Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Trump: enfiar o boné





Medo.
Muito medo.
Perdi umas horas de sono esta noite a tentar perceber o desenrolar dos resultados norte americanos na corrida à casa branca.
Perplexa, quando pelas 3 e tal da manhã, se percebe que não há volta a dar: Trump vai governar os EUA, Trump vai governar o mundo.
Alguém alguns dias atrás dizia que as eleições nos Estados Unidos são tão importantes para o mundo que todos devíamos votar... no mundo inteiro.
Assusta-me ter este homem com os códigos nucleares na mão.
Só consigo lembrar frases como: contra negros, contra mulheres, contra mexicanos, contra emigrantes, muros, muros, muros, violações...
Hillary perde por não saber descer ao povo. Mas tenho medo deste povo que se aventura neste tão incerto personagem, num momento de tão grande tumulto mundial.
Mas o povo votou. A democracia e a liberdade debatem-se- já alertou ontem Júdice a Judite de Sousa.
'With great power comes great responsability.'
Custa-me entrar em modo reality show para a Casa Branca. Já tive pesadelos a vê-lo a acenar na varanda  com o seu chapéu.
Que grande chapelada leva o mundo esta quarta-feira.  
Medo, muito medo.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Estou órfã de livros...




Estou órfã de livros...
Tenho tantos que não li mas o último deixou-me já vai para umas semanas e parece ... falta -me mesmo qualquer coisa.
O problema é que gostei tanto do livro que não o consigo substituir assim... Ando a fingir que leio o Diário de Ann Frank, porque me falta fazer este check na minha lista...e  porque vou ajudar a minha quase teen, já que é de leitura obrigatória para ela no 8ºano. 
É que desde O Código da Vinci que não ficava tão entusiasmada com uma leitura.

A Verdade sobre o caso Harry Quebert é, para mim, um thriller emocionante.( Pronto, se quiserem ler o livro não leiam mais deste post e mergulhem na leitura)

São 684 páginas (na edição limitada) de puro prazer. A estrutura, a intriga, o passado revelado e o presente ainda perturbador, com o processo de escrita envolvido no meio disto tudo.As páginas percorrem-se sem esforço. Tudo porque todas as páginas são necessárias. Todos os detalhes contam. E todos os pormenores, quando chegamos à última página, se encaixam na perfeição. Nenhum detalhe, do presente ao passado, do livro 1,2 ou 3 é deixado ao acaso.
É um puzzle com peças pequeninas, a 3 ou 4 dimensões e que umas não passam sem as outras.
É um labirinto onde se tem de percorrer todos os cantos, mesmo os que não têm saída, para conseguirmos sair com todo o conhecimento necessário.
(E não me venham falar de argumentos roubados e Lolitas... Não aprofundei muito a questão, sou pelos direitos de autor... mas ideias repetidas é o que há mais neste mundo mas escrever assim, também não se copia, há que ter engenho. O Rodrigues dos Santos também inventou um Robert Langdon português....)
Gostei. Amei.
Leiam, e depois digam se tenho ou não razão.




(Se um dia escrever um livro gostava que tocasse as pessoas como este me tocou)

sábado, 8 de outubro de 2016

Não me estraguem mais livros...




(post para ler se já leram o livro e estão a pensar se querem ver o filme, ou se já foram ver o filme)

Pronto, mais uma que confirma a regra: o livro é muito superior ao filme.
Saí ontem da sala de cinema com a sensação de amargo na boca. Como se tivesse bebido um café excelente, mas que na última golada só apanhei borra.

É claro que ninguém espera os pormenores, as sensações únicas de tanta página percorrida avidamente à procura de desenvolvimentos e revelações de nos levantar da cadeira, retratados em hora e meia. Essa é a realidade que muitas vezes estraga as adaptações ao grande ecrã.

O que acontece com esta adaptação é que o desejo de transportar o lado lúgrebe e decadente da protagonista é tão exagerado que o filme se torna soturno em demasia, lento em demasia, calado em demasia. 
Sentimo-nos inebriados, como Rachel. Ao ponto de os olhos se quererem fechar, Os pormenores 'errados' são mais que muitos a começar pelo lado tão limpinho, elegante de blazer vestido da protagonista que não existe na desleixada e gorda Rachel do Livro, o pano de fundo ser Nova Iorque enquanto no livro tudo se passar nos subúrbios de Londres, o telefone de Megan encontrado na mala do computador em vez do saco de ginástica.

