Adoro este programa, desde a
primeira série, desde o primeiro troféu entregue à improvável vencedora Julie Goodwin.
Mas também há o Masterchef Portugal! Há.
Mas também há o Masterchef América! Há.
Mas até há o espanhol! Há.
Mas não é a mesma coisa.
O Masterchef Austrália é o verdadeiro, o autêntico. E apesar
de o formato ter sido aproveitado para todos os cantos do mundo, não conheço
nenhuma versão de que goste tanto.
Este programa, que foi para o ar pela primeira vez, naquele
país, em 2009, encerra em si tudo o que podemos esperar de um serviço público.
Surgiu numa altura em que o boom de programas de culinária
disparou, chamando novamente as pessoas à cozinha, convidando-as a cozinhar
novamente e a fazê-lo bem, de forma saudável e com muito sabor. Ramsay, Oliver,
Nigella... tantos chefs com programas culinários com receitas mais elaboradas
ao princípio e depois mais down to earth, mais próximas das pessoas, do comum
mortal, que tem de ter ingredientes que se vendam no supermercado da esquina e
de cozinhar em tempo record.
O Masterchef Austrália chama à ribalta cozinheiros
amadores, dando-lhes a oportunidade de evoluírem e fazerem brilhar os seus
talentos culinários. Mas fá-lo de uma forma exemplar. Gosto de acreditar nos
formatos e na 'limpeza' dos jogos (sou muito crédula!) E este programa é um
jogo. Mas, dentro do jogo há uma pedagogia brilhante, há um lado de tutorial e
de aprendizado impressionante. Sem demagogias, sem puxar de galões... um
partilhar de conhecimentos de mente aberta.
Há estratégias e eliminações, sim.
Há opções que ajudam uns a seguir em frente e outros a ficar
pelo caminho, sim.
Mas não se vê a malícia em prejudicar os outros, como no
Masterchef America. Recordo, por exemplo, o episódio em que, sendo uma das
concorrentes americanas invisual, o colega lhe deu para cozinhar lagosta viva
com o propósito de a deixar logo ali desarmada. Felizmente, enganou-se e Christine
Ha acabou por ganhar a temporada 3.
Com a distância de um mundo ao contrário, também perdemos (e
ainda bem!), é certo, as tricas e baldrocas que as revistas hão-de explorar.
Mas também não me chega isso da América e o ambiente on set é radicalmente
diferente.
Nota-se, na versão australiana, a ambição de cada um, mas que
não passa por destruir o outro. Na versão portuguesa, reconheço a
qualidade dos jurados mas, que me desculpem Manuel Luís Goucha (o meu
primeiro livro de culinária foi da sua autoria, Em Banho Manel) e Miguel Rocha
Vieira, há ali uma altivez que era dispensável. Há ali um 'Tenham medo, tenham
muito medo' de nós, que não era necessário.
Já os jurados australianos, enchem-me as medidas:
Gary Mehigan e o seu loads of flavour
George Columbaris e o seu Boom, boom,
shake the room
Matt Preston e o seu restaurant quality dish....
... têm sempre a palavra certa para os concorrentes, a
dica dourada para corrigirem algum erro evidente aos seus olhos, o incentivo e
a palavra de apoio quando a pressão é demasiada.
Muito mais podia eu dizer sobre este programa, um dos mais
vistos no seu país de origem e vencedor de inúmeros prémios televisivos.
Mas no fundo tudo se resume a isto: é possível fazer
televisão de alto nível, com bons valores, sem denegrir ninguém e celebrando a
união e a aproximação das pessoas que a comida tanta vez proporciona. Nós, portugueses, sabemos bem o que é
isso.
Obrigada, MasterChefAustralia!
I love this show, since series 1 ,
when the trophy was surprisingly won by Julie Goodwin.
But there is also MasterChef
Portugal! - Yes, there is.
But there is also MasterChef America! - Yes, there is.
And there is also the Spanish one...
OK.
But it is note the same thing!
MasterChef Australia is the real one,
the authentic one (although the format was born originally in the 90's in the
UK) Although the show has a number of versions all around the world, there is
none I like as much. This show, in the air since 2009, is the perfect meaning
of public service.
It came at a time where a boom of
culinary shows poped up. So many chefs, from Ramsay to Oliver and Nigella showed
sophisticated as well as down to earth food, bringing people close to healthier
and tasty food.
MasterChef calls out amateur cooks, giving them the opportunity to evolve and shine with their culinary talents. This is done in a brilliant way.
I like to think that the game is clean. Nevertheless, there are strategies. But we can’t see malice as in the American version,. I
remember when Christine Ha had to cook with live lobster, an ingredient given
by a colleague, trying to eliminate her.
No harm was done: she won season 3.
I know we only see
the show, we don´t read the magazines with all the gossip. But the air on set
is completely different from the American version. This is cultural... and culture.
In Masterchef
Australia, there is ambition, but that does not destroy the other contestants.
In the Portuguese version, I am sorry to say this, the judges make the
contestants fear them so much, as if they were Gods. There is no need for this….
The australian
judges are great:
Gary Mehigan and his loads of flavour
George Columbaris and his seu Boom,
boom, shake the room
Matt Preston his restaurant quality
dish....
They always have the right word, the golden tip to correct the
mistake, the support in the pressure moments.
I could say so much more about this
show that has won a number of prizes but it all comes down to this:
High quality TV can be done with high
standards and values, without saying bad things about the other contestants,
bringing together people around the table. And the Portuguese people know how often this happens and how important it is.
Thank you Masterchef Australia!