Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O voto em branco e os indecisos



Em tempos recuados (sim, já sou cota o suficiente para utilizar esta expressão!), sempre que era noite de eleições, e perante os resultados anunciados, conversávamos. Presencialmente, nos anos em que me acolheu, quando estudava na Universidade em Lisboa, ou pelo telefone, quando já lá não estava. Gostávamos de comentar e fazer a nossa análise particular. Era a minha madrinha e, como leitora mais assídua da família (o Expresso ficava amarrotado logo no sábado de manhã, o Público era presença frequente lá em casa e a rádio estava sempre sintonizada na TSF), era a que me falava das diferentes perspectivas dos comentadores. Claro que me falava mais dos seus preferidos, os de esquerda, não vivesse ela tão perto do Rato.Este ambiente e esta constância na análise influenciou-me muito na perspectiva de encarar o voto como um dever e como uma expressão das minhas ideias, numa cruz, que devia seleccionar por convicção.
Neste ponto da campanha, desta campanha do ainda mas já pós-crise, as análises já atingiram um ponto de exaustão em que já quase tudo se disse. E, dessa forma, alguém vai acertar no prognóstico...
De qualquer forma, há expressões que retive e sobre as quais reflicto. 
Dizia um versado em análise estatística que tão cedo (e estamos a falar de um prazo de 20 anos, pelo menos) não haverá maiorias absolutas. O que, digo eu, que não percebo nada disto, nos pode remeter para períodos de instabilidade governativa. Porém, também acredito que vivemos nos últimos anos um défice de soberania nacional, quais fantoches manipulados por UE, Troika, FMI, etc. Considero ainda, nessa perspectiva, um erro de estratégia política do PS o seu isolamento, sem coligações à esquerda. ( Bem sei que Marcelo ontem referiu que o que está em causa são os 400 mil votos de centro, indecisos... e que têm medo de radicalismos à esquerda, mas... ).
Mas segundo o mesmo comentador, os indecisos não existem. É um grupo criado pelas sondagens e que tem expressão porque alguém responde que ainda não sabe. Mas as pessoas já decidiram: ou não votam e são abstenção, ou já decidiram  mas não querem dizer, o que resultará nas margens de erro das sondagens. Diziam também os comentadores que o voto em branco deve ser correctamente analisado, visto que tinham até muitos exemplos de amigos esclarecidos politicamente e que optavam por votar em branco.
Concordo. Na medida em que pode não existir, no boletim, uma força política na qual acreditemos e que nos transmita a confiança necessária para que nela depositemos a nossa esperança.
Mas este voto em branco é em tudo distinto de não votar, de ficar em casa ou ir à bola.
Esse é um desprezo pela vida social, pelo dever cívico que todos temos e pela nossa liberdade de expressão, de exigência aos representantes eleitos e de crítica  (coisa que, nós, portugueses fazemos tão bem)!
Vamos lá então, no domingo!

PS: Madrinha, fazes-me falta!


domingo, 20 de setembro de 2015

Obrigada AEA!




Todos gostamos de ter filhos bem educados, que se portem bem, sem nos dar muitos cabelos brancos, sem nos envergonharem perante estranhos ou conhecidos e que tirem boas notas.
A escola, como parceiro na educação dos nossos filhos, não substitui a educação, dever dos pais - quantas vezes já ouvimos isto?
Porém, as escolhas que fazemos sobre onde os colocar a estudar são ou uma escolha sem escolha (porque não temos outra opção) ou são uma escolha consciente e possível ( financeira, geograficamente exequível, ou logisticamente e afectivamente preferíveis)
Com o início deste ano escolar, fiquei emocionada com um vídeo com que o Agrupamento nos brindou, na recepção aos Encarregados de Educação.
É um vídeo que toca bastante e me deixou muito feliz por ter os meus filhos neste Agrupamento, onde também já fui aluna, e onde tive a minha primeira experiência jornalística, como  editora dos primeiros números do jornal Soma e Segue ( Hiii.... já lá vão tantos anos, que nem vale a pena dizer....)
Todos reconhecemos a dificuldade em organizar tudo o que está relacionado com a Escola e como é de uma enorme responsabilidade porque são as vidas dos nossos filhos que estão em jogo. Não há Agrupamentos perfeitos, mas fiquei esperançosa que, daqui, os meus filhos saiam preparados para esse mundo lá fora, com ferramentas e experiências valiosas.
E este empenho demonstrado desperta também (deve despertar... e em mim despertou) a necessidade de participar e de ser voz activa, participando com a comunidade escolar...
Pais, colaborem, participem, não sejam apenas um dedo apontado a defeitos mas ajudem a construir este dia-a-dia de extrema importância na criação do futuro deste seres pequenos (ou já não tão pequenos), que gerámos e a quem desejamos o melhor do mundo.
Ora espreitem o vídeo:

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Azeitonas: só o caroço?