Enfim, details... 

É uma adaptação. Pergunto-me até se o objectivo da mudança de tantos factos será uma afirmação da liberdade na adaptação. O êxito do livro criava expectativas muito altas e assim há uma salvaguarda. É uma adaptação. Livre. E quase sem banda sonora...Como poderiam existir tantas outras, A minha seria de certo diferente. Mas também não sou realizadora de cinema,nem argumentista.

Pergunto-me se, quem não leu o livro, terá percebido alguma coisa do enredo. Uns adolescentes no elevador, perante as nossa críticas disseram-nos que sim. E que gostaram bastante.
Ainda bem para eles...

Espero que não me estraguem mais livros.
Assinado:membro-nº1-dos-leitores-de-livros-contra-as-adaptações-para-cinema-(tirando-O-Código-da-Vinci, vá...)

sábado, 23 de julho de 2016

As Raparigas Esquecidas e o verbo Anuir




Como leitura de férias, escolhi um thriller (um dos meus géneros preferidos- cá romantismos em forma de prosa de mariquices não são muito o meu género), sugerido num post da NIT, que podem ver aqui
As sugestões eram várias, mas não queria um calhamaço, para juntar a alguns livros que tenho em casa, começados, em que avanço e recuo, mas que ainda não dei conta do recado.
E lendo o resumo do enredo, como geralmente faço,  optei por este livro de Sara Blædel , considerada a rainha dos trilers psicológicos do Norte da Europa.
180 páginas… vamos a isso.
Em 3 dias, o livro leu-se, sem dificuldade, sem rodeios e com um enredo até interessante, sendo que já não era a primeira vez que contactava com a realidade nórdica (se bem que já lá vão uns anos desde que li Os Homens Que Odeiam as Mulheres de Stieg Larsson
A questão que me levou a escrever este post deve-se à tradução do livro. Não percebo nada de norueguês nem conheço a sua versão original, mas penso que não deixo por maus caminhos a nossa Língua Portuguesa (sem acordo ortográfico, conforme explicado aqui).
A questão está muito para além das grafias mas sim da fluidez do discurso e das bengalas de expressão a que nos agarramos.
Facilmente percebem o que vou descrever se vos disser que a minha quase teen se abeirava de mim e dizia: “Esse é o livro do anuir?” e quando se punha a ler por trás do ombro e dizia: “Anuir, outra vez?”
Sim, vezes e vezes sem conta. Está uma pessoa interessada em perceber o que aconteceu ou vai acontecer e lá vem a frase A A anuiu…O B anuiu. O C anuía enquanto andava…
Ao ponto de desconcentrar da leitura e, esperançosa, pensar: “ Bem, não vai aparecer outra vez…a revisão de texto não deixava passar.”
É que a expressão até nem é muito usada na nossa língua, ou serei só eu? E mesmo que se use e que seja eu que não esteja habituada, de certeza que não se pode repetir tanta e tanta vez.
Fica uma história assim assim, sem vontade de ler a sequela, já que ficou um mistério do passado da protagonista por resolver a uma página do final do livro e facilmente a nossa imaginação nos pode levar a entender o que se passou, e assim fugir a mais 300 vezes de ter de ler a dita expressão.Sugiro ao tradutor  e à revisora um bom dicionário de sinónimos. Às vezes, um “acenou com a cabeça que sim” pode ser a melhor tradução. Digo eu que nãopercebo  nada disto.

(Quem ler, pode anuir… se quiser)


terça-feira, 7 de junho de 2016

Rapazes, vamos lá ser uns homenzinhos!



Novo campeonato, novos desafios, nova esperança em sermos grandes...
Já sabemos que, no próximo mês, todas as atenções vão estar voltadas para Paris e  para o Euro 2016. Mais ainda, aqui, para além da paisagem da Europa central, estaremos de olhos postos nos nossos heróis, armados em craques e nas possíveis alegrias que nos trarão... ou não...
Ladies, tenham calma e entrem na onda! Vamos todos ver o desporto rei.
Bora lá voltar a pôr bandeirinhas nos prédios, no carro, na bicicleta, no braço enquanto corremos.
Portugal, rise up! Toca a formar fileiras e marchar...
Áustria, Hungria e Islândia .... nos aguardem, né?

