Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Fly away...

Querida filha:
quando se escrevem estas palavras, vindas de um coração de mãe, é sempre com um sentimento de saudade do tempo que ainda é nosso, do aconchego de quem ainda te concerta os cobertores antes de dormir e, com isso, deixa o coração respirar...sossegar.
Porém, é também com um coração aberto para a realidade futura de ver crescer os nossos filhos e os querer ver a levantar voo, sem cair e com os olhos cheios de perspectivas novas e felizes.
Por isso te digo isto hoje. Não porque é uma data especial. Não porque vais sair de casa amanhã. Não porque esse tempo esteja sequer próximo. Mas porque sei o que me vai custar. E a ti.
Quando sentires que te estou a puxar pelo pé, sem deixar que o bater das tuas asas te faça levantar do chão, olha-me nos olhos e diz-me: 'Mãe, deixa-me voar!'
Quando sentires que o conforto do meu colo te impede de explorar esse mundo maravilhoso, solta-te dos meus braços e corre.
Quando sentires que o meu cafuné te deixa prostrada, sem dar sabor a cada um dos teus dias, salta a janela e sobe a uma árvore.
Vai, sobe a montanha, atira-te de cabeça a desafios e a percorrer os trilhos que serão os teus, aqueles que te farão crescer e que farão as cicatrizes das tuas dores e as rugas da tua felicidade. Voa, voa...sempre. Voa.
Qualquer mãe gostaria de evitar o sofrimento das suas crias. Mas também gostaria de partilhar e viver os teus momentos de alegria.
Por isso, depois de voares, depois de trilhares o teu caminho, se quiseres, estou aqui. E podes vir entre voos...Sempre. Para que te aninhes e te afague o cabelo. Para que te beije na fronte, cheirando o cheiro que é só teu, mas que me enche a alma de gratidão... por te ter, por seres minha.
Butterfly, fly away.


Maria Capaz, a 30/06/2015

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A visita do Afonso

Esta semana, o Vasco, o meu filho de 3 anos, trouxe o Afonso para casa. 
O Vasco tratou dele, vestiu-lhe o pijama, deu-lhe jantar, lavou-lhe os dentes... Lá o deixou cair 1 ou 2 vezes e meteu-lhe os dedos nos olhos. Finalmente, o Afonso adormeceu, ao lado do Vasco, o seu babysitter por uma noite.
O Afonso tem uma história de vida interessante. É um boneco que 'nasceu' no Jardim Escola do meu filho e que celebrou, esta semana também, o seu segundo aniversário. O Afonso tem tudo: roupa (desde fraldas a collants e sapatos), mochila, escova de dentes, colheres para a comida e boletim de nascimento e cartão de vacinas... devidamente preenchidos. Quem toma conta dele são os miúdos do jardim, à vez. Levam para casa, tratam, brincam, levam ao supermercado ou a passear ao jardim.
Adoro notícias boas, e fiquei maravilhada com este cenário, inventado pelas educadoras e que pretende desenvolver a imaginação das crianças e apelar ao envolvimento dos pais. Todos os momentos importantes do Afonso estão registados e documentados, desde as visitas que faz a casa de cada menino(a), com o relato dos próprios, como a ida ao Centro de saúde, onde levou as vacinas e foi medido e pesado. Também há registos das férias do Afonso, onde o podemos ver à beira da piscina e na praia com os seus belos óculos de sol. Esta semana, o Afonso teve direito a festa de aniversário, com bolo e suminhos para todos.
Agradeço mais uma vez a esta escola dos afectos, onde o meu pequeno aprende a ser pessoa....boa pessoa.
Profissionais que fazem o que gostam e gostam do que fazem.
Há pessoas fantásticas, não há?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ainda os médicos...

Exame marcado para as 9h30m. Clínica particular, a pagar.Jejum.Médico?...
'Caro Sr. Doutor, espero que tenha estado de banco, a salvar uma vida, para justificar aparecer apenas às 10 horas...'

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Mapear a lápis de cor

A net tem destas coisas fantásticas, que é dar-nos notícias boas... de vez em quando.
Na Índia,estão a pedir às crianças e jovens dos crescentes bairros suburbanos para mapearem esse mesmos bairros e desenharem as melhorias que precisam ou o seu bairro ideal.
Noutros mundos, e por sugestão da UNICEF desde 2011,  jovens são encorajados a utilizar as novas tecnologias para ajudarem na construção das cidades do futuro e a solucionar problemas ambientais e de saúde. Mas como a tecnologia não chega a todo o lado, lá, na Índia,  faz-se mesmo em papel e com um punhado de lápis de cor ali à mão.

Foto. sitehttp://www.citylab.com/tech/2015/02/kids-are-sparking-urban-planning-changes-by-mapping-their-slums/385636/

Mas como os projectos só são bons se saírem do papel e tiverem alguma influência na vida das pessoas, é bom saber que há já relatos de melhorias feitas em determinadas zonas, por sugestão destes desenhadores de bairros de sonhos de criança, que olham às suas dificuldades e conseguem visualizar o que poderia ser melhor, nem que seja a iluminação daquela zona escura que os deixa inseguros.
Há um processo de preparação, onde é levantado o esqueleto do bairro, com as ruas e a sua conexão, a densidade das casas e depois é deixá-los pintar.
Pode ler aqui.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Começar a semana...

