Porque há vida para além da paisagem... para além da rotina diária, do mundo das notícias e do ecrã. Reflexões daqui, dali de acolá ... e de cá de dentro, que é onde a nossa paisagem se molda e gera paz.

domingo, 8 de dezembro de 2019

Temos Feira!


Há um ano atrás, neste dia, escrevi aquele que foi o post mais controverso deste blog.
Apontei, na altura, a tristeza que sentia ao ver uma Feira Anual da minha terra sem sentido, em coma profundo, num tempo de consumismo e futilidades.  Muitos concordaram e muitos criticaram. Mas foi o que foi.

Um ano volvido, tenho de dar os parabéns aos organizadores do 1º Festival do Azeite, inserido na Feira Anual de Pernes. Recuperou-se uma vida, em 3 dias e não só no dia 8, que chamou as gentes, o tecido económico, as colectividades. Valorizou-se o produto da terra, da economia local e que tão aglutinador foi no passado. E o tronco a arder... que memória boa recuperada!

Já fiz a minha voltinha matinal, parte da minha tradição e volto depois de já ter “enfeirado”, 
-com uma comidinha caseira das tasquinhas da terra, 
-do queijinho seco, 
-de duas voltas de pinhão para os miúdos 
-e uns tremoços para antes de almoço. 
Ah, e um pão doce também. É a minha tradição.

O recinto está mais composto, ainda que com muitas aberturas lá pelo meio, talvez o tempo não esteja a ajudar. Mas ainda assim, gostaria de ver mais artesanato, mais trabalhos manuais, tão ricos que temos por aí; a parte exterior é ainda muito dos mercados semanais que por aí encontramos.

Ainda assim, pude sentir, nas minhas visitas à feira, o entusiasmo das gentes… e isso é valiosíssimo!

A minha tradição continua ao almoço, com cachola, pois com certeza… e amigos à volta da fogueira. Mais logo, outra voltinha para participar mais um pouco na rejuvenescida feira, com uma fartura a acompanhar…

Quem me conhece, sabe que gosto mais de elogiar do que criticar. Espero que quem ler sinta o impulso de partilhar/comentar tão grande como aquele que sentiram na crítica do ano passado.

Porque a história tem de se fazer de coisas boas e bonitas. Mesmo podendo sempre continuar a melhorar e corrigir…

Temos Feira!







sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Recebi uma mensagem de Natal...

Hoje recebi uma mensagem de Natal. De Amor.
Esta mensagem surge na sequência de um trabalho, de um serviço prestado. 
Mas esta pessoa pensa como eu: fazer com amor, com entrega, com coração, com alma... é outro nível.
É outro nível de energia.
E, mais importante que a mensagem, é o gesto, é o carinho... são as emoções. Do lado bom do coração.
Tão grata me sinto por ter destas pessoas na minha vida. E sei, que quando ela diz que já pertencemos à sua família, está a sentir mesmo isso. Porque só assim faz sentido.
Porque neste mundo cruel, regido pelo dinheiro, o interesse, o negócio, poder...  é de uma riqueza enorme podermos apenas SER
- quem somos, sem máscaras
- quem queremos, sem ofensas
- quem desejamos, sem culpa

E acredito que podemos. Podemos sê-lo e assim seremos mais felizes.

Sinto uma imensa gratidão pelo que recebi hoje. Por tudo, mas, sobretudo, por este gesto que voa pelos wi-fi desta vida e toca os corações do outro lado.
Também já pertences à nossa família.
Obrigada, M.





domingo, 1 de dezembro de 2019

Querido Natal

Agora sim, chegaste! No tempo certo, que é o de fazer a árvore e contar os dias certos. Do 1 até ao 24, sem esquecer de nenhum chocolatinho.

Dizem-te consumista, enganador, com Black fridays e blue weekends e semanas inteirinhas de pseudodescontos a apelar às prendinhas que te pomos aos pés.

Dizem-te uma fraude, porque chegaste vestido de um vermelho que anunciava bebida fresquinha e fizeste esquecer que nos reunimos para celebrar o nascimento de Jesus.

Dizem-te vazio de significado, porque apenas nesta altura nos lembramos dos valores cristãos, da fraternidade, da ajuda ao próximo e do perdão.

Dizem-te enfadonho, porque nos cansas com jantares e almoços sem fim, para celebrar o que nem sempre (ou nunca) acontece durante o ano: a sã convivência e a honestidade entre os humanos.

PORÉM...

Agradeço-te a lembrança de que podemos ser melhores. Sempre.

Agradeço-te que nos faças sentir que a gratidão é o caminho.

Agradeço-te que nos aproximes de Jesus, relembrando o seu propósito de vida

Agradeço-te que nos derretas os corações, com canções lamechas e gestos carinhosos inusitados.


                                                      



E agradeço-te os momentos rezingões de montagem da árvore, as birras pela escolha das bolas e pela decoração eleita para cada ano.

