sem limites ou condições.
É uma benção enorme ser mãe, um orgulho, uma missão.
É a possibilidade de compreender o verdadeiro sentido do amor e da vida.
Feliz dia da Mãe.

terça-feira, 24 de abril de 2018

O papel? Qual papel?



Era uma vez um país. Chamava-se República do Papel.
Neste país, existiam pessoas empreendedoras. Muito. Que queriam desenvolver a sua vida, criando negócios e postos de trabalho.
Porém, existiam determinados entraves para que tal fosse possível. E quase todos residiam num papel.
Qual papel? 
Um papel. Um qualquer papel...
 que não foi bem preenchido, 
que não foi entregue, 
que não estava bem identificado,
 bem explícito,
que não previa todas as situações, 
que não justificava o que era necessário, 
que não identificava bem o destinatário ou o remetente, 
ou que devia ter ser entregue ontem e hoje já era tarde demais.
Exemplos? Muitos.

Vamos dar o exemplo de empresa do ramo alimentar: era preciso ter implementado um conjunto de regras que atestassem a qualidade dos produtos ou serviços. (até aqui tudo bem, não tenho nada contra regras que nivelem de forma positiva aquilo que nos faz ser melhores)

E que papéis eram precisos para cumprir com todas essas regras?

- HACCP implementado (vão somando os potenciais custos!!), que implica fazer:
- análises microbiológicas, organolécticas, de superfície, à água...
- papel comprovativo de aferição de balanças e instrumentos afins...
- licenças de captação de águas, com comprovativos de envio de volumes extraídos por mês...
- licenças ambientais, que obrigam a ter papéis que atestem:
- gestão de todo e qualquer resíduo (carimbado e comprovado)...
- dísticos à entrada do estabelecimento com indicação de lotação, horário de funcionamento, atendimento prioritário, indicação de estabelecimento que aceita ou não fumadores, e animais, e indicação da identidade de gestão de conflitos, e proibição de bebidas alcoólicas a a) e b) e c), e informação sobre alergénios, e lista de preços
- e papel afixado do horário de trabalho, do Relatório Único, o mapa de férias, e das horas...

(já ficaram sem fôlego?... era essa a ideia)

Assim se passava com empresas da área alimentar, mas com outras áreas acontecia o mesmo.

E, para além destes papéis, que supostamente atestavam a capacidade de uma empresa laborar, e que para se conseguirem ter, estrangulavam as empresas financeiramente (porque todos estes serviços adicionais se pagavam), nesta República, existiam pessoas empreendedoras, que não queriam saber nada dos papéis, trabalhavam na mesma, sem todos aqueles custos, mas, porque não estavam em nenhuma lista, não sofriam as visitas sempre stressantes de pessoas que fiscalizavam todos estes papéis e mais alguns.

Estas pessoas, a quem chamavam inspectores e fiscalizadores, tinham sempre uma característica comum, que permitiam que a República do Papel funcionasse: liam as leis dos papéis, feitas às vezes por cérebros iluminados que nada percebiam do que estavam a tratar, e verificavam se eram cumpridos.(Parece bem, certo?)

Depois existia algo que as distinguia verdadeiramente: 
- aqueles que construtivamente ajudavam as pessoas empreendedoras a corrigir erros e a indicar soluções construtivas
- e os outros que apenas penalizavam os empreendedores que lutavam todos os dias por um futuro melhor.

E aí vinha a pergunta: 
-O papel?
- Qual papel?

Porque, na República do Papel... sempre faltava um papel... e, ás vezes, assim, se apontava o dedo e  se aferia do dolo das pessoas... 
...mas das que estavam na lista!!!!!

(NOTA: qualquer semelhança com o nosso país, é pura verdade. Dura e atrofiante realidade)