Livros a acabar  e a começar. ..Organizar  a semana, ementas  e tempos. 
Centrar a mente e o  coração. ...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O primeiro canto

Vem assim, de mansinho, sem se anunciar...
Muito envolvidos ainda no crepitar da lareira, com os abafos e casacos que o frio não nos deixa esquecer...
E, de repente, os campos já não estão estéreis e já brotam verdes do chão...
E, de repente, há um primeiro canto que se ouve tímido... mas que chama a atenção pela ausência que quebra.
E, de repente, há esperança e há vida e há correr ao sol e o respirar de coisas boas e alegres que esta luz maravilhosa nos dá.
E há esperança... e há esperança nos dias maiores e nos risos do cheiro a terra nas mãos.
Das bicicletas que voltam a rodar e das caminhadas que já parecem mais naturais.
E há um aroma de pulsar de vida...
Já o ouvi... esse primeiro canto. Já chegaram novos companheiros de viagem...
Vamos a isto, Primavera?





quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Acordar assim... a meio da semana

Na segunda-feira, alguém me disse que trabalhava a manhã em modo de segunda, e a tarde em modo sexta à tarde. Por via do (não) feriado de ontem.
Hoje acorda-se novamente em modo segunda... mas já vamos a meio. Um enorme tijolo de realidade bate sobre a cabeça e faz-nos despertar angústias antigas de problemas que teimam em não desaparecer...
Respirar... muito... fundo... 
Ouvir quem nos ama e apoia.... e seguir em frente.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Celebrar o amor

É sempre bom ter um motivo para celebrar o Amor. nas coisas grandes e nas pequenas. Hoje fica tudo  foleiro,com corações e velas. Mas, no fundo, todos gostamos de mimo e de saber o quanto somos apreciados, especialmente se for mútuo o sentimento.
Pelo bem que faz à saúde, sejamos pirosos e românticos em excesso.... Porque só nos faz bem!
Parte Separada ( com direito ao excesso, claro): Amor, obrigada pela partilha de todos os sorrisos e lágrimas! Love you

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Hala Madrid: Notas de um fim de semana

(Nota prévia: Não tenho pretensões a bloguer de viagens, mas...)
Fui, no passado fim-de-semana a Madrid, com o meu marido. Juntei-lhe a sexta. Há já um tempo que queríamos fazer assim uma viagem e, da ideia de uma prenda de Natal original à viagem propriamente dita, foi um pulo (um mês e pouco...).
Juntámos dicas de amigos e construímos o nosso plano. Não queríamos chegar esgotados pelas caminhadas infindáveis e pelas visitas exaustivos a museus e catedrais. O tempo é escasso e passa num instante. 
Por escolha minha, seleccionámos o Museu Nacional Centro de Arte da Rainha Sofia, para que pudéssemos, entre obras de Dali e Miró, ver, especialmente, Guernica de Picasso. Depois, escolhemos fazer um circuito turístico de Bus pela cidade para ficarmos com uma visão geral e visitar com mais pormenor vários ponto-chave: Parque do Retiro (para namorar um pouco), Puerta de Sol, Plaza Maior,  El Rastro, Mercado de San Miguel e, a gosto pessoal do marido, o Estádio Santiago Barnabéu.
Devo dizer que sou analfabeta em termos de apreciação de arte. Gostei de ver as várias exposições dos 4 pisos do Museu de Arte Reina Sofia e apreciei a beleza de alguns quadros, suspeitando do valor artístico de outros. As imagens gravadas na nossa íris irão acompanhar-nos para sempre, no conforto de quem guarda memórias gratas. Guernica não surpreende, mas pude fazer o primeiro check na minha lista do coração.
No Parque do Retiro, caminhos infindáveis de jardins, algo despidos, fazem pensar quantos sorrisos rasgados de crianças nessas primaveras não desfrutarão daquele espaço.
Depois de muito caminhar, regressámos ao hotel, para retemperar energias para o jantar. O metro leva-nos a todo o lado, depressa, seguro e perto dos locais importantes.( Com bilhete turístico para 3 dias, podemos fazer todas as viagens que quisermos. Comprámos logo no aeroporto, bem como os bilhetes de bus turístico e de entrada no estádio).
Aprender, em dois dias a comer em espanhol, não é difícil... especialmente para quem aprecia petiscos. Ao fim de umas horas já tratamos as tapas por tu. Jantar às 10 da noite na rua com 1ºC, com aquecedores de esplanada e mantas pelas pernas... que bom!
Segundo dia, apanhámos o Bus turístico. Primeiro destino: estádio do Real Madrid. O dia era de dérbi mas no estádio do Atlético, pelo que o ambiente era calmo à volta do estádio. Visitámos o museu, meticulosamente estudado para o adepto, para aquela vibração de quem ama um clube desde menino e vibra com este ambiente. Todos em prol do clube, tudo trabalha para o clube. Máquina de fazer dinheiro gigantesca. Passámos ao estádio em si, aos balneários dos craques, às escadas de acesso ao balneário, à relva, ao banco. Impressiona, emociona.
De volta ao Bus, fizemos a tal visita panorâmica da cidade e procurámos, por fim, um bar para podermos ver, em ambiente de festa o dérbi, lado a lado com os madrilenos. Sensacional... tirando a derrota estrondosa do Real e a péssima exibição do nosso Ronaldo.
Energias em alta, avançamos para o Mercado San Miguel....Tapas e mais tapas. calamares, check; presunto, check; paella, check! Muito bom ambiente, um mundo de nacionalidades junto, em volta da comida.
Last day, domingo de manhã: dia de El Rastro. Feira da ladra em grande, com tudo e mais alguma coisa, dá para comprar lembranças ou apenas respirar  o momento.
Rever a lista porque as horas passam a voar: tudo check para os 3 dias que planeámos (fotos ao Km 0 na Puerta del Sol, ao urso símbolo da cidade, etc)...de  volta ao aeroporto, sem esquecer uns últimos churros com chocolate quente...yam. 
Alma cheia: check.
Coração quente: check!







quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O que ler a seguir

Para ajudar a escolher o próximo livro, esta aplicação... Lê-se na notícia do Observador; aqui.
Inventam aps para tudo...Os resultados são curiosos quando colocamos autores nacionais...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Os olhos riem mais do que um rosto de sorriso rasgado?

Há gente que tem cada ideia...
Tess Christian não sorri há 40 anos, fruto de uma promessa que fez a si própria para não ganhar rugas.
Enfim... Diz que se sente feliz e nem quando teve a sua filha sentiu necessidade de sorrir, porque essa condição se torna uma segunda natureza...Podem ler aqui.
Será que os olhos riem mais do que um rosto de sorriso rasgado?
Acho difícil...
Há sentidos de vida que fazem sentido....
Mas se não querem ter rugas...
Aqui, sou mais a favor do botox.
Foto: nezartdesign.tumblr.com




domingo, 1 de fevereiro de 2015

Dos médicos e das pessoas que vão ao médico

Nos últimos tempos, tive de, por doença de familiares, contactar com alguns médicos, de várias especialidades. Hospitais aqui e ali, clínicas e centros de saúde.
Como seria inevitável, a comparação entre estes profissionais salta para a primeira página das conversas ao jantar.
Quando alguém está doente e decide ir ao médico, para além de procurar a ajuda de um profissional, que se crê competente, procura também um lado humano de quem o observa do outro lado da cadeira, ou em cima da marquesa. Sim, todos procuramos o amparo de quem nos diz: " Não se sente bem , mas vamos já tratar disso! Vai ver que vai ficar bom." Ponto final. Parágrafo. A dor, o desconforto, vai passar, e, com ela, o nosso maior receio: a morte.
Se, a título privado, esperamos um tratamento que justifique o valor que nos pedem por aquele serviço que estamos a requisitar enquanto clientes, no serviço público, passamos para a categoria de utentes. Esta categoria é assim uma espécie de " aguenta-te com o que te calhar... e não bufes". Mas um utente é aquele que usa e tem esse direito.
Mas um mero paciente, doente, utente ou cliente está perante alguém que, à partida terá conhecimentos muito para além da sabedoria da dor nas cruzes, ou dos bicos de papagaio, que não sabe distinguir a dor crónica da aguda.
E isso dá azo, por via do cansaço (assim quero crer), àquele ar condescendente de quem sabe que sabe mais do que nós e tenta perceber o que se quer dizer com dor intensa, enjoo ou uma vontade imensa de amarguçar a cabeça entre os braços.
Mais ou menos didáticos, acredito que, por força da experiência de anos, seja prudente para eles, não sorrir demasiado, não ser muito condescendente ou compreensivo perante as queixas do interlocutor. Haja eficiência no tratamento para que consigamos perdoar esta indiferença de quem nos atende.
Agora, quando do pouco didático se passa ao enfado e ao abanar de cabeça... Aí, salta-me a tampa.  "Utente, minha senhora, é aquele que usa e tem esse direito. E o direito a um atendimento digno, sem sermões empertigados sobre a natureza do motivo para pedir a consulta. Com profissionais de saúde que criem relação com os seus doentes, sem os repelirem, para não mais quererem voltar."
A figura de um médico de família pressupõe um relacionamento próximo (eu sei, com a devida distância e respeito pelos conhecimentos inacessíveis a nós, comuns mortais), uma história de doenças familiares que se conhece (mesmo que tenha de se espreitar no computador para avivar a memória), um querer cuidar que vem, ou deve vir, da gênese desta profissão e do juramento de Hipócrates. 
Resultado de toda esta experiência: um pedido na calha para mudança de médico de família e mais um ponto no descrédito do nosso sistema de saúde. Haverá exemplos do contrário? Claro que sim, mas não foi este o caso... Felizes daqueles que podem escolher como querem ser tratados quando ficam doentes!