Como fazer um negócio com um vendedor em que à partida não houve aquele à-vontade, aquela identificação de valores ou de motivações?
Como entregar um filho a uma educadora que não inspirou confiança desde o primeiro olhar, a primeira frase ou o primeiro sorriso?
Como entregar um projecto que será o nosso futuro nas mãos de alguém com quem não houve aquele entusiasmo nas conversações?
Como contratar alguém se a entrevista até correu bem mas existiu qualquer coisa na imagem ou no discurso que não nos convenceu?
Como aceitar um trabalho se a entrevista até correu bem mas houve um segundo de silêncio constrangedor que não nos deixou confortável?
Neste mundo racional, onde as decisões, as directrizes são mais do que estudadas, são analisadas ao milímetro, acredito que há ainda e cada vez mais lugar à empatia como motor decisor das nossas acções futuras.É que a empatia dá-nos segurança e a falta dela deixa-nos desconfiados. É um je-ne-sais-quoi que ou se tem ou se não tem. É a primeira impressão que conta, uma química, diferente da simpatia, que é mais racional e fingida se for necessário,por uma questão de educação, de saber viver, de saber estar.
Já a empatia, não se finge, não se consegue. Ela parece que tem vida própria e sussurra-nos ao ouvido se devemos ou não confiar, se estamos ou não em boas mãos. Parte de uma compreensão psicológica do nosso interlocutor e até uma fusão emotiva.
E mesmo que os rácios digam que não, mesmo que racionalmente e pesando todos os pós e contras do assunto, seja ele qual for, a decisão fosse contrária, muitas vezes é a empatia que nos recua ou avança.
Não quero entrar por análises psicológicas e cognitivas que têm com certeza um nome mais pomposo para descrever este tipo de situações. Chamem-lhe afinidade, semelhança, proximidade...
Até gosto da expressão: em-pa-ti-a
Somos humanos... é só isso.