Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Agenda: esta relação amor-ódio...

(Alerta: este post não tem nada de profundo nem inventa a roda...foi só porque me apeteceu)

Tenho uma relação de amor-ódio pelas agendas que vou escolhendo para me acompanhar durante os anos. Como faço gestão de eventos, a agenda é crucial para a minha profissão. Claro que acompanho com a agenda digital, mas escrever é outra coisa. É, para mim, outro nível.

E assim, todos os anos, por altura das compras de material escolar para o início do ano escolar, já ando avidamente à procura daquela que será A agenda para o próximo ano. Não é uma escolha nada fácil. 

Tem de ter um planeador anual, 
mais um mensal,
tem de mostrar a semana toda
e ter espaço para as minhas anotações, 
tem de ser atractiva visualmente, 
pouco aborrecida. 
colorida, 
com cor de papel bonito... 
até a textura me é importante.

Dito isto, já não é a primeira vez que, até achar A agenda, compro uma ou duas que não me satisfazem.
É um desperdício, eu sei... de recursos e dinheirinho.
Mas, se vou ter de olhar para aquela agenda tantas e tantas vezes, folhear para trás e para a frente, planear meses e até anos à frente, sem me enganar (o meu maior pesadelo), desesperar com datas preenchidas e datas por preencher...- daqui vem o meu ódio...
... então tem se ser uma coisa linda, em que adore escrevinhar, fazer caretas, desenhos e planear sonhos, projectos, viagens. - daqui vem o meu amor...

Este ano, despeço-me da Agenda da Loba, que me "obrigou" a reflectir sobre mim, enquanto mulher, sobre o que se passou em cada mês, me ligou mais à natureza. Abraço com expectativa a Agenda da Super Ana: foi personalizada por mim, sem modéstia, porque sei que os desafios que me esperam em 2019 exigem de mim o melhor e mais além. Longe vai quem acredita.

Acho que nos vamos amar, nas expectativas de muitas coisas boas... e nos vamos odiar em dias difíceis.
Let's do this!







segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Em modo Grinch






Hoje estou em modo Grinch.
É uma cena que me dá antes do Natal.
É uma coisa que me assiste todos os anos, umas vezes mais cedo, outras em cima do Natal.
E neste dia, em que me permito sentir assim...
Destilo todo o veneno e amargura que a hipocrisia desta quadra traz. 
Maldigo tudo e todos que aparentemente abraçam limpos de teias no sotão o espírito natalício e dizem-se merecedores de prendas porque se portaram bem o ano inteiro.
Maldigo todos os que de quem esperava um presente amigo e que não chegou porque não se lhes chega a bondade que têm para pensarem um pouco nos outros.
Irrito-me comigo e com os migos de mim mesma por me importar tanto com isso, por me magoar com tanto desprezo quando já sei exactamente com o que (não) posso contar.
Grito por dentro com todos os de quem esperava um pouco mais e que a época derretesse a rocha impenetrável que reina em tantos corações.
Brigo mentalmente com a mesquinhez de tantos que se pensam mais do que os outros quando todos somos iguais.
Discuto em silêncio com aqueles que saem em defesa do indefensável, em nome de valores que nem sabem quais são.
E choro copiosamente esta tristeza que tudo isso e traz.

Amanhã já é Natal.
A alegria regressa ao coração e vou embevecer-me e emocionar-me (coisa que adoro!) com a essência do Natal, que vejo na alegria dos meus filhos, a fazer bengalas de biscoito.
E a vida segue saborosa. 
Porque é assim que a quero sentir. 
Porque só assim vale a pena. 
Só assim é Natal, cá dentro. E de dentro, se estende aos que nos rodeiam.
É tudo uma questão de energia.
Positiva, sempre.
Mesmo que haja um dia Grinch.






segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O meu filho não estudou... e ainda bem!