No entanto, urge dar um recadinho aos nossos representantes dentro das 4 linhas.
- Meninos, toda a gente percebe que esta passagem pela selecção é um  momento dentro da vossa carreira, que vos pode dar ou já deu no passado alguma visibilidade. Mas isso, verdade seja dita, não é o mais importante para vós. Toda a gente sabe que os euros passam pelas vossas transferências para o clube A ou B, pelas vossas e pelas contas dos vossos agentes. E isso é o que faz o vosso ano. Também sabemos que pode ser até a última vez que representem a selecção. Pode ainda ser que a não mais queiram  representar. 
Mas tenham calma. Concentrem-se no que estão a fazer. No fim, seja ele mais cedo ou mais tarde, haverá tempo para conferências de imprensa, comunicados e fontes que, de repente, têm a informação mais importante do mundo do futebol português. 
Isto já aconteceu no passado. E cai mal, cai muito mal. Distrai. Muito.E faz-nos sentir, a nós comuns-mortais-com-ordenados-da-treta-mas-que-gostam-de-ver-o-país-bem-representado, desrespeitados, como se nós, enquanto nação, não fossemos suficientemente importantes para vós.

E nesse mesmo sentido, senhores da imprensa, sobretudo portuguesa, take it easy! Deixem os rapazes jogarem e depois façam as perguntas que, agora e enquanto durar a nossa participação no Euro, só serão inconvenientes, só criarão mau ambiente.

Por isso, rapazes, vamos lá ser uns homenzinhos!
Foco! Lutem lá pelo caneco. Nós aqui, para além da paisagem dos milhões dessa Europa, humildemente, agradecemos.


terça-feira, 17 de maio de 2016

O nosso lugar seguro


Todos temos o nosso lugar seguro.
O lugar onde nos sentimos em segurança.
Onde nos sentimos calmos, descansados e sabemos que não seremos incomodados porque é um jardim proibido, onde só vai quem tu quiseres...
É um local, onde temos o nosso colo. Não o da mãe, nem o do pai, nem da irmã do coração. Nem o da amiga que é mais do que isso. Nem do nosso amor de toda a vida.
É um local sagrado. Que descobrimos porque a vida nos obrigou.
Porque a vida nos tirou todos os chãos e todas as escadas. Todas as saliências a que nos pudessemos segurar. E nos fez perder a esperança e a fé. E nos mostrou que o fim está aqui, todos os dias à nossa frente, mesmo que não o queiramos enfrentar. Que estamos em queda livre.
E nesse abismo em que estamos.... descobrimos o nosso lugar seguro.
Ele está lá.


Há palavras que se esvaziam de sentido perante a enorme dor que assola tantas pessoas...
Que possam encontrar o vosso lugar seguro. Em solidão ou na companhia dos que amam.
Sempre. Hoje. agora, sempre que a dor for dilacerante. Sempre.
Sempre.


terça-feira, 10 de maio de 2016

Religiões há muitas...



Percorri hoje uma estrada no Portugal profundo, caminho muito movimentado nesta altura do mês de Maio pelos peregrinos que vão até Fátima, motivados pela sua fé, pelas suas promessas, pela sua gratidão, pelos seus anseios e tormentos.
Num curto espaço de tempo, encontrei situações curiosas e fiz associações estranhas.

Em primeiro lugar, o semblante de algumas dessas pessoas, por baixo de capas que as abrigavam da chuva fez-me lembrar as mesmas capas que vimos este fim de semana, nos fãs (ou menos fãs) dos AC/DC. Religiões diferentes... cada uma com a sua.

De seguida vi um pergrino encapuzado, rosto e tudo que mais parecia um terrorista - hoje, enquanto ouvia na rádio mais uma notícia de um atentado na Alemanha. Religiões ... cada um com a sua.

