Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Legados

Incrível como, com a morte de Stephen Hawking, este mundo virtual se enche de citações e citações, mostrando como se valoriza, afinal, o que ele disse em vida. 

Aos 21 anos, todas as suas expectativas morreram (palavras do próprio) com o diagnóstico da sua doença, esclerose múltipla amiotrófica.

Em vez de uma vida vegetativa, lutou por deixar a sua marca neste mundo. E esta inundação de citações e RIP's é o sinal que, de facto, deixou. Mente brilhante.

Dos 21 aos 76, são 55 anos em que não baixou os braços, 2860 semanas em que não se deu por vencido, 20075 dias em que não deixou que as circunstâncias da sua vida determinassem o seu destino. Coração gigante.

Sigo um perfil duma mãe amargurada pela perda do cônjuge, de forma trágica e precoce. No meio do seu percurso de luto, muitas vezes incita os seus leitores a responderem à seguinte questão:

'Tell me one thing you did today to move your life forward in a positive direction.'
Digam-me uma coisa que tenham feito hoje para levar a vossa vida numa direcção positiva.

Pequenos passos fazem o caminho. 
E deixam a nossa marca no mundo.
Mesmo que pequenina...pequeníssima em comparação com o brilhantismo e a humanidade de Stephen Hawking.
Mas que, pelo menos,  sirvam de exemplo positivo, aos que nos seguem como tal. 
Assim, já o legado é enorme!







Aquele momento de total aniquilamento

Há momentos de total aniquilamento interior.
Onde, quando, de um momento para o outro, todo o alento nos abandona e o nosso interior se torna um vazio interior de um silêncio ensurdecedor.
Não há como fugir-lhe.
Não há como ignorá-lo.

Então, nesse momento, há que deixar tudo assentar. Mesmo que se instale uma tristeza profunda, difícil de explicar e justificar. Há que deixá-la tomar raízes, expressar-se... como se fosse essa a nossa última e definitiva definição.

Vamos deixá-la ser por uns momentos, por uns dias.
E lá no fundo do ser, vai chegar um momento ( sim, ele vai chegar!) em que, com toda a força dos nossos braços e de ferramentas poderosíssimas, como amor por nós próprios e dos que amamos, vamos arrancar esse aniquilamento, essa morte que nos roubou momentos de fruição de vida.

Renascemos.
Toda a vida é morte e renascimento.
Renasçamos.
Vivamos.
Na plenitude da nossa condição.
Na gratidão das nossas imensas bençãos.



domingo, 4 de março de 2018

Plágios e outras injustiças












A palavra plágio será, talvez, a mais votada do mês. 
Difícil concordar ou discordar se, de facto, existiu, quer no caso mais badalado de Diogo Piçarra, quer nos outros menos falados. ( será que alguém já associou O Jardim à banda sonora de Brokeback Mountain ????, I wonder...)

Com 7 notas apenas, será que as nossa influências mais ou menos distantes não condicionarão sempre o nosso processo criativo a nível musical? Com tantas inputs de todos o lado, o que é verdadeiramente inovador e original?

Na escrita, quem não tem as suas influências? Na pintura, no cinema... No nosso modo de falar, de comunicar?

Enfim , triste mundo este, onde a tentativa de quebra, de disruption, pode, em instantes, tornar-se demolidora de integridades que nunca deviam ser molestadas por esta sociedade de dedo constantemente apontado ao próximo.

Mas outras injustiças há disfarçadas de democracia. 
Esta semana, a minha teen participou num projecto bastante meritório, pelo envolvimento na sociedade civil que desperta nos jovens e a que o Agrupamento de Escolas de Alcanena aderiu. O projecto chama-se Parlamento dos Jovens e leva os nossos miúdos a preparar uma série de medidas que promovam melhorias na aplicação de determinadas leis, ou novas medidas que melhorem a vida dos cidadãos. Todos os anos têm um tema e este ano era Igualdade de Géneros.

O projecto desenrola-se por várias fases até chegar ao nosso Parlamento, em Lisboa. A minha teenager participou (aliás, esta foi a sua terceira participação) e, desta feita, ganhou a nível escolar e passou à fase distrital, que se disputou no início da semana. 

Da euforia da vitória pela manhã, passou à total desilusão na parte da tarde. Isto porque, apesar do seu projecto e dos seus colegas ter ganho, com o sistema implementado (e que pretende retractar o que se passa ao nível da real representatividade no parlamento), quem idealizou, preparou, trabalhou o projecto, não o irá defender mais porque a sua equipa não foi escolhida. 

Agora digam-me como se explica a estes míudos que, agora, alguém se vai apropriar das suas ideias e as vai levar como suas, para o nível seguinte?

É este o sistema que nos representa? Em potência, os deputados na Assembleia estão a apresentar projectos que não eram deles de raíz e alguém ficou pelo caminho? É esta a democracia e a justiça que defendemos?

Plágios há muitos. Uns escondidos, outros menos, outros à descarada.

É o que temos!

(Escusado será dizer que, apesar do imenso gozo que lhe deu participar, já tenho a promessa em casa de que esta foi a última vez que participou. Penso que o país acaba de perder uma excelente representante e defensora dos direitos de todos nós. Too bad...Your loss...)