E agradeço-te estas pequenas tradições que criámos e que (já) são assumidas como tal por todos, reclamando-as como imperativas para que o Natal aconteça.


Porque dia 1 é para montar a árvore .
Porque o musgo tem de ser verdadeiro.
Porque o mais novo põe a estrela com a ajuda do pai.
Porque transformamos a casa com projectos DIY, para além do já habitual.
Porque agora ...
                                                     

AGORA, sim:

ESTÁ ABERTA A ÉPOCA DE NATAL



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

16 anos a somar!

Não sei encontrar hoje as palavras...
São 16 anos, 16! Como é possível?!



Hoje é o teu dia. TEU! Da celebração da tua vida, dos teus sonhos, das tuas paixões e também desamores. Dos sorrisos e das lágrimas. Dos dias bons, muito bons e menos bons. 

Mas, também, da alegria de te ver crescer e voar.  De ver os teus olhos brilharem com a perspectiva de sonhos tangíveis. 

Porque é isso que tens de acreditar: que todos os que tens e virás a ter são concretizáveis, estão ao alcance do teu esforço e trabalho. E com a estrelinha que te acompanha, sempre.

Voa, filha, voa bem alto!
Estarei sempre aqui para ti, tu sabes.

Amo-te!


segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Banksy e o direito à manifestação

Visitámos a exposição de Banksy no fim de semana, na Cordoaria Nacional em Lisboa. Entre perceber quem é, o seu humor e mente distorcida, que nos tira o chão assim que pensamos estar a perceber qualquer coisinha da sua mensagem, fica esta ideia: todos temos direito à nossa opinião, a manifestá-la e defendê-la, sem censuras e sem preconceitos.




Hoje a minha mais velha participou na sua primeira manifestação. Pela resolução do problema de poluição em Alcanena, que prejudica a saúde de todos os que vivem ou passam grande parte dos seus dias ali. Tive de explicar ao mais novo que uma manifestação é uma coisa boa, que é um direito de todos, de mostrar a sua posição sobre determinado assunto. Penso que os exemplos de manifestações violentas que vê repetidamente na televisão lhe têm dado uma visão distorcida deste acto.

Tive de explicar que esse é um direito de todos nós e que ninguém nos deve censurar por isso. Que vivemos num país democrático, em liberdade, onde todos nos podemos expressar sem represálias, sem castigos e sem perseguições, ainda que veladas.

E não temos de nos esconder no anonimato de nenhum Banksy para nos fazermos ouvir.
Verdade?

terça-feira, 4 de junho de 2019

Azul Matiz


Pode o Amor ser infeliz
É mentira, quem diz
Que amar dói.
É fervor que corrói
Mas constrói e renasce, sempre,  em azul matiz
Sim. É azul. E ri
Ri de quem o derruba
Como batalha contra mesquinhez
É a minha vez
Amar. Amar. E ser feliz.






quinta-feira, 23 de maio de 2019

Este é o Vasco

Como passar para palavras o que o peito sente?
Como explicar o que não tem dimensão?
Como reproduzir pela junção de expressões a plenitude de um amor?
Como explicar a doçura imensa no brilho desse olhar?
Como transmitir a entrega total e absoluta a um ser tão bonito?
Como fazer acreditar que obstáculos não existem que me detenham para te proteger?

Este é o Vasco.
O meu Vasco.

Que sintas tudo isto, em cada beijo que te mando pelo olhar e que te dou todos os dias. Às vezes, até à exaustão.
Parabéns, meu filho.













domingo, 5 de maio de 2019

Instantes Cristalizados - Feliz Dia da Mãe





“A cozinha era solarenga, com vidros embutidos em caixilharia de metal pintado de branco. Dava para uma varanda e um terraço lá em baixo.
Quando eu vinha na salinha que ficava entre os quartos e a cozinha, já ouvia trabucar. Tachos, panelas, planos, refeições, ideias se misturavam já, naquele ambiente, ainda sossegado para as manhãs quase sempre tranquilas de domingo.
Uma peça branca, funda, de cerâmica branca. Sempre a mesma. A cenoura já estava cozida. E na languidez dos minutos, triturávamos os pedaços num passe-vite manual, já meio enferrujado (ou não, sei lá!) com uma bola castanho no manípulo. À papa que dali resultava, juntavam-se ovos, açúcar, canela (muita) e farinha (pouca). A cor de laranja em contraste com o branco era deliciosa.
Tudo delicioso. Daqui nasciam queques húmidos de sabor, coloridos da canela e do prazer de momentos irrepetíveis e de que não nos demos conta da sua importância.
Que gostosos!
Tenho a receita, que repito, com os meus. Os meus dois, que amo sem medida.
Que ofereço a amigos. Sempre de coração. De quem sabe, lá no fundo:
- que gestos contam
-que momentos contam
-que há instantes cristalizados, que aquecem o coração.”