Mais à frente, sinais de trânsito temporários alertam para manutenção na via. Andam uns senhores a acortar a vegetação da berma. A sério? Com tanto peregrino na estrada, não havia outra altura?? Antes, or exemplo??  Respeito pela segurança ... e pela religião...

Eis que, com todo o cuidado e velocidade reduzida em que conduziam os carros na zona, pára tudo! Um peregrino atravessa a estrada para que outro, do lado oposto, lhe tire uma selfie, com os campos verdejantes por trás e um sorriso rasgado na hora. Peregrinação a quanto obrigas!

Por último, vejo um caminhante, com o cachecol do Benfica ao pescoço. Era eu uma gaiata, fiz uma promessa a Nossa Senhora para que o Benfica se sagrasse campeão europeu. Aprendi na altura a lição e desde então, nunca mais misturei estas duas religiões

Nossa Senhora estará certamente mais ocupada com situações mais urgentes, prementes e necessárias. É preciso dizê-lo?

Religiões... respeitam-se mas não se misturam.
Haja respeito.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Dizem que somos lamechas...





Dizem que somos lamechas, que choramos por tudo e por nada, que nos emocionamos ao mais pequeno gesto...seja ele agradável ou não.
Dizem que reagimos à pele, que não se pode dizer nada e que logo estamos a fazer um drama.
Dizem que ter blogues é foleiro, que é coisa de quem é, digamos... lamechas, onde se dizem e apregoam situações lamechas.
Lamechas... nada de alternativo, nada de out of the box, nada de fugir à main stream, seja lá o que isso for.
Pois defendo a lamechice, não só à flor da pele, como até à medula. A lamechice é uma normalidade que me agrada por demais.
Gosto de me emocionar com as situações.
Gosto de chorar baba e ranho a ver o Bambi e o Nemo e a Heidi e o Pretty Woman. 
Gosto de me emocionar com gestos, palavras loucas e, muitas ou poucas, com significado.
Gosto de me emocionar com a vida, os meus e aqueles que nem sonham que os considero meus ( e que, por isso , já muita porrada da vida levei).
Gosto de blogues foleiros de tão lamechas.
Gosto de expor as minhas palavras, lamechas e deixá-los falar.
Não que as minhas palavras sejam mais importantes que as outras. Ou mais lamechas. Mas são as minhas e que gosto de partilhar.
Havia de haver um dia Mundial da Lamechice.
Humm,,,, Acho que vou ligar para a Rádio Comercial!

domingo, 1 de maio de 2016

Mãe




Mãe
Que vens de mansinho
Que com carinho
Sopras a dor 
Que com calor
abraças o mundo
No teu colo

Que moves a terra
protegendo e segurando
Sorrindo, a partir de dentro
Do coração que bate
Desenfreado com medo
Que algo aconteça
Mas que cândido
Recebe o amor dos seus
Amores pequenos

Mãe
Que sopras curando
Que vives amando
Que encontras Deus
Na criação dos teus

Mãe,
Felizes os que podem
Dizer mãe.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Eu, no meio deles...Carrega, Benfica!!!



Dos quatro cá de casa, sou a única do Benfica. De resto, é tudo lagarto. E tenho de os ouvir a cantarolar o Sporting olé, e o só eu sei porque não fico em casa. A acrescer, ninguém os convence a ir à Luz. E mais ainda: de vez em quando vão a Alvalade. 
E eu vou com eles.
Sim , vou a Alvalade. 
Sim, pago (pagam-me!) bilhete para ver um jogo que, à partida, não me diz nada (pronto, se perderem uns pontos tanto melhor!). 
Sim, vou a Alvalade. É preferível do que ficar em casa e é mais um programa em família.
E qual a minha grande recompensa??
A roulote das bifanas e imperial, claro. Sim, sou adepta. Fervorosa adepta duma bela de uma bifana, com ou sem ovo, e uma fresquinha.
Ah, a satisfação, o sabor, a frescura... o belo do petisco, devidamente fiscalizado pela ASAE, acredito! :)
Enfim, depois de devidamente abastecida e mais satisfeita, lá tolero os 90 minutos, com mais umas queijadinhas de Sintra pelo meio ou, ainda melhor, na expectativa de mais uma bifana depois do jogo.

