Os olhos mexem, quase que sentimos os neurónios a falar e a responder, a ralhar e a acalmar. O fumo sai pelos ouvidos e quase pega fogo ao cabelo. Mas uma palavra?! Não... Nada, zero, niente....
É oficial: receio que a mais velha chegou àquela fase de ser preciso um alicate do tamanho do mundo, um subterfúgio enorme de recursos de discurso para lhe arrancar uma palavra....
Sentimos que tudo aquilo fervilha, que ela tem um diabinho sobre um lado a dizer-lhe palermices e a desafiá-la para atitudes, palavras ou comportamentos que já sabe que os pais irão reprovar; e um anjinho fastidioso no outro, com a sensatez que, nesta idade, só apetece chutar para canto. Parece um anúncio de iogurte... mas não é.
Queríamos ser mosquinhas, little bugs dentro daquele cérebro a expandir ideias e tentar percebê-las."Não tens legendas na testa! Por favor, explica-te, deita cá para fora!"
(Bolas, apesar de já nos entas, a adolescência está toda aqui na memória!!!...A incompreensão do mundo tão presente nos ralhetes e reprimendas que ouvíamos todos os dias da nossa mãe e, quando a coisa era séria, do pai)
As vezes que a vejo a iniciar uma frase... e a arrepiar, caminho. Abana a cabeça, como quem diz: " Não vais compreender, não vale a pena."
Mas vale, vá, deita cá para fora, eu também já passei por isso, eu vou entender. Mas ela acha que não... e abana a cabeça.(Onde é que estão as legendas, meu Deus?)
Sinto-me a jogar um jogo, qual money drop, onde é impossível manter tudo o que está em jogo, e que, a cada resposta falhada, perdemos um pouco da ligação tão próxima que tínhamos e nos afastamos pelos caminhos das idades estúpidas e cruéis que nos tornam (des)humanos (as adultas, leia-se!)...
Não tens legendas na testa! Experimenta, vá... pode ser que te surpreenda...ou que nos surpreendamos as duas.
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