Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Gostos não se discutem...



Perante isto:

há uma solidão específica para as noites. uma espécie de agrura que o escuro inventa. esconde o mundo como se escondesse a possibilidade de encontrar alguém. gostava de um lustre magnífico, tremendo e sempre aceso no lugar do sol. gostava que pendesse cristais e fosse encantatório. noite e dia. com ou sem gente. a solidão é muito um problema de luz. (Valter Hugo Mãe)

...e isto:


Creio que foi o sorriso,

o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso. (Eugénio de Andrade)


...prefiro o último. Reconheço até a beleza da escrita de valter hugo mãe (sim , estou a imitar a falta de maiúsculas do autor...) mas de tão negra e de tanta falta de luz, gosto de pensar que há um sorriso, mesmo no escuro que nos ilumina a alma.








sábado, 25 de abril de 2015

A linha que separa a palavra e o compromisso




Em dia da liberdade apetece-me ser livre.

Imaginem esta situação: alguém surgido do nada, aparece num restaurante para reservar um serviço. O restaurante apresenta o seu serviço, a sua casa, o seu empenho. O potencial cliente apresenta o seu pedido. Pormenores são discutidos, exigências são feitas. Entre elas que seja servida imperial e não cerveja em garrafa, e que estejam disponíveis litros e litros já que o grupo é inglês e bebe muito, que camarões 30/40 sejam cozidos no dia anterior, que o bacalhau seja acompanhado de pimentos, que o espumante seja brut, que o bagaço seja daquela marca x… enfim. Por fim, é exigida uma prova à cerveja para fechar o negócio. Logística accionada, favores pedidos para que tudo seja satisfeito, contacta-se o cliente para realizar a prova e fechar o negócio, a acorrer em dois dias.
Telefone desligado, nunca mais ninguém atendeu.
De repente, ao final do dia, recebe o restaurante um telefonema, de outro restaurante a perguntar se tinha tido um contacto semelhante. Nesse restaurante, já o senhor tinha feito despesa (comido e bebido), mas na hora do pagamento o cartão falhou e a conta ficou para pagar juntamente com o serviço, aquele mesmo serviço que, pelos vistos andou a requisitar por vários restaurantes da região.  
Esta situação é real e aconteceu nestes dias. Ainda sinto algumas reticências quando à burla em questão. Porque além de uma encomenda exagerada de cerveja, que se pode devolver e de um café que foi oferecido ao senhor, não tem, o primeiro restaurante mais despesa. No segundo, já foi mais o estrago.
Será para tirar medidas para algum assalto, ou só para ver o local mais apropriado para pregar a pastilha?
Louvo o empenho do senhor do segundo restaurante, que sabe já onde está hospedado este senhor, o carro, etc… E o cuidado que teve em falar com a concorrência.
Vejamos: o serviço não estava completamente fechado, e aqui é que a linha ténue entre a palavra e o compromisso deixa a LIBERDADE hoje mal vista. A palavra do restaurante, dos seus donos não poderia falhar. Essa é, aliás, a premissa de quem está neste negócio sem pretensões de enganar ninguém. O compromisso do outro lado, em não nos fazer perder tempo nem dinheiro, falhou redondamente. Quero crer que, para além da burla, há um desequilíbrio qualquer… Tanta história, tanta, conversa…Ilusão.
Sejamos livres para denunciar (pelo menos!) estes casos e assim, escaldados, seremos também livres para, infelizmente, duvidarmos um pouco de todos, para bem de todos também.

Hoje apetece-me ser livre para denunciar todos os que põem a liberdade dos outros em causa com as suas acções. Continuo a pensar que os fins não justificam os meios.


Sou filha da Revolução de Abril, nasci 9 meses depois. Quando tinha 20 anos fui convidada pela Junta de Freguesia da minha terra para fazer um discurso…. Na altura, disseram que não tinha sido eu a escrevê-lo, mas sim o meu pai, opositor, em eleições anteriores, do executivo em funções. Pois bem, lamento desapontar essas vozes camufladas, porque há uma linha ténue que separa a minha palavra, que honro, e o meu compromisso, em ser uma pessoa real. Essa linha chama-se autenticidade.

(Uau...soube bem tirar isto de cima dos ombros, estava aqui entalado há uns anos!!! Sinto.me livre!!)

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Isto não é mundo que se apresente...