E lá os ouço cantar e gritar, como se não houvesse amanhã ( o que faria de peito cheio do outro lado da segunda circular!). 
E lá comento as atitudes de um treinador sui generis, sobre o qual estive de bico calado durante 5 anos. (Agora é que é desancar no homem, Jasus!) Mas baixinho, para ninguém perceber que têm o inimigo entre portas. E que os analiso como adversários, atacando atitudes, como um cavalo de Tróia!

Acontece que, salvo alguns momentos inusitados em que o coração vermelho me leva a dizer coisas menos próprias, sou muito respeitadora da preferência clubistíca de cada um. 
...fair play... 
...que ganhe o melhor...
... portuguesa acima de tudo quando se joga com equipas estrangeiras.
Mas, meus amigos...BASTA!

Recentemente, depois do nosso desaire frente ao Bayern e depois do que suportei lá em casa, digo-vos: vou gritar e festejar até mais não com os próximos jogos. Amor com amor se paga!
Porque sei que, se porventura o bruxo de Fafe tiver razão, ninguém os vai calar...
Porque este será um campeonato especial de ganhar : o 1º de Jesus do lado de lá ou 1º sem Jesus e com ele do lado de lá... De qualquer das formas, terá um gostinho que só os adeptos de futebol percebem...
Porque, ganhar um campeonato é sempre uma coisa boa...oh se é!!! Ainda mais se for o Benfica! Se correr mal...olha, a vida continua!

Então, eu no meio deles, vermelha até morrer, esta semana, vou gritar POOOOOORTO!!!!

Carrega Benfica, rumo ao 35º!!!

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Liberdade a quanto obrigas





Neste dia, desejos avulsos:

- Que nunca nos falte a memória para reconhecer a força e coragem que parece faltar a este povo, que um dia se ergueu e lutou por ideais de Liberdade.

- Que saibamos descobrir, em cada acto, a nossa liberdade, na afirmação dos nossos valores, das nossas crenças, do que nos diz baixinho todas as noites o nosso coração.

- Que, dessa forma, saibamos dizer basta quando assim é preciso, que saibamos dizer assim não quando é demais ( e já é demais, minha gente!)

- Que saibamos honrar a nossa história, não da boca para fora, mas no empreendedorismo real e efectivo, sem dependências nefastas e algumas até obscuras.

- Que saibamos aplicar a Liberdade, na construção de uma sociedade melhor, de uma sociedade que respeita os valores humanos, reconhece capacidades, sem se basear em quotas, 

... Que honremos Abril! 


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
[Sophia de Mello Breyner Andresen]

segunda-feira, 14 de março de 2016

Thank you, Masterchef Australia!



I love this show, since series 1 , when the trophy was surprisingly won by Julie Goodwin.
But there is also MasterChef Portugal! - Yes, there is.
But there is also MasterChef America! - Yes, there is.
And there is also the Spanish one... OK.
But it is note the same thing!

MasterChef Australia is the real one, the authentic one (although the format was born originally in the 90's in the UK) Although the show has a number of versions all around the world, there is none I like as much. This show, in the air since 2009, is the perfect meaning of public service.
It came at a time where a boom of culinary shows poped up. So many chefs, from Ramsay to Oliver and Nigella showed sophisticated as well as down to earth food, bringing people close to healthier and tasty food.

MasterChef calls out amateur cooks, giving them the opportunity to evolve and shine with their culinary talents. This is done in a brilliant way.
I like to think that the game is clean. Nevertheless, there are strategies. But we can’t see malice as in the American version,. I remember when Christine Ha had to cook with live lobster, an ingredient given by a colleague, trying to eliminate her.  No harm was done: she won season 3.
I know we only see the show, we don´t read the magazines with all the gossip. But the air on set is completely different from the American version. This is cultural... and culture.
In Masterchef Australia, there is ambition, but that does not destroy the other contestants. In the Portuguese version, I am sorry to say this, the judges make the contestants fear them so much, as if they were Gods. There is no need for this….
The australian judges are great:
Gary Mehigan and his loads of flavour
George Columbaris and his seu Boom, boom, shake the room
Matt Preston his restaurant quality dish....