A vida deu-me muitas mães. Grata. A todas.
Feliz Dia da Mãe.


domingo, 14 de abril de 2019

Grafias que interessam: eco, mamo...


Há grafias a que devemos prestar muita atenção. Não … hoje não estou a falar em formas de escrita nem em acordos ortográficos. Hoje falo de mamografias e ecografias.

Em modo controlo de rotina. Que deixei estender mais cinco meses para além do inicialmente previsto.

Na viagem para casa, o sol batia-me na cara. Como uma estalada, bruto, acordou-me dizendo:
“Estás a ver?! Agradece! Podias vir agora em lágrimas, com um diagnóstico reservado, com uma punção feita e a esperar resultados da biópsia.”

Se calhar, será o que vai acontecer, numa próxima vez, se as crateras observadas crescerem. Por enquanto, respira…põe gelo, no peito e na cuca. E vai apalpando, vigiando.

A idade é um posto. Um posto de alerta a que temos de tomar toda a atenção. Lembretes de telemóvel, alertas bem sonoros. Sem medos. Porque a prevenção é importantíssima. E a apalpação também. Aprendam, pratiquem. 
Vejam como aqui

Não descurem. Está nas nossas mãos. Literalmente



segunda-feira, 1 de abril de 2019

SNU e Dumbo: Algo em comum?



Para fazer tempo enquanto a teenager assistia a um concerto, embarquei numa maratona cinematográfica e vi Snu e Dumbo, em exibição num cinema perto de si, de uma assentada.

Coisas mais distintas mas com pontos de interesse que me levavam a querer ver os dois.

Gostei muito da interpretação da SNU, pela Inês Castel Branco. Aliás, o filme vale pela sua consistente interpretação. Para uma história de amor, falta-lhe tensão, paixão, algo mais poderoso e intenso (uma escaldante cena de sexo, quem sabe?!), que completasse as cenas em que se evidencia a arrebatante história de amor entre aqueles dois personagens históricos de Portugal. As referências políticas ficam um pouco perdidas para quem não está tão familiarizada com o período, sendo que não consegui identificar alguns personagens, a quem ninguém chamou pelo nome. Não querendo ser um filme de cariz político ou histórico e, sim, a tal história de amor (como referiu a realizadora no making off, que me despertou a curiosidade em relação ao filme), falta-nos esse pedacinho de informação para que tudo fizesse mais sentido.
Falta-lhe um bocadinho de power, de adrelanina... que se isola na intensidade da representação da Inês.

E, vendo este filme, penso que falta mesmo a realização de um outro, chamado Francisco… ou Chico… Just saying!





Depois deste ambiente politico-amoroso, entrei no mundo da Disney. Adorei o trailer e tinha altas expectativas. Em altas, anda o Dumbo a voar por todo o lado. A imagem linda que me fica: ele a subir no circo em direcção à luz. Apesar de ser a versão inglesa e em 3D, o meu deslumbre fica por aqui, um filme que seria um bom entretém numa tarde de domingo chuvosa à lareira, enrolada no sofá.

Fica a mensagem do politicamente correcto ou, simplesmente, elementar decência, como diz @nunomarkl em relação à proibição dos animais no circo. E lá está, mais uma vez, a razão pela qual não posso levar os pequenos a ver estes filmes: os miúdos perderam a mãe, o pai regressa da guerra sem um braço, o Dumbo é separado da Mamã Jumbo… só choradeira pegada.


Foi agradável… mais ainda para as minhas perninhas que não se cansaram a andar aquelas horas pelo shopping fora, a fazer tempo para levar de volta as garotas, que deliraram com o Shawn Mendes.

Haja juventude!


sexta-feira, 8 de março de 2019

A ignorância é fofinha



Então como se faz isto?...É preciso fazer isto..."
"Ah... pois, não sei..."

"Ah, como é que foi isto, o que aconteceu?!"
"Ah... não vi, não estava cá. não sei..."

A ignorância é assim: um manto de algodão fofinho, uma nuvem de conforto imenso onde pernoitam os descansadinhos, que, à sua custa, vivem felizes, despreocupados e muito.... mas mesmo muito mais satisfeitos com a vida.

A ignorância transporta-nos  para uma dormência extremamente simpática, onde não somos nem podemos ser responsabilizados.

Porquê?
Porque não sabíamos, porque não tínhamos conhecimento.
Porque ouvimos falar, mas como saber, inteirarmo-nos do assunto dá um bocadinho de trabalho.... então vamos lá ficar na fofura de algodão doce. Não aleija, é fofinho, trata-nos com carinho. E não nos cobra nada.

Apenas a pequenez de nada querer saber...
É triste.
É pequeno.
É frustrante e desmotivador.
Não engrandece ninguém.
Desresponsabiliza, mas desilude em simultâneo.



A ignorância é fofinha. É. Mas triste.