Esta segunda feira o meu filho teve teste de matemática. 
No fim de semana, ele não estudou. 
Nada. 
Saiu de casa no sábado, por volta das 9 da manhã para ir ao treino de futebol. Só voltou no domingo ao final da tarde. Pelo meio treinou, almoçou em casa dos avós, onde também dormiu na noite de sábado. E pelo meio?
BRINCOU
Com a cegueira dos primos de longe que estiveram por perto, largou tudo e... brincou. Subiu muros e saltou, jogou à bola e atirou pedras. Esfolou os joelhos e levantou-se logo a seguir. Comeu pão com manteiga num momento de intervalo, com um sumo sorvido com a avidez de quem não tem tempo a perder.
BRINCOU
Também jogou PS4, com um exército de miúdos que lutou democraticamente por um lugar nos comandos. Correu, deu voltas ao bairro, fez corridas em 10 metros de quintal.
BRINCOU
E fez qualquer coisa de proibido mas que vai ficar em segredo, porque aos pais não é permitido saber certas coisas, ora essa.
BRINCOU
... até que o revi no domingo, na festa do pai dos primos, e me olhou por um segundo. Ainda consegui arrancar-lhe um fixe e um beijo rápido por entre as malhas do portão de ferro. Que ninguém viu. E que nos separava de um mundo preocupado com os resultados da escola e o ar puro das brincadeiras de miúdos.

Arautos da disciplina, acalmai-vos! Eu, e também o pai, conscientes de que neste momento não demonstra dificuldades de aprendizagem, considerámos que o fim de semana foi, de mais formas do que as que conseguimos descrever, mais benéfico para ele do que dois dias fechado em casa em frente ao quadro de giz que usamos para estudar.
Quando lhe perguntava como era em relação ao estudo, respondia-me que sabia bem o que era para fazer.  E tenho a certeza de que vai tirar boa nota.
Em casa, depois de um banho reconfortante, fizemos uma breve revisão, ainda o fiz escrever os números ordinais até ao vigésimo.... não vá o miúdo ter um exercício errado a matemática por causa dos erros de português!!!
E entre bocejos, desejei-lhe boa sorte e pedi-lhe que lê-se bem o enunciado para saber o que era pedido.

Claro que me custará se a nota baixar. Este é o caso do meu filho, neste circunstância particular não pretende ser o exemplo, nem será regra cá em casa. Só pretendo partilhar que, às vezes, no meio da rotina e da disciplina, é preciso olhar o quadro à distância, look at the big picture. E, neste contexto, o que ele viveu e bebeu de vida deste fim de semana foi um conjunto de reunião que torna esta caminhada muito mais rica e feliz. 

BRINCOU e...
FOI FELIZ

Espero tranquila o resultado do teste. 
Mais me preocupa o resultado do de português. Aquele para o qual passámos horas a estudar. Porque era necessário. E ele sabia disso. 
(Será que escreveu sexto com x????)





sábado, 8 de dezembro de 2018

Feira de Pernes.... qual feira???

Tlim, tlim, tlim.... Era com o som dos martelos a bater nos ferros para montar as tendas que acordava, em casa dos meus pais, todos os dias 8 de Dezembro. Era o dia tão esperado: o dia da Feira de Pernes. Quanto mais perto ouvia o martelar, mais feirantes visitavam a vila nesse dia, Quando chegavam a montar a banca ao pé da porta de casa, era então um sucesso garantido.

Era assim... Até que a época moderna apanhou a feira nas curvas e tudo o que se lá possa comprar, se tem à mão de semear no dia a dia ... ou até no mercado de sexta, do dia anterior. 
Até que, não sei bem porquê (ou sei!), a feira mudou de sítio e foi lá para baixo, onde o coração da terra bate mais longe e onde a tradição já não é o que era.

Meias, cuecas, facas e um cordão de pinhão - assim mandava a minha tradição. Ia à feira de manhã, quando o sol espreitava e o nevoeiro levantava. Ah... e tirava uma sina na banca da Bruxa. Mas isso então já foi noutra vida... tempos muito recuados! Com sorte, saía outra folha e já ia viver até aos 110 anos!