They always have  the right word, the golden tip to correct the mistake, the support in the pressure moments.
I could say so much more about this show that has won a number of prizes but it all comes down to this:

High quality TV can be done with high standards and values, without saying bad things about the other contestants, bringing together people around the table. And the Portuguese people know how often this happens and how important it is.


Thank you Masterchef Australia!

Here´s the link to the New season presentation



Adoro este programa, desde a primeira série, desde o primeiro troféu entregue à improvável vencedora Julie Goodwin.
Mas também há o Masterchef Portugal! Há.
Mas também há o Masterchef América! Há.
Mas até há o espanhol! Há.
Mas não é a mesma coisa.
O Masterchef Austrália é o verdadeiro, o autêntico. E apesar de o formato ter sido aproveitado para todos os cantos do mundo, não conheço nenhuma versão de que goste tanto.
Este programa, que foi para o ar pela primeira vez, naquele país, em 2009, encerra em si tudo o que podemos esperar de um serviço público.
Surgiu numa altura em que o boom de programas de culinária disparou, chamando novamente as pessoas à cozinha, convidando-as a cozinhar novamente e a fazê-lo bem, de forma saudável e com muito sabor. Ramsay, Oliver, Nigella... tantos chefs com programas culinários com receitas mais elaboradas ao princípio e depois mais down to earth, mais próximas das pessoas, do comum mortal, que tem de ter ingredientes que se vendam no supermercado da esquina e de cozinhar em tempo record.
O Masterchef Austrália chama à ribalta cozinheiros amadores, dando-lhes a oportunidade de evoluírem e fazerem brilhar os seus talentos culinários. Mas fá-lo de uma forma exemplar. Gosto de acreditar nos formatos e na 'limpeza' dos jogos (sou muito crédula!) E este programa é um jogo. Mas, dentro do jogo há uma pedagogia brilhante, há um lado de tutorial e de aprendizado impressionante. Sem demagogias, sem puxar de galões... um partilhar de conhecimentos de mente aberta.
Há estratégias e eliminações, sim.
Há opções que ajudam uns a seguir em frente e outros a ficar pelo caminho, sim.
Mas não se vê a malícia em prejudicar os outros, como no Masterchef America. Recordo, por exemplo, o episódio em que, sendo uma das concorrentes americanas invisual, o colega lhe deu para cozinhar lagosta viva com o propósito de a deixar logo ali desarmada. Felizmente, enganou-se e Christine Ha acabou por ganhar a temporada 3.
Com a distância de um mundo ao contrário, também perdemos (e ainda bem!), é certo, as tricas e baldrocas que as revistas hão-de explorar. Mas também não me chega isso da América e o ambiente on set é radicalmente diferente.
Nota-se, na versão australiana, a ambição de cada um, mas que não passa por destruir o outro. Na versão  portuguesa, reconheço a qualidade dos jurados mas, que me desculpem  Manuel Luís Goucha (o meu primeiro livro de culinária foi da sua autoria, Em Banho Manel) e Miguel Rocha Vieira, há ali uma altivez que era dispensável. Há ali um 'Tenham medo, tenham muito medo' de nós, que não era necessário.

Já os jurados australianos, enchem-me as medidas:
Gary Mehigan e o seu loads of flavour
George Columbaris e o seu Boom, boom, shake the room
Matt Preston e o seu restaurant quality dish....

... têm sempre  a palavra certa para os concorrentes, a dica dourada para corrigirem algum erro evidente aos seus olhos, o incentivo e a palavra de apoio quando a pressão é demasiada.

Muito mais podia eu dizer sobre este programa, um dos mais vistos no seu país de origem e vencedor de inúmeros prémios televisivos.
Mas no fundo tudo se resume a isto: é possível fazer televisão de alto nível, com bons valores, sem denegrir ninguém e celebrando a união e a aproximação das pessoas que a comida tanta vez proporciona. Nós, portugueses, sabemos bem o que é isso.


Obrigada, MasterChefAustralia!

domingo, 13 de março de 2016

Obrigada, Masterchef Austrália!