Ontem assisti novamente a um concerto dos Azeitonas, inserido neste fórum da Juventude em Alcanena.
Ao princípio, fraquinho em público mas depois plateia muito concertada. Todos com esperança de um bom espectáculo.
As expectativas eram altas a julgar pelo ambiente pré- espectáculo, oferecido pela Câmara Municipal de Alcanena.
Porém, e muito respeitosamente, assim que começa o show, o vocalista-mor Marlon avisa: Miguel Araújo não veio!! Ohhhhh... Será que já não vamos ouvir os aviões????

Mas a coisa ia acontecer, sem ele, doente...e revisitando este post, onde os elogiei no espectáculo que deram, em Junho, na Feira da Agricultura, achei que a força musical que lhes reconheci ia impor-se. No referido post, escrevi:
"Depois vi Os Azeitonas, também na Feira da Agricultura. Não por ser um desígnio maior, mas porque calhou. E não é que fiquei surpreendida!! Com as músicas que afinal conhecia, com o estilo vintage que envergavam sem pudor, com a irreverência de artistas aliada a um profundo conhecimento musical e qualidade que todos os membros tinham."
 Na altura, não achei sequer Miguel Araújo armado em vedeta, embora estivesse na boa, na sua descontracção sob o lado direito do palco, onde o seu estatuto de artista lhe permitia a sua bebida e o cigarro sempre à mão.

Ontem, Marlon parecia Passos Coelho e as referências a Sócrates no debate televisivo do ano... Tanto falou do Miguel, que desvalorizou o concerto. Todos esperávamos a sua presença ( aliás, espero que o Executivo tenha pedido um desconto...:) ) mas, caramba, vocês valem por si.... E teriam valido, se tivessem acreditado mais e dado mais a este público que, apesar de, para além da paisagem, vos recebeu na esperança de um concerto inédito mas com garra.
O vosso começo treme um pouco porque são muitas músicas seguidas menos conhecidas, para ganharem públicos mais difíceis, mas depois a vossa garra acabaria por colmatar qualquer falta de um colega vosso. 

Então e a história do autocarro, então e a interacção com o público? 
MÍ - U - DA
Que é que estiveram a fazer, pá?????

PS: Não desisti de vós, mas, nos grandes como nos pequenos, há que dançar (trabalhar) como se ninguém estivesse a olhar, ou seja, com todo o empenho... e a saber a letra, mesmo se não for a nossa canção!



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O mundo como o conhecemos acabou



Sim, o mundo tal como o conhecemos está a acabar...
(Não se assustem... esperem um pouco!)
A vida simples e sem horários (tão) rígidos chega ao fim. Mais um ciclo que termina, mais um Verão que deixamos para trás com um suspiro de quem abraçou os dias maiores com toda a energia.
As noites sem hora para deitar, as manhãs de preguiça na cama, a surpresa de actividades diferentes e inesperadas... tudo já lá vai.
Cá em casa, a ansiedade do início do novo ano escolar passa mais pelos graúdos do que pelos miúdos. Eles vão pelo arrasto de expressões repetidas (quase) até à exaustão: " Isto a vida boa está a acabar!", "Para a semana já não podes deitar tão tarde, agora vamos ter de nos (voltar) a organizar de outra maneira!" - Tudo em nome da expectativa de que a adaptação se volte a fazer, sem problemas, apesar das mudanças de escola e apesar do histórico...
Here we go again!
É um voltar aos horários, às rotinas que, cada vez mais me irritam e me sufocam. Já todos passamos por isso, mas este corre para aqui, corre para ali perpassa no olhar dos pequenos, como uma aflição. Sentimo-nos inquietos em todo o lugar, porque já deveríamos estar no lugar seguinte...
Here we go again!
... A trabalhar numa forma de abrandar, para que tudo corra smoothly ( gosto muito da doçura desta palavra...) e que nos liberte de stress a que nos sujeitamos, por vontade própria, para além das imposições da sociedade.
Here we go again...
Let´s do this!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O que temos a mais e o que falta


Faltam palavras para expressar o que significa aquela imagem.
Demasiadas palavras já foram ditas.
Tudo o que as nossas vidas têm a mais, caem num imenso caldeirão de vergonha. A esse caldeirão chamamos rotina, que embelezamos com tarefas cheirosas de vida dita normal, como se um outro mundo não existisse. Como se a imagem daquele menino fosse ficção, como se, ao fim do dia em que dela tivemos conhecimento, o mais importante fosse discutir a importância dos 30 anos do Multibanco, com painel de convidados, e com directos à meia noite de um local onde existem inúmeras máquinas de debitar notas e que, possivelmente, podem ir a vomitar moedas.
Como esquecer aquela imagem, como virar a cara e continuar com velas perfumadas, cadernos a cheirar a novos, jantaradas de desperdício e roupa de última tendência??!!
Sinto-me impotente mas consciente da nossa culpa. Da culpa da nossa inércia.
Esta memória, a desta criança, doí na alma.
Sem palavras.
Sem remédio?...