Mais uma vez o país agita-se, o estado agita-se, o governo agita-se, a oposição agita-se...
Digamos que, nos dias que correm, não é difícil aos chefes de redacção escolher primeiras páginas e decidir ângulos de reportagem.
No meio de todo este ruído, e tirando (mas registando) as ilações políticas que os acontecimentos dos últimos meses nos sugerem, retenho uma frase de Ricardo Costa, na SIC Notícias, a propósito dos vistos Gold. Comentava ele o facto de, eventualmente, o Director do SEF ter sido corrompido por duas garrafas de vinho, considerando que, a ser verdade o caso de corrupção, que ao menos, fosse por algo de especialmente grave e não apenas duas garrafas de vinho. Ressalvou também que não desejava a culpa a ninguém.
No conteúdo, percebo. Na essência, tenho as minhas dúvidas.
Onde é que fica a linha do que é verdadeiramente corrupção e apenas um agradecimento? E esse agradecimento significa que houve favorecimento, logo corrupção? E se for vinho corrente? É diferente se a garrafa for Pera Manca?
Toda a gente fica indignada perante tantos casos de corrupção. Mas ninguém a sentia? Ninguém sentia o seu bafo de vinho-barato por vezes, e requintado noutras-, ao entrar numa sala?
Não podemos deixar de criar um elo de ligação entre estes escândalos nacionais. Será que a queda de uma banco tem relação com os casos revelados que se lhe seguiram?
Confesso que (e bem a despropósito) adoro o filme Teoria da conspiração, com Mel Gibson e Julia Roberts. E perante tantos meandros que nos começam a ser revelados, a imaginação dispara. Tudo parece entrelaçado, fruto de uma conspiração maquiavélica, onde senhores de barba rija, sentados em cadeirões luxuosos se riem perante as marionetas do sistema e outros se preocupam com o destino das mesmas, ou se o fio que as segura será, por ventura, puxado e os fará cair nas mãos de polícias descontentes com tantos cortes salariais.
Muita ou pouca conspiração, também sinto que os cordéis se mexem por cima das nossas cabeças, sem sabermos muito bem quem os comanda e questiono-me se, à semelhança de casos anteriores as marionetas seguirão incólumes para casa, ao fim de uns anos largos de julgamento, ou se desta vez, veremos responsáveis ( e não a raia miúda) serem efectivamente trazidos à justiça com casos sólidos. De vinho barato ou não...
Vai uma garrafinha de aposta?...