Adoro este programa, desde a primeira série, desde o primeiro troféu entregue à improvável vencedora Julie Goodwin.
Mas também há o Masterchef Portugal! Há.
Mas também há o Masterchef América! Há.
Mas até há o espanhol! Há.
Mas não é a mesma coisa.
O Masterchef Austrália é o verdadeiro, o autêntico. E apesar de o formato ter sido aproveitado para todos os cantos do mundo, não conheço nenhuma versão de que goste tanto.
Este programa, que foi para o ar pela primeira vez, naquele país, em 2009, encerra em si tudo o que podemos esperar de um serviço público.
Surgiu numa altura em que o boom de programas de culinária disparou, chamando novamente as pessoas à cozinha, convidando-as a cozinhar novamente e a fazê-lo bem, de forma saudável e com muito sabor. Ramsay, Oliver, Nigella... tantos chefs com programas culinários com receitas mais elaboradas ao princípio e depois mais down to earth, mais próximas das pessoas, do comum mortal, que tem de ter ingredientes que se vendam no supermercado da esquina e de cozinhar em tempo record.
O Masterchef Austrália chama à ribalta cozinheiros amadores, dando-lhes a oportunidade de evoluírem e fazerem brilhar os seus talentos culinários. Mas fá-lo de uma forma exemplar. Gosto de acreditar nos formatos e na 'limpeza' dos jogos (sou muito crédula!) E este programa é um jogo. Mas, dentro do jogo há uma pedagogia brilhante, há um lado de tutorial e de aprendizado impressionante. Sem demagogias, sem puxar de galões... um partilhar de conhecimentos de mente aberta.
Há estratégias e eliminações, sim.
Há opções que ajudam uns a seguir em frente e outros a ficar pelo caminho, sim.
Mas não se vê a malícia em prejudicar os outros, como no Masterchef America. Recordo, por exemplo, o episódio em que, sendo uma das concorrentes americanas invisual, o colega lhe deu para cozinhar lagosta viva com o propósito de a deixar logo ali desarmada. Felizmente, enganou-se e Christine Ha acabou por ganhar a temporada 3.
Com a distância de um mundo ao contrário, também perdemos (e ainda bem!), é certo, as tricas e baldrocas que as revistas hão-de explorar. Mas também não me chega isso da América e o ambiente on set é radicalmente diferente.
Nota-se, na versão australiana, a ambição de cada um, mas que não passa por destruir o outro. Na versão  portuguesa, reconheço a qualidade dos jurados mas, que me desculpem  Manuel Luís Goucha (o meu primeiro livro de culinária foi da sua autoria, Em Banho Manel) e Miguel Rocha Vieira, há ali uma altivez que era dispensável. Há ali um 'Tenham medo, tenham muito medo' de nós, que não era necessário.

Já os jurados australianos, enchem-me as medidas:
Gary Mehigan e o seu loads of flavour
George Columbaris e o seu Boom, boom, shake the room
Matt Preston e o seu restaurant quality dish....

... têm sempre  a palavra certa para os concorrentes, a dica dourada para corrigirem algum erro evidente aos seus olhos, o incentivo e a palavra de apoio quando a pressão é demasiada.

Muito mais podia eu dizer sobre este programa, um dos mais vistos no seu país de origem e vencedor de inúmeros prémios televisivos.
Mas no fundo tudo se resume a isto: é possível fazer televisão de alto nível, com bons valores, sem denegrir ninguém e celebrando a união e a aproximação das pessoas que a comida tanta vez proporciona. Nós, portugueses, sabemos bem o que é isso.

Obrigada, MasterChefAustralia!


I love this show, since series 1 , when the trophy was surprisingly won by Julie Goodwin.
But there is also MasterChef Portugal! - Yes, there is.
But there is also MasterChef America! - Yes, there is.
And there is also the Spanish one... OK.
But it is note the same thing!

MasterChef Australia is the real one, the authentic one (although the format was born originally in the 90's in the UK) Although the show has a number of versions all around the world, there is none I like as much. This show, in the air since 2009, is the perfect meaning of public service.
It came at a time where a boom of culinary shows poped up. So many chefs, from Ramsay to Oliver and Nigella showed sophisticated as well as down to earth food, bringing people close to healthier and tasty food.