Hoje foi com o coração a sangrar que saí do recinto da feira. Fui com a minha filha, num passeio dos tristes, que fizemos em pouco mais de 10 minutos. Louvo os feirantes que ainda se atreveram a montar os seus pertences, numa réstia de esperança que valha uns euros o sacrifício. Com o olhar aflito, dizem que pode ser que, à tarde, apareçam mais colegas, depois de fazerem os outros mercados... e clientes, claro.
 

Há ainda uns corajosos que nos apresentam coisas lindas como esta:





Triste dia este da Feira de Pernes. Cada ano tem vindo a piorar. Enquanto noutros locais se valoriza a diferença, a tradição... Se embelezam caminhos, expositores... Aqui espera-se pelas bancas de cãezinhos de peluche a chiar enquanto percorrem uns metros de cartão, e por uns quantos cachecóis e pantufas. Com respeito por todos, mas isto tem de ser muito mais... ou vai morrer só e abandonada,num descampado vazio de significado.

Feira é tronco de madeira a arder, febra acabada de grelhar no pão, cachola, artesanato da terra e arredores, que são bem vindos. E coisas diferentes, diferenciadoras. Que fazem um passeio valer a pena, aos de cá e aos que nos visitam.



Olhem que exemplo tão bonito temos no centro da vila, onde à volta deveria estar/regressar a Feira de Pernes, com os presépios realizados por associações e escolas, numa iniciativa da Santa Casa de Misericórdia de Pernes. Bonito, de valor, com empenho, gosto e que valoriza a nossa terra. 
Parabéns a todos! Já tenho o meu preferido, penso que ninguém lhe tira o primeiro prémio, seguramente. E lá está: valoriza o que é nosso, faz uma homenagem à nossa história!



Resta sonhar que no futuro, no dia 8 de Dezembro, se possa regressar, saudavelmente e de forma rejuvenescida, ao passado da Feira de Pernes.











domingo, 2 de dezembro de 2018

Isto é que é Natal




A rotina tem-se vindo a repetir. Assim , torna-se tradição.

Dia 1 de Dezembro (e ainda bem que voltou a ser feriado, embora este ano não fizesse muita diferença) é dia de montar a árvore de Natal. Banda sonora natalícia a acompanhar, caixas e caixas resgatadas do sótão depois de 11 meses de reclusão.

Et voilá! A árvore toma vida, a sala despe-se dos quadros habituais para dar lugar a adventos e ideias de um conforto que nos chega ao coração de forma diferente.

O pequeno, cada vez menos pequeno, diz que, em cima do banco já chega ao topo da árvore. Mas ainda assim, a tradição manda que é às cavalitas do pai que se põe a estrela lá no cimo. O momento mágico tem direito a registo fotográfico para a posteridade, mesmo que as fotos fiquem esquecidas, porque algo embaraçosas, entre pijamas e olheiras e cabelo despenteado, num disco externo nas cópias de segurança. Razão tem a mais velha, que já fica atrás da lente no momento do flash.

Para além desta árvore tradicional, temos levado a cabo sempre uma árvore alternativa. Haja Pinterest para nos dar ideias. Mas é sempre muito nossa, 
...ou porque são as nossas fotos mais significativas, 
...ou porque feitas com ramos de árvores que colhemos no jardim, 
...ou porque nas caixinhas que escolhemos e pintámos este ano, ficam objectos aos quais concedemos significado especial.

Esta, deste ano, tem a luz de algo nosso, apontamentos que tiramos da árvore de sempre, uma bola de neve que faz as delícias dos olhos do Vasquinho, a árvore de rolhas de cortiça que colámos o ano passado, recordações de prendas do jardim de infância e trabalhos manuais que nos chegaram da escola. 
É irrepetível.
É nossa, tão nossa. E linda de morrer. Por isso aqui a mostro. 
Por isso é Natal, cá em casa.
Desejamos que em todas também. Com este espírito. 
Porque entre discussões (que também as houve, ah simmmmm!) sobre se a árvore está direita ou não, sobre se os enfeites já são de mais e sobre quem varre o chão no fim da montagem... adoramos isto. E amamo-nos muito.

E isto é que é Natal.