Naufrágios com centenas de vítimas, miúdos de 13 anos, com borbulhas, a matarem professores com bestas, notícias como esta, do Expresso, onde se alerta para a morte diária de 2000 mulheres por dia na Índia, apenas por terem nascido mulheres... notícias e mais notícias angustiantes todos os dias.
Todos os dias em que, a partir daquele preciso momento de uma qualquer tragédia, todas as vidas se transformam: as que foram interrompidas, as de quem as interrompeu, as de quem assistiu, as de quem escapou, as das famílias, as dos amigos, as de pessoas do outro lado do mundo a quem aquelas mortes tocaram de alguma forma...
Mas isto é mundo que se apresente?
Em Dia da Terra, tenho aquele nó na garganta de quem vê este mundo perdido. Tudo parece sair do ecrã 3D de um cinema moderno...
Por influência de tanta ficção (será?) ou pura desumanidade, nada parece real, de tão grotesco, mas parece que andamos todos a viajar no meio destas tragédias como se fosse já um dia-a-dia normalíssimo...E depois, há umas alminhas que pensam mesmo que isto é mesmo assim, que só pode ser assim e toca de puxar de uma arma e matar a namorada e a prima, fazer uma lista de alvos a abater, com cruzes suásticas à mistura, como se soubessem de história com 13 anos e o significado do Holocausto...
Isto é tudo um excesso...
Isto não é mundo que se apresente... - a frase é de Frei Bento, numa missa, e que me chegou por post de Rita Ferro. Certamente, a retirei do seu contexto, mas parece-me tão acertada...
Isto não é, mesmo, mundo que se apresente...



segunda-feira, 20 de abril de 2015

Somos runners!


Correr está na moda, caminhar está na moda - fazer desporto está na moda. Seguindo esta tendência (há coisas bem piores a seguir, convenhamos!), participei na Scalabis Night Race, em Santarém, no passado sábado, por sugestão e desafio de amigos.
O tempo estava de feição para proporcionar uma caminhada agradável. Com t-shirts iguais para cada corrida (5 ou 10km, sem esquecer, à tarde, os escalões dos mais novos), a cidade tomou uma animação de que está ávida, e à qual só testemunhei semelhante ânimo por altura da Feira Nacional de Agricultura, onde também adoro tomar banhos de multidão.
Com o dress code definido, restava desfrutar do ambiente, do convívio que este tipo de encontros proporciona. Aliás, este grupo de amigos tem-se reunido pouco (eu sei que vocês vão ler isto...ehehe) e o pretexto foi excelente.
Respeito quem leva a sério (ou com demasiada seriedade!) a corrida em si. Recorde-se que a corrida começou por ser apenas um grupo de amigos, que foi crescendo, que gostava de correr, beber e comer - mote da corrida - e que se tornou, em 2 anos, num evento nacional de relevo, dentro desta área. Mas eu diverti-me à brava, caminhando (apenas caminhando) pelas ruas de Santarém. Admirando o ambiente, conversando e vendo a paisagem. Para além dela, entristece as ruas bonitas, salpicadas de escuras lojas fechadas (tantas, tantas!), fachadas escuras de prédios abandonados (tantos, tantos!). Aguardemos a reabilitação.
Os meus parabéns à organização, com a calma ribatejana, sem deixar de ter o sangue na guelra, sabendo trazer o nosso humor tão característico em benefício próprio. Adorei o slogan: "Suor, bifanas e tinto.

Em Santarém corremos assim!" Mesmo à Ribatejo!! Sim, porque o tintinho a meio caminho, a bifana e o pampilho, no final, souberam pelas horas!! E o vídeo?? Espectacular! Podem ver aqui.

Com apontamentos musicais e lúdicos pelo caminho, onde não faltaram os campinos, e, em vésperas de 25 de Abril, arrepiei-me ao passar na Escola Prática de Cavalaria, local de partida de Salgueiro Maia, ouvindo Paulo de Carvalho com Depois do Adeus. Mais, senti-me reconfortada (parece um estado de alma do Facebook ;)) por, em conversa com a minha filha de 11 anos, perceber que também foi esse o momento que a emocionou...(Missão transmitir a importância do 25 de Abril aos filhos: check!)
Grata pela experiência!
A repetir, para o ano, com todos!

PS: Entretanto que venha a FNA! Em Junho, lá estaremos para mais banhos de multidão!

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Não tens legendas na testa...

Os olhos mexem, quase que sentimos os neurónios a falar e a responder, a ralhar e a acalmar. O fumo sai pelos ouvidos e quase pega fogo ao cabelo. Mas uma palavra?! Não... Nada, zero, niente....
É oficial: receio que a mais velha chegou àquela fase de ser preciso um alicate do tamanho do mundo, um subterfúgio enorme de recursos de discurso para lhe arrancar uma palavra....
Sentimos que tudo aquilo fervilha, que ela tem um diabinho sobre um lado a dizer-lhe palermices e a desafiá-la para atitudes, palavras ou comportamentos que já sabe que os pais irão reprovar; e um anjinho fastidioso no outro, com a sensatez que, nesta idade, só apetece chutar para canto. Parece um anúncio de iogurte... mas não é.
Queríamos ser mosquinhas, little bugs dentro daquele cérebro a expandir ideias e tentar percebê-las."Não tens legendas na testa! Por favor, explica-te, deita cá para fora!"
(Bolas, apesar de já nos entas, a adolescência está toda aqui na memória!!!...A incompreensão do mundo tão presente nos ralhetes e reprimendas que ouvíamos todos os dias da nossa mãe e, quando a coisa era séria, do pai)
As vezes que a vejo a iniciar uma frase... e a arrepiar, caminho. Abana a cabeça, como quem diz: " Não vais compreender, não vale a pena."
Mas vale, vá, deita cá para fora, eu também já passei por isso, eu vou entender. Mas ela acha que não... e abana a cabeça.(Onde é que estão as legendas, meu Deus?)
Sinto-me a jogar um jogo, qual money drop, onde é impossível manter tudo o que está em jogo, e que, a cada resposta falhada, perdemos um pouco da ligação tão próxima que tínhamos e nos afastamos pelos caminhos das idades estúpidas e cruéis que nos tornam (des)humanos (as adultas, leia-se!)...
Não tens legendas na testa! Experimenta, vá... pode ser que te surpreenda...ou que nos surpreendamos as duas.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O post do orgulho - Somos grandes

Este é o post do orgulho.
Orgulho nos meus dois filhos, por aquilo que estão a ser no seu percurso escolar. Porque ontem foi dia de entrega de avaliações e não há como não ficar orgulhosa.
Porque os resultados do estudo e do empenho se revelam na pauta e nos elogios dos professores ( que, graças a Deus, também sabem elogiar!)
Porque a adaptação ao meio escolar está a decorrer da melhor forma e o processo de formação pessoal e socialização a gerar boas avaliações.
E é nisto que me sinto grande, na maior e mais gratificante das tarefas: a de ser mãe. Porque olho para eles e vejo como a educação que lhes damos traz estes resultados. Como a forma como lhe transmitimos os valores os torna boas pessoas, excelentes pessoas.
Esse...esse é o maior orgulho, para além dos números nas pautas e das avaliações. É sentir que, aconteça o que acontecer nesta vida, somos grandes (eu e o pai, em primeiro lugar), por estes dois seres maravilhosos. Nada que faremos na vida terá mais o nosso cunho que estas duas criaturas. Maravilhosos, tanto nos seus defeitos como nas suas virtudes.
Somos grandes, amor...somos. 
Amores da minha vida, vocês são enormes.
Orgulho.


terça-feira, 7 de abril de 2015

O balanço e o equilíbrio

Balança para a frente e equilibra... Balança e equilibra. Se balançares para trás, a seguir equilibra. E balança para a frente.
Situação: uma aula de Yoga? Uma criança no balouço? Uma metáfora dos desafios da vida?
Todas elas...
Difícil? Claro... Nada disto é fácil e ninguém nos preparou para isto. Mas aprendemos. De uma forma ou de outra aprendemos. Com sofrimento, com paciência, com alegria e/ou entusiasmo. De tudo um pouco, enfim.
De qualquer forma, há aqui uma constante ausência: a estagnação.
Porque não podemos, porque não nos permitem, porque nem é possível.



quinta-feira, 2 de abril de 2015

Palavras a mais

Hoje abrandei, parei o ritmo frenético que me anda a corroer por dentro e tomei atenção aos detalhes. 
Olhei bem nos olhos do meu pequeno e ouvi com atenção o que me estava  dizer. 
Vi o cão que chamava entusiasmado pelo dono que bebia a bica no café em frente.
Vi o carinho de duas amigas que, no desabafo de quem não se vê há muito tempo e imbuídas do espírito cristão que lhes conheço, seguravam mãos, num apoio para além das palavras, que apenas se conhecem nos recantos e confortos do coração.
Abrandei...
Fiquei sem forças, sangrei a lágrima do costume. Ganhei-as novamente porque não há tempo para fraquezas nem ninguém as permite.
Faço silêncio cá dentro... dou-me tréguas até segunda  (bolas, acho que mereço!...), vivo esta época da melhor maneira que sei e consigo.
Respirar fundo.... muito. 

"Fala se tens palavras mais fortes do que o silêncio, ou então guarda silêncio" - Eurípedes


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Vamos para o Paraíso

A decisão está tomada. Foi difícil e muito ponderada, mas está decidido: vamos para o  Paraíso.
A ideia começou quando tivemos conhecimento de uma reportagem do Observador que podem ler aqui, sobre a decisão de um português de largar tudo e ir viver para o  país mais feliz do mundo, a Costa Rica. Fê-lo quando as dificuldades de uma crise económica deste país (mais uma) o atingiu e pela sugestão de um colega de profissão (era director do zoo de Lisboa à altura) lhe disse que se iria reformar e viver para o paraíso. Quando tomou a decisão, meteu-se num avião, comprou um resort abandonado e mudou-se.
Com alguma pesquisa e muita atenção aos pormenores, pensámos que ir para um país com um clima extraordinário o ano todo, com praias paradisíacas era desde logo uma excelente opção. Depois, é um país com um conceito de vida diferente, sem conflitos (aboliu o exército há 66 anos), onde  se cumprimentam as pessoas, não com bom dia ou boa tarde, mas com um 'Pura vida'!
Que pedir mais?
Teremos tudo o que precisamos, e levaremos o que demais nos parece que fará falta.
E hoje as distâncias são relativas e minimizadas com artefactos tecnológicos.
Obrigada a todos os que sabemos nos trazem no coração e que sabemos que vão torcer por nós.
Esperamos a vossa visita, assim que estejamos bem instalados.
Pura vida, para todos!