MasterChef calls out amateur cooks, giving them the opportunity to evolve and shine with their culinary talents. This is done in a brilliant way.
I like to think that the game is clean. Nevertheless, there are strategies. But we can’t see malice as in the American version,. I remember when Christine Ha had to cook with live lobster, an ingredient given by a colleague, trying to eliminate her.  No harm was done: she won season 3.
I know we only see the show, we don´t read the magazines with all the gossip. But the air on set is completely different from the American version. This is cultural... and culture.
In Masterchef Australia, there is ambition, but that does not destroy the other contestants. In the Portuguese version, I am sorry to say this, the judges make the contestants fear them so much, as if they were Gods. There is no need for this….
The australian judges are great:
Gary Mehigan and his loads of flavour
George Columbaris and his seu Boom, boom, shake the room
Matt Preston his restaurant quality dish....

They always have  the right word, the golden tip to correct the mistake, the support in the pressure moments.
I could say so much more about this show that has won a number of prizes but it all comes down to this:

High quality TV can be done with high standards and values, without saying bad things about the other contestants, bringing together people around the table. And the Portuguese people know how often this happens and how important it is.


Thank you Masterchef Australia!

terça-feira, 8 de março de 2016

Não gosto de quotas.... Adoro ser Mulher

Não gosto de quotas. Acho uma forma hipócrita de garantir lugares a mulheres que deviam ocupá-los por mérito próprio e sem ser preciso reservar-lhes o  lugar.
Também, e pela mesma razão, nunca gostei muito de festejar o Dia Internacional da Mulher, por achar que o nosso são todos os dias em que heroicamente somos o que somos. 
Mulheres... com intuição, com amores desmedidos e puros de coração. 
Mulheres sofridas mas que assim que põem o pé no chão seguem à luta. Por si, pelos seus, pelos outros. Mulheres que não reclamam louros e, por isso, lhes faltam o reconhecimento. 
Hoje todos se levantam em homenagens, como que para passar o pano no pó da indiferença e da discriminação de todos os 365 dias restantes.
Impressionou-me este domingo o documentário de uma mulher, de uma MULHER de apenas 18 anos que já fez tanto por todos nós. Malala defende a educação para todas as mulheres, algo que é negado a 65 milhões de raparigas em todo o mundo.
Raise your voice, join Malala.
Vamos fazer a diferença... Como mulheres, pelas mulheres.... e, assim, logicamente, por todos, independente do sexo.

https://www.malala.org/




sábado, 27 de fevereiro de 2016

A empatia ou como tomamos decisões


Como fazer um negócio com um vendedor em que à partida não houve aquele à-vontade, aquela identificação de valores ou de motivações?

Como entregar um filho a uma educadora que não inspirou confiança desde o primeiro olhar, a primeira frase ou o primeiro sorriso?

Como entregar um projecto que será o nosso futuro nas mãos de alguém com quem não houve aquele entusiasmo nas conversações?

Como contratar alguém se a entrevista até correu bem mas existiu qualquer coisa na imagem ou no discurso que não nos convenceu?

Como aceitar um trabalho se a entrevista até correu bem mas houve um segundo de silêncio constrangedor que não nos deixou confortável?

Neste mundo racional, onde as decisões, as directrizes são mais do que estudadas, são analisadas ao milímetro, acredito que há ainda e cada vez mais lugar à empatia como motor decisor das nossas acções futuras.É que a empatia dá-nos segurança e a falta dela deixa-nos desconfiados. É um je-ne-sais-quoi que ou se tem ou se não tem. É a primeira impressão que conta, uma química, diferente da simpatia, que é mais racional e fingida se for necessário,por uma questão de educação, de saber viver, de saber estar.

Já a empatia, não se finge, não se consegue. Ela parece que tem vida própria e sussurra-nos ao ouvido se devemos ou não confiar, se estamos ou não em boas mãos. Parte de uma compreensão psicológica do nosso interlocutor e até uma fusão emotiva.

E mesmo que os rácios digam que não, mesmo que racionalmente e pesando todos os pós e contras do assunto, seja ele qual for, a decisão fosse contrária, muitas vezes é a empatia que nos recua ou avança.

Não quero entrar por análises psicológicas e cognitivas que têm com certeza um nome mais pomposo para descrever este tipo de situações. Chamem-lhe afinidade, semelhança, proximidade...
Até gosto da expressão: em-pa-ti-a
Somos humanos